Tite diz ser um "técnico camaleão" e reconhece que precisa equilibrar o Flamengo

No último jogo antes da sonhada folga da Data Fifa, o Flamengo jogou mal e perdeu para o Corinthians por 2 a 1 na tarde deste domingo na Neo Química Arena. O Rubro-Negro ficou mais longe dos primeiros colocados do Campeonato Brasileiro e viu outros concorrentes se aproximarem do G-4. Após a partida, Tite reconheceu que precisa equilibrar o time, mas minimizou mais um gol sofrido na bola aérea:

- Nós temos que procurar o equilíbrio. As minhas equipes são equilibradas, elas não primam por uma ou outra situação. Se eu fosse me denominar, sou um técnico camaleão. Por quê? Porque não posso fazer o que imagino que é o melhor, tenho que me adaptar ao que as equipes têm. Se pegar minha história tem 3-5-2 no Grêmio, 4-4-2 no Caxias, 4-2-3-1, agora tem 4-1-4-1...

- Porque tenho que me adaptar, essa é minha função. E, dentro desses aspectos, equilibrá-la, de uma forma ou de outra. Inclusive de bola parada ou área. Hoje foi aérea, mas teve o cruzamento, teve a qualidade do adversário, do atacante do lado contrário que teve condição de fazer o gol. Foi uma jogada construída, não foi uma jogada de falha. Tem que olhar os dois aspectos.

Questionado sobre o que trabalhar no período da Data Fifa, Tite citou a recuperação dos jogadores:

- Tem que voltar no padrão Palmeiras, padrão Bolívar, padrão Bragantino... Hoje se tivéssemos um pouquinho mais de lucidez na fase ofensiva teríamos feito mais gols. Vai recuperar os atletas machucados e ter um padrão de atuação desses jogos que citei.

Tite, do Flamengo, no jogo contra o Corinthians — Foto: Marcos Ribolli

Veja outras respostas de Tite:

- Vê como é contextual. O nível do Carioca para a gente enfrentar é diferente do nível técnico do Brasileiro. Temos que contextualizar isso tudo, senão fica: ganhou, está bom, perdeu, não está. Se deixar que o calendário determine aquilo que tem que fazer, nós temos que vir e tomar as decisões. Vocês têm que criticar ou elogiar, faz parte do jogo. Apenas informações que não sejam verdadeiras, isso eu cobro muito. A primeira pergunta que aconteceu disse "jogos iguais". Cuidado que tempos de recuperação são diferentes, viagens são diferentes.

- Eu gostaria que o Corinthians tivesse jogado com o time inteiro contra o Juventude, porque ia vir aqui com uma intensidade muito menor. Mas não dá para fazer as duas. Ganhamos a Guanabara e o Carioca, é pouco para o Flamengo , mas estabelecemos como prioridade, e eu me orgulho disso. Queríamos estar melhor, ter vencido hoje? Claro. Poderia ter jogado melhor taticamente, mentalmente, fisicamente... Sim. Não estamos nos isentando. Mas a gente conseguiu classificar na altitude, classificar contra o Palmeiras.. Só pro torcedor entender que não estamos nos isentando. Nós temos que tomar pau e ficar quietos. Pelo menos vir aqui, externar as ideias e buscar com que elas sejam analisadas no contexto.

- E o Corinthians também. A estratégia para trazer um time que não fosse completo lá deixou um time fresco para jogar um jogo mais importante hoje. Nós fizemos isso contra o Botafogo. Era muito difícil, me dói na alma. Seis jogadores eu peguei antes: vão jogar três no primeiro tempo e três no segundo. Planejei metade do tempo o Arrasca e metade o Nico (De la Cruz). Foi seguindo e o Nico não recuperava. O Arrasceta me chamou e disse: "Deixa que eu jogo mais tempo, estou bem". E aí ele machuca com oito minutos. Só para entender que não é uma máquina. E respeitar quando a crítica vem, resultado não vem, faz parte. E faz parte saber que nós tomamos decisões e estudamos para isso.

- Se desorganizar eu associo ao número de oportunidades do adversário no segundo tempo. Não me vem um número grande. Criou bastante o Botafogo, foi. ATé porque ele verticaliza e teve. Hoje, com devido respeito, não. Teve efetividade. Foi uma bola de efetividade num contra-ataque, teve cruzamento do outro lado, uma cavada do Yuri (Alberto) que pegou o jogador do outro lado. A equipe quando vem com bastantes modificações às vezes vai oscilar. E porque do outro lado tem um adversário de qualidade também.

- Primeiro que tenho muito orgulho de estar técnico do Flamengo . Minha carreira tem sido pautada dessa forma. E isso não retira minha gratidão pelo Corinthians. Também não levo em conta os "filho da p..." que eu recebi. Minha mãe não. E esses poucos não são da grandeza e nem da educação do torcedor corintiano. O resto faz parte, é do jogo, está do outro lado. Ele é respeito, é vencer, é a necessidade... A única restrição é respeitar minha mãe, ela está lá no céu, deixem ela quieta. Me xinguem, me mandem para onde quiser. Não cuspam, não teve cusparada nenhuma. Faz parte do jogo, de um grande jogo, Corinthians x Flamengo é emblemático. Tenho muito orgulho de fazer parte e de ter sido escolhido para ser técnico do Flamengo . Essa dignidade é que vai me pautar na trajetória.

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Fonte: Globo Esporte