O Flamengo tinha para o ano de 1995 o planejamento de fazer daquela temporada histórica. Centenário do clube, o então presidente Kleber Leite reuniu craques como Sávio, Romário e Edmundo para vencer tudo o que fosse disputar. Mas nada deu certo.

O ‘melhor ataque do mundo’, como foi apelidado o trio pela torcida, virou o ‘pior ataque do mundo’. Eles fizeram pouquíssimos jogos, não emplacaram no clube, que vivia um momento de pouca organização e falta de coletividade, como o próprio Sávio relembra, em entrevista exclusiva ao ESPN.com.br .

"Esse é um exemplo muito claro de quando falo que só talento individual não resolve. Em 1995, tive uma experiência muito ruim, mas me ensinou muito, principalmente na minha sequência da carreira no futebol europeu. Tinha ali um ataque comigo, Romário, Edmundo, mas não tínhamos um elenco forte”, disse Sávio.

“Foram alguns talentos individuais que, infelizmente, não deram certo no campo. Porque a parte externa era muito ruim. Não tivemos uma estrutura dentro do clube, não tivemos uma comissão técnica capacitada e profissional, que desse suporte, que trabalhasse os jogadores, que desse a eles o máximo e que pudesse tirar o máximo em prol do grupo, não tínhamos uma estrutura física, era constantemente a parte externa também, a falta de salários. Era todo um componente ruim. A nível esportivo foi ruim”, completou.

Na época, Sávio vivia grande momento com a camisa rubro-negra, enquanto Romário havia sido contratado como melhor jogador do mundo. Último a chegar, Edmundo vinha credenciado de excelentes temporadas pelo Palmeiras e foi recebido por carro de bombeiros. No entanto, a passagem relâmpago do trio não deixou saudades.

“Claro, quando traz o Romário, o Edmundo, a torcida e a imprensa esperam um resultado maravilhoso, principalmente sendo o centenário do clube. Não deu certo porque era todo um entorno, um conceito de trabalho que não fez dar certo. Claro, para mim, com 21 anos ainda, me firmando como jogador do Flamengo, foi muito triste. E, com 21 anos, minha expectativa era muito grande, houve uma frustração interna. Mas, me acostumei com o que era o futebol. Tinha tudo para dar certo e, quando não deu, tínhamos que seguir na batalha", explicou Sávio, garantindo que tomaria outras atitudes em relação ao momento em que viveu no clube carioca com as estrelas.

"Hoje, com a cabeça que eu estou, mudaria muitas coisas. É difícil, eu era muito jovem, vivíamos uma expectativa muito grande, chegada de Romário e Edmundo, centenário do clube. Se eu tivesse uma cabeça mais experiente, teria feito algo diferente, algo mais. Tentado conversar com Romário, Edmundo, gestão do clube, comissão técnica. Quando somos jovens, é difícil. Naquela época, só queria colocar a camisa do Flamengo, entrar em campo e fazer meu melhor. Muitos problemas e, individualmente, se cada jogador tivesse feito um pouco mais, teria dado certo".

"Aquele ano de 1995, na verdade, se pegar bem o trio junto, foram poucos jogos. Então a gente não teve uma regularidade, nem muito tempo de entrosamento. Alguns problemas físicos, alguns pessoais naquela época. Eu, na época, não era um jogador de falar muito, fazia meu trabalho, era silencioso e tranquilo. Também não tinha essa abertura para trocar ideia. Então, acho que chegou a ser um momento que era cada um por si. Isso realmente dificultou bastante aquele ano de 1995", finalizou.