A uma assinatura de se tornar o primeiro reforço do Flamengo em 2025 , Juninho vai chegar com a responsabilidade de repor a saída do ídolo Gabigol do clube. Curiosamente, o jogador de 28 anos virou centroavante há duas temporadas, e foi justamente nesse período que ele mais fez sucesso na carreira.
O ge conversou com Vitor Campelos e Marco Alves, dois treinadores portugueses que trabalharam durante dois anos e meio com Juninho no Chaves, em Portugal, e foram os responsáveis por mudar o atacante de posição.
— Nós chegamos aqui e ele era um dos extremos, como dizemos aqui em Portugal, vocês dizem ponta. O Juninho na altura estava praticamente vendido para uma equipe da primeira divisão daqui, depois o negócio não foi para a frente. Para felicidade nossa, ele manteve-se no clube e ajudou-nos a subir para a primeira liga. Era um jogador a quem nós víamos qualidades para jogar nessa posição e sinceramente tínhamos dificuldade em colocá-lo porque o nosso centroavante na altura também tinha muita qualidade. Quando ele teve uma lesão com alguma gravidade, achamos a oportunidade certa para testar o Juninho na posição. E correspondeu totalmente às nossas expectativas. Ele percebeu que, jogando ali, ia ter sempre melhores números que o ajudariam a chegar ainda mais alto — explicou Marco, na época auxiliar e hoje técnico do Chaves.
O centroavante titular naquele período era o espanhol Héctor Hernández, atualmente no Corinthians. No fim de 2022, ele teve uma lesão no joelho que o tirou de combate por quase três meses. Juninho então entrou em seu lugar há cerca de dois anos e manteve a titularidade mesmo após o retorno do companheiro. Assim, ajudou o Chaves a terminar em sétimo lugar na elite do Campeonato Português.
Mesmo sem fazer tantos gols no primeiro semestre de 2023, foram só três e uma assistência em 18 jogos como titular, Juninho se destacou pelas atuações. E seu desempenho o levou para o Qarabag, clube mais popular do Azerbaijão. Perguntado se foi uma surpresa ele ter ido para um mercado alternativo, Marco atribuiu a uma decisão financeira:
— Aqui em Portugal havia clubes que tinham interesse, mas financeiramente Portugal não tem capacidade para acompanhar as ofertas desses países. E o Juninho sempre teve também uma vontade de experimentar esses mercados, seja o Azerbeijão ou mais ao Oriente, como China, Japão ou Arábia Saudita. Surgiu essa oportunidade do Qarabag e ele não hesitou. Era uma oportunidade financeira e para lutar por títulos. E conseguiu muitos.
No Qarabag, o número de gols do centroavante explodiu. Na primeira temporada, foram 31 em 55 partidas. E na segunda, 11 em 25 jogos (veja alguns no vídeo no topo da matéria) .
— O número de gols no Azerbaijão aumentou primeiro porque o Juninho está mais maduro e preparado. E porque o Qarabag joga para ser campeão e com toda a certeza joga sempre com o domínio e controlo do jogo, o que lhe permite criar muitas oportunidades — opinou Vitor.
O nível da liga do Azerbaijão obviamente é inferior aos grandes centros, mas Juninho fez sete gols em 16 jogos da Liga Europa nas últimas duas temporadas e estufou a rede seis vezes em seis partidas da Pré-Champions. Entre as vítimas europeias do brasileiro estão Lyon, da França, Bayer Leverkusen, da Alemanha, e Braga, de Portugal.
— O Juninho é extremamente rápido e finaliza bem. Apesar de ser muito forte a atacar a profundidade, também sabe jogar em apoio num jogo mais associativo — elogiou Vitor.
— Ponto forte é a velocidade. É muito veloz, muito potente. No jogo aéreo, não é um jogador que se encolha ou tenha medo de cabecear ou de dividir, mas pode melhorar — analisou Marco.
Tanto Vitor quanto Marco veem Juninho preparado para voltar ao futebol brasileiro com um status diferente do que tinha no início da carreira, quando passou sem destaque por Athletico-PR, Brasil e Pelotas, Novorizontino, Figueirense e Vila Nova.
— O Juninho está com 28 anos, está preparado, maduro e experiente para qualquer campeonato. Fez uma pré qualificação da Liga dos Campeões fantástica. Agora tudo depende do que o clube pretende dele, da confiança que lhe vão transmitir e da sua adaptação. Se isto acontecer, ele vai dar muitas alegrias aos torcedores — afirmou Vitor.
— Tive oportunidade de treinar o Raphinha quando tinha 19 anos aqui em Portugal. É impossível prevermos até onde eles podem chegar. Tinha toda a certeza que o Raphinha iria ter muito sucesso, fazer uma carreira fantástica, mas dizer que ia ser titularíssimo da seleção do Brasil e do Barcelona não passava pela minha cabeça. Assim como o Juninho, eu não sabia bem até onde poderia chegar, embora achasse que iria ter uma carreira de sucesso. Longe de mim pensar que poderia jogar num clube com a dimensão do Flamengo , mas fico felicíssimo se isso se concretizar — torceu Marco.
No Flamengo , Juninho preencherá exatamente o perfil buscado pelo técnico Filipe Luís: um jogador com características diferentes de Pedro, que seja o centroavante na ausência do camisa 9 e também possa jogar de segundo atacante quando o titular voltar. Veloz, é capaz de executar o movimento do "facão" que consagrou Gabigol no Flamengo , atacando a bola em profundidade. E pode voltar a fazer a função de ponta se precisar.
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