O projeto de mudança do nome do Maracanã para "Estádio Edson Arantes do Nascimento - Rei Pelé", aprovado pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) e que espera a sanção do governador em exercício, Cláudio Castro, é o último nível do desprezo dos políticos pelo jornalismo.
Relegar Mário Filho ao complexo esportivo no entorno do Maracanã, que engloba o Maracanãzinho e o estádio de atletismo Célio de Barros, é jogar na lixeira da história todo o esforço do jornalista, irmão de Nelson Rodrigues, para a construção do templo maior do futebol brasileiro.
Um dos primeiros repórteres esportivos, cofundador do "Jornal dos Sports", enorme colaborador da popularização do esporte, inclusive o termo "Fla-Flu". Além do papel fundamental na campanha para erguer o Maracanã. Autor de "O Negro no Futebol Brasileiro" e idealizador do Torneio Rio-SP e do primeiro desfile competitivo das escolas de samba .
Mas como era jornalista, "nunca chutou uma bola" e não está mais vivo para se defender, nem aparece nas redes sociais, deixa de merecer a homenagem. O estádio em seu formato atual ganhou mais conforto e segurança, porém se elitizou e, por isso, foi descaracterizado. Virou outra coisa que provavelmente entristeceria Mário Filho.
Então este que escreve deixa aqui humildemente sua opinião: já que é para mudar nome de estádio, por que não tirar o "Mané Garrincha" do maior estádio de Brasília/DF e colocar o "Pelé", que sempre foi próximo dos poderosos, como mostra o documentário sobre o "Atleta do Século" na Netflix?
Assim o Mané, que fez a alegria de tantos no Maracanã e história no Botafogo, clube da cidade, poderia voltar para casa com uma justa e belíssima homenagem. Agradaria o Mário Neto, o neto de Mário Filho que se pronunciou oficialmente em nome da família, e talvez até o próprio jornalista. Que tal?
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Imagem: Alexandre Vidal/Flamengo