Teimosia ou convicção? Ceni se fecha em “mundo paralelo” do Flamengo e escolhas dão certo em Brasília

Está no dicionário: teimosia é o ato de insistir, persistir, fazer birra, pirraça; convicção é opinião firme a respeito de algo, com base em provas ou razões firmes; convencimento.

A relação de Rogério Ceni com a torcida do Flamengo nas últimas semanas foi assim. Para uns, as escolhas para a equipe indicavam um cara teimoso. Para o treinador, porém, nunca deixou de ser convicção. E no dilema que gera burburinho a cada divulgação de escalação, ponto para Ceni, que deixa Brasília convicto de que acertou ao apostar em Willian Arão, Diego, Gustavo Henrique e Pepê diante do Palmeiras.

Rogério Ceni comanda o Flamengo em Brasília — Foto: Alexandre Vidal / Flamengo
1 de 3 Rogério Ceni comanda o Flamengo em Brasília — Foto: Alexandre Vidal / Flamengo

Rogério Ceni comanda o Flamengo em Brasília — Foto: Alexandre Vidal / Flamengo

O quarteto, que acostumou-se a conviver com questionamentos, se destacou no 2 a 0 da noite de quinta-feira, no Mané Garrincha, e justificou o apoio do treinador. Em época de arquibancadas vazias, a rede social amplifica as manifestações do torcedor, e quem se precipitou nas postagens antes e durante o duelo com o Palmeiras queimou a língua (ou o dedo).

- Não sou um cara muito ligado em redes sociais. Não baseio minhas escolhas em fatores externos, mas sei que há cobrança. Eu vivo o mundo do dia a dia do CT, da minha casa para o CT. Vale ressaltar os dois jogos sem tomar gols. Isso é importante também - disse Rogério em entrevista coletiva.

Improvisado na defesa, Willian Arão foi absoluto na bola aérea, firme no combate e auxiliou a saída de bola. Contra um adversário que apostava em passes longos e não ia tanto para o choque, o volante interceptou quatro jogadas, travou um chute e acertou 94% em 56 passes. Não à toa, foi eleito no Twitter do clube como melhor em campo.

Ainda no primeiro tempo, Gustavo Henrique substituiu o lesionado Rodrigo Caio e fez dupla com Arão. Muito cobrado por falhas recentes, o zagueiro deu conta do recado e por pouco não fez um gol de cabeça. Ganhou quatro de cinco duelos contra os palmeirenses e impediu ainda o avanço adversário em seis jogadas entre cortes e interceptações, segundo o "Sofascore". De negativo, somente os muitos erros de passe: nove em 57 minutos.

A convicção mais inesperada de Rogério até aqui pelo Flamengo, no entanto, sem dúvidas foi de que Pepê seria útil. E foi. O gol decisivo contra o Palmeiras foi marcado por um jovem de 22 anos que já estava de malas prontas para ir embora do clube que o formou. A impossibilidade de inscrever reforços fez com que o técnico pedisse a manutenção.

Pepê comemora o segundo gol do Flamengo diante do Palmeiras — Foto: Alexandre Vidal / Flamengo
2 de 3 Pepê comemora o segundo gol do Flamengo diante do Palmeiras — Foto: Alexandre Vidal / Flamengo

Pepê comemora o segundo gol do Flamengo diante do Palmeiras — Foto: Alexandre Vidal / Flamengo

Pepê renovou o contrato somente até meado de 2021, mas já recebeu de Ceni mais oportunidades do que com qualquer outro treinador. Das 13 partidas como profissional, cinco foram sob o comando do ex-goleiro, sempre saindo do banco de reservas. O chute de primeira após passe de Pedro coroou a aposta que é reflexo de participações destacadas em treinos no Ninho do Urubu.

Mais badalado, mas não tão menos cobrado, Diego Ribas foi quem saiu para entrada de Pepê e, assim como diante do Goiás, fez uma boa partida. Com Arão deslocado para defesa, o capitão alternou com Gérson a função de primeiro volante e demonstrou sincronia.

Diego Ribas teve boa atuação — Foto: Alexandre Vidal / Flamengo
3 de 3 Diego Ribas teve boa atuação — Foto: Alexandre Vidal / Flamengo

Diego Ribas teve boa atuação — Foto: Alexandre Vidal / Flamengo

Quando Diego subia ao ataque, Gérson protegia a entrada da área e vice-versa. Ambos se destacaram pela capacidade de marcação e deixaram o gramado bastante desgastados.

Com a vitória sobre o Palmeiras, o Flamengo pulou para terceira colocação no Brasileirão, com 55 pontos e um jogo a menos que o Inter, líder com 59, e o São Paulo, vice com 57. Os dois serão os adversários rubro-negros nas últimas duas rodadas da competição.

Antes, porém, o compromisso é com o Athletico-PR, domingo, às 16h (de Brasília), na Arena da Baixada, pela 32ª rodada. Mais um dia de escolhas para Rogério Ceni, seja por convicção ou teimosia.

Fonte: Globo Esporte