Atacante do Flamengo, Gabriel Barbosa, o Gabigol, foi julgado na manhã desta sexta-feira pela Quinta Comissão Disciplinar do STJD pela expulsão no jogo contra o Bahia, em dezembro, pela 26ª rodada do Brasileirão. Ele foi enquadrado duas vezes no mesmo artigo por ofensas à arbitragem, com possibilidade de pena cumulativa que poderia chegar a 12 jogos de gancho. A decisão do tribunal em primeira instância, porém, foi de absolver o jogador em uma das acusações e aplicar somente uma advertência na segunda.
Apesar da absolvição, a procuradoria ainda pode recorrer. Em casos que entendem necessário, a procuradoria pede o acórdão e analisa com o procurador-geral se recorrem ou não.
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Gabriel Barbosa, o Gabigol, expulso em Flamengo x Bahia — Foto: JORGE RODRIGUES/AGIF - AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/ESTADÃO CONTEÚDO
Advogado do Flamengo, Michel Assef Filho defendeu em sua argumentação que a expulsão foi exagerada. E que, como foi expulso logo aos nove minutos do primeiro tempo, Gabriel já teria praticamente cumprido duas partidas: a própria contra o Bahia e a automática no jogo seguinte.
- É impossível chegar à conclusão com esse vídeo de que o atleta foi ofensivo, ele não falou absolutamente nada. Talvez tenha falado algo a si mesmo, estava de alguma forma esbravejando algo para si mesmo. Mas não em direção ao árbitro. O árbitro está de costas nessa hora, andando em direção ao meio de campo. Ele pode ter ouvido qualquer pessoa. Durante a partida, ainda mais nesse tempo de pandemia, você escuta o estádio inteiro. Você escuta xingamentos o tempo inteiro, o campo de jogo é xingamento o tempo inteiro - disse o advogado.
- Tanto é que, quando está saindo do campo, o delegado relata algo de uma forma distinta da súmula. No relatório do delegado, ele diz: "Após a expulsão do atleta, entre a saída do campo de jogo e acesso ao vestiário, o atleta repetiu diversas vezes que não havia dito nada ao árbitro. Disse "eu não disse nada disso" por diversas vezes. Por fim, em minha avaliação em tom de desabafo, ele disse: "Agora, sim, eu vou falar: Vai tomar no c*" - acrescentou ele.
Auditor relator do caso, Eduardo Mello votou absolvição do atacante do Flamengo no primeiro artigo e advertência no segundo. Ele também concordou com a opinião do advogado sobre o exagero do cartão vermelho.
- O primeiro lance do Gabriel Barbosa, numa falta não marcada próxima à área do Bahia, ele fica sentado, o árbitro olha para ele e depois sai correndo. O "vai tomar no c*" assim jogado não é nada ofensivo, como diz o árbitro. Para mim é um exagero absurdo do árbitro. Se houve um xingamento, deveria ser uma advertência verbal ou no máximo um cartão amarelo - disse Eduardo Mello.
Os auditores Alessandra Paica (RS) e João Gabriel Maffei Balthar (RJ) acompanharam o voto. Gustavo Henrique Caputo (DF) votou pela absolvição integral nos dois artigos. E, por sua vez, Vanderson Maçullo Braga Filho, presidente em exercício da comissão, votou para absolver Gabigol no primeiro artigo e aplicar a suspensão de uma partida no segundo. Ele justificou que as palavras "Agora, sim, eu vou falar: vai tomar no c*" tiveram o tom de deboche e que, por isso, ele merecia a punição.
O Flamengo venceu o jogo com o Bahia por 4 a 3, mas o camisa 9 rubro-negro recebeu cartão vermelho aos nove minutos do primeiro tempo. Flávio Rodrigues de Souza afirmou que o atacante o mandou "tomar no c...". Gabigol ficou inconformado e levou quase cinco minutos para deixar o campo.
Como foi denunciado duas vezes no artigo 258 II do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), que trata de desrespeitar a arbitragem, a pena poderia chegar a 12 jogos de suspensão. Isso porque a denúncia foi feita de acordo com o artigo 184, que determina a aplicação cumulativa das penas no caso de duas infrações.
Além da pena para Gabigol, o STJD também determinou o retorno do processo sobre Bruno Henrique, do Flamengo, que no duelo com o Goiás, pela 11º rodada do Brasileiro, atingiu o rosto do volante Breno, que fraturou o nariz. Antes, a comissão disciplinar havia entendido que não havia motivo para reconhecer a denúncia, pois o lance não fugiu da visão da arbitragem. O caso será analisado na próxima sessão da Terceira Comissão Disciplinar no artigo de jogada violenta, que prevê pena de um a seis jogos de suspensão.