Sem um plano claro da CBF para o ciclo da Copa do Mundo de 2026, a seleção brasileira que hoje luta pela classificação parece fadada a se forjar a partir da tentativa e erro. A atuação sem brilho na vitória diante do Equador deixa claro que o técnico Dorival Junior terá a missão de criar uma identidade de equipe enquanto busca resultados.
— Estamos em um momento reconstruindo uma equipe. Era importante que vencêssemos, não importava a forma que aconteceu — afirmou o treinador.
Alçado ao cargo desde o começo de 2024, Dorival bate desde janeiro nessa tecla. Após observações no futebol internacional e dos clubes brasileiros, buscou uma série de experiências, deu chance a destaques caseiros, mas até agora não encontrou uma cara dentro de campo, apesar do bom ambiente nos bastidores.
Não se pode dizer, porém, que o técnico e a direção da CBF não estão tentando. Enquanto o trabalho é questionado pelas atuações, Dorival segue invicto, com quatro vitórias e cinco empates, e não se esconde atrás de nomes badalados do Brasil, com testes a cada convocação. Falta até agora, porém, consistência e convicção para que os melhores permaneçam e crie-se uma ideia de jogo clara.
— Não fizemos alterações para guardar o resultado, queríamos mais, mas a equipe adversária foi competente. Em momento algum passamos por dificuldades na partida e não fomos atacados. Eles tiveram posse de bola, mas não criaram. Acho que tudo é questão de tempo —, completou Dorival, mais uma vez citando a corrida contra o relógio.
Depois do jogo com o Paraguai, terça-feira, em Assunção, apenas o segundo do treinador nas Eliminatórias, o Brasil já poderá contar com o retorno de Neymar na próxima convocação. O craque sempre é lembrado em função da falta de brilho individual de quem deveria chamar a responsabilidade em seu lugar, sobretudo Vinicius Junior, mais uma vez apagado.
— Na primeira reunião do Dorival na Inglaterra, ele disse que tínhamos que dividir a responsabilidade. Durante muito tempo na Seleção, a responsabilidade ficou só com o Neymar. Todo mundo sabe que ele é nosso melhor jogador, tem lugar garantido no grupo, mas temos que dividir as responsabilidades — afirmou Rodrygo, autor do gol sobre o Equador, e melhor jogadores dessa era Dorival Fora ele, o rodízio de peças em todos os setores é constante, e falta uma evolução coletiva. O que motiva a aparição de novos nomes que surgem como salvadores da pátria.
—Sou muito novo, tenho apenas 23 anos, mas sou um dos mais experientes do grupo. Vimos o Estevão hoje com 17... então, cada um sabe do seu papel, esse é o caminho. Quando todos estiverem bem, conseguiremos grandes coisas — disse um esperançoso Rodrygo.
Defesa se sobressai
No meio de vaias e críticas, o trabalho segue tendo como ponto forte a questão defensiva. Mais uma vez o Brasil não levou gol. O goleiro Alisson só foi exigido uma vez. Danilo, Marquinhos, Gabriel Magalhães e Guilherme Arana tiveram bom aproveitamento. ASsim como André, que aproveitou a chance no lugar de João Gomes. Bruno Guimarães, por outro lado, seguiu mal e foi vaiado. A razão era óbvia: ex-jogador do Athletico-PR, o meio-campista voltava a jogar em Curitiba pela primeira vez. Titular absoluto da Seleção neste ciclo, Bruno também enalteceu o resultado.
— Com certeza os olhos não brilharam para a atuação hoje, mas a gente vem de quatro resultados negativos, com a camisa da seleção a gente tem obrigação de ganhar, a gente sabe disso, então o que valeu hoje foram os três pontos. Como a gente falou ali dentro, a gente sabe que tem que melhorar e ganhar, não importa, a gente tem que dar um jeito de ganhar os jogos e hoje foi uma prova que mesmo não jogando bem a gente consegue ganhar, fundamental até para dar um respiro para o Dorival, apesar de ser o primeiro jogo dele nas Eliminatórias – declarou.