Só sobraram os remédios. E uma estrelinha no céu

Uma estrelinha no céu. Para a pequena Manuela é o que seu tio, Pablo Henrique, se tornou em fevereiro do ano passado. Foi a maneira que a família do zagueiro encontrou para explicar sua morte à menina de apenas quatro anos.

— Ela era muito apegada ao tio. Sempre pergunta por ele, o chama. Já a levamos até ao psicólogo. Falamos para ela que ele virou uma estrelinha. Ela diz que quer ser uma também para estar perto dele — conta Wedson Cândido, pai do jovem morto aos 14 no incêndio do Ninho do Urubu, que completa um ano amanhã.

Lidar com a perda de Pablo não é um desafio apenas para Manuela. Wedson e Sara Cristina tiveram que recorrer aos remédios para seguir em frente. Se é que se pode dizer que eles conseguiram.

— Há um ano que tomo remédio. Contra depressão, contra pressão alta, para controlar a glicose... Até para dormir eu preciso deles. Não sei mais o que é ter uma noite tranquila de sono — desabafa o pai do menino.

Caminhoneiro, Wedson Cândido não exerce a profissão em decorrência dos problemas de saúde. Com Sara não é diferente. Assim como o marido, a cozinheira está sem trabalhar desde que perdeu o filho. Em Oliveira-MG, os dois vivem com a pensão que o Flamengo paga mensalmente por determinação da Justiça e da ajuda de amigos e da filha Camila, dez anos mais velha que Pablo.

— Só Deus sabe como a gente leva em frente — resume Sara Cristina.

O último ano poderia ter sido diferente. De conversas ao telefone todas as noites, quando Pablo sempre ligava para pedir a benção dos pais, e de celebração com os passos dados no Flamengo, onde ele estava há apenas seis meses. A reviravolta ocorrida na madrugada de 8 de fevereiro só deixou tristeza. E mágoa com o Flamengo.

— Descaso total. Parece que eles não têm interesse em resolver, que os nossos filhos não tinham valor — afirma Wedson, um dos pais que ainda não chegou a um acordo com o clube.

Fonte: Extra
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