Sem alvará na Gávea, Flamengo corre para regularizar CT e evitar interdição

O Conselho Diretor do Flamengo se reúne hoje para definir um posicionamento sobre a utilização do seu Centro de Treinamento daqui em diante. A diretoria até agora decidiu não tirar o futebol das instalações mesmo sob risco de multa nos últimos dias. A estratégia é se debruçar sobre a lista de exigências dos órgãos públicos para regularizar tudo o quanto antes, e evitar a interdição. Na sexta-feira, o fechamento do Ninho do Urubu foi pedido novamente pela Prefeitura do Rio e autoridades presentes em reunião no Ministério Público do Rio.

Um dos motivos para tentar evitar a interdição é que não há uma alternativa de local de treinos para os profissionais no mesmo nível do CT. Segundo O GLOBO apurou, a sede da Gávea, na Zona Sul do Rio, que possui até um bom campo para treinamentos, também não tem o alvará em dia, constatou a nova diretoria rubro-negra. O local, que ainda não foi visado pelas autoridades, requer um sistema de prevenção de incêndios adequado, e reforma das suas instalações elétricas.

Após uma vistoria na semana passada no Ninho do Urubu, o Ministério Público conseguiu junto à Justiça que crianças e adolescentes não utilizassem mais as instalações para dormir e treinar. O Flamengo acatou a decisão após ser notificado, já que a base está em recesso desde que houve o incêndio que matou dez atletas da categoria. Não há previsão de retorno para os garotos.

Enquanto isso, as investigações sobre as mortes prossegue. Na última sexta-feira, quando o Flamengo recebeu a lista de pendência das autoridades para se adequar, funcionários do clube prestaram depoimento à Polícia Civil. Assim como representantes da empresa NHJ, que era a fabricante dos módulos usados pela base como alojamento. De acordo com o “Fantástico”, da TV Globo, não houve consenso nas explicações do clube e da empresa sobre a manutenção dos ares-condicionados, cuja pane elétrica se tornou a principal linha de investigação para explicar a tragédia.

O programa teve acesso aos depoimentos do diretor Marcio Garotti, responsável pelas finanças do Flamengo desde a última gestão, de Marcelo Sá, diretor de patrimônio também desde a administração anterior, e de Claudia Pereira Rodriguez, representante da NHJ, fabricante do contêiner.

Garotti informou que "os módulos eram entregues com as instalações elétricas e hidráulicas prontas, cabendo ao clube fazer as ligações à rede externa". Sá informou o mesmo. O diretor financeiro reiterou que a NHJ era a responsável pela manutenção dos aparelhos.

Segundo ele, "inclusive as manutenções elétricas e hidráulicas, não havendo sequer autorização para as equipes de manutenção do clube realizar qualquer tipo de manutenção neles, nem emergenciais", disse em depoimento, segundo a apuração do Fantástico.

Cláudia Pereira Rodriguez contou à polícia que após entregues os módulos, há o serviço de manutenção oferecido pela empresa, tanto nas instalações elétricas, hidráulicas, bem como estruturais". Contudo, o serviço "é cobrado e depende de acionamento por parte do cliente, não existindo previsão contratual para fiscalização ou manutenção periódica e preventiva". A representante ainda afirmou que "a empresa não utiliza sistema de prevenção de incêndio, pois depende muito da destinação dada para ao módulo pelo cliente", PORQUE O "sistema fica a cargo do cliente".

Hoje, o Flamengo volta a treinar no Ninho do Urubu. Mas não divulgou a programação para a imprensa.

Fonte: O Globo