Jorge Jesus e Flamengo fizeram um casamento perfeito no período em que ficaram juntos. Cinco títulos ( Brasileirão , Libertadores , Supercopa do Brasil , Recopa Sul-Americana e Carioca ), apenas quatro derrotas e uma idolatria para o resto da vida. Em julho do ano passado, o português retornou ao Benfica , mas, desde então, lembra costumeiramente da passagem pelas terras cariocas.

O ESPN.com.br relembrou dez momentos em que o Mister se recordou dos momentos vividos no Flamengo e no futebol brasileiro. Seja para falar de salário, de estilo de jogo, chances de ser campeão e, claro, da torcida rubro-negra.

Quando trocou o Flamengo pelo Benfica, Jesus explicou que o dinheiro não foi o diferencial. Segundo ele, o salário do time carioca era maior do que o do Benfica.

“Não vim para melhorar meu contrato salarial, vim para ganhar menos dinheiro que ganhava no Flamengo. Vim para o Benfica porque acredito em um projeto, porque acredito que essa nação tem todas as condições de fazer o Benfica grande, recuperar o prestígio internacional que teve durante muitos anos”, disse o técnico em seu pronunciamento inicial.

Logo nos primeiros tropeços que teve no Benfica, ele foi questionado sobre um arrependimento da volta. E resposta foi reta e direta. “Estou convencido de que o Benfica fará uma equipe forte e com grande qualidade. Não estou arrependido. Isso nunca passou pela minha cabeça”, disse Jesus após a precoce eliminação na Champions League.

Também logo em seu início, Jorge Jesus foi apontado como trunfo do Benfica para tirar jogadores do Flamengo. Willian Arão, Bruno Henrique e Gerson foram os mais cotados. E o Mister não deixou de comentar sobre o assunto.

“Quer dizer que o Flamengo tem grandes jogadores, mas sou grato às pessoas que me amam e me amaram. O Flamengo e aqueles jogadores estão no meu coração. Não foi fácil quando saí e vim para o Benfica, e eu não quero mexer mais em assuntos ligados ao clube. Não pedi nenhum jogador do Flamengo ao nosso presidente”, disse o treinador.

A qualidade do elenco rubro-negro também foi tema de alguns discursos do treinador já no Benfica. Segundo ele, o time carioca era top 5 do mundo.

“Se me perguntar onde é que eu coloco o time do Flamengo em termos de valor, na América Latina e no Brasil é a melhor de todas, e no mundo está entre as três, quatro melhores. Tanto é assim que fomos a uma final do Mundial de Clubes e perdemos para o Liverpool na prorrogação, onde não vi diferença nenhuma, senão o fato de termos mais 40 jogos do que eles”, disparou.

O Mundial de Clubes foi citado em uma outra entrevista. Mas, desta vez, para comparar com o atual cenário do Benfica. Se no Flamengo as chances de levantar o caneco mundial eram palpáveis, ele não acredita no feito com os portugueses.

“Neste momento estava numa fase da minha carreira em que podia ser campeão do Mundo. Se tivesse sido, seguramente que era mais muito mais valorizado, porque tinha ganho todas as competições internacionais. É uma diferença grande como é óbvio. Em Portugal não vou ganhar a Champions, tenho a certeza disso, principalmente este ano em que nem lá estamos. A diferença é enorme”, explicou o português.

E o coração do Mister de fato ficou no Brasil. Em uma outra entrevista, ele deixou claro que não vai conseguir apagar a passagem que teve no Flamengo. Questionado se um dia voltaria, ele despistou.

“Me falta ganhar uma Champions League e também ser campeão mundial. Com o Flamengo foi por pouco. Nunca mais esquecerei o Brasil", afirmou Jesus, que preferiu não cravar que continuará o restante da carreira em Portugal.

"Não posso dizer hoje que vou acabar a minha carreira em Portugal. Se ainda vou para o exterior mais uma vez? É a minha vida, minha carreira, então nunca se sabe', despistou.

Recentemente, ele exaltou o nível de competição no Brasil. Destacou o Brasileirão e, claro, suas conquistas em solo brasileiro.

“Eu vim do futebol mais evoluído do mundo. Cinco vezes campeões do mundo, tem os melhores jogadores do mundo. E se o campeonato fosse transmitido aqui como é a Premier League, vocês veriam qual era o melhor”, disse Mister, completando.

“Eu vim do país que o plantel foi feito em outra perspectiva da COVID-19. Em vez de termos 20 jogadores, não podemos ter 20, devemos ter 27 ou 28. Exatamente isso que o Benfica fez, um plantel com mais quantidade por conta da COVID-19. Já disse que tive mais de uma dezena de jogadores infectados no Brasil porque preparamos e ganhei tudo. Só não ganhei o Mundial, o resto ganhei tudo", disse o treinador.

Durante a semana da eleição do prêmio The Best, da Fifa, Jorge Jesus não esteve presente entre os melhores treinadores. Segundo ele, isso seria possível se continuasse o trabalho que fazia com o Flamengo.

“Se tivesse continuado neste momento... Era mais fácil”, respondeu, para completar.

“Apesar de no Brasil não ter terminado este ano nenhuma competição importante. Não dá para garantir. Esses prêmios dos treinadores são em função dos títulos que ganha internacionalmente. No Brasil, nem a Libertadores, nem a Sul-Americana foram decididas, penso que não é por aí que estaria incluído”, explicou o treinador.

Quando perdeu a Supertaça para o Porto, no fim do mês passado, Jorge Jesus foi questionado sobre o fracasso diante do rival. E é claro que o comandante relembrou o início pelo Flamengo, quando foi eliminado pelo Athletico-PR logo em seu terceiro jogo.

“O meu começo no futebol brasileiro também não foi fácil, também perdi a primeira decisão no Flamengo. Só que eu tinha três semanas de trabalho, aqui tenho cinco meses. Estamos trabalhando em cima das nossas convicções, na melhor qualidade individual da equipe para ter uma equipe mais forte coletivamente e conhecendo cada vez melhor os momentos do jogo", disse Jesus.

A última vez em que relembrou do Flamengo foi no último fim de semana. Em entrevista coletiva, ele admitiu que sente muita falta da torcida rubro-negra, principalmente pelo fato de que em Portugal, ainda pela pandemia da COVID-19, o público ainda não voltou.

“Tenho 30 anos de treinador, estive em um país em que fui aplaudido de pé em todos os jogos e eram 70 mil torcedores. Os resultados influenciam se é ou não aplaudido”, finalizou.

Essas foram algumas das declarações de Jorge Jesus já no Benfica que envolviam o Flamengo e o futebol brasileiro. Longe dos microfones, também era de se esperar que o Mister comentasse muito sobre o período de ouro que viveu no Rio de Janeiro. E quem confirmou isso foi o ex-jogador Rui Costa, que é dirigente do clube português.

“Quando você está fora de Portugal, e eu já estive, estar em casa é algo aliciante. Eu não participei diretamente na negociação dele, mas o Jorge já explicou várias vezes que o poder de convencimento do projeto do Benfica fez com que ele voltasse. Posso salientar que ele fala diariamente do Brasil com um carinho tremendo, fala do Flamengo todos os dias também com um carinho tremendo, e isso é sempre bom. Ainda sobre o retorno dele, é como ele bem explicou, foi pela convicção no projeto do Benfica e no nosso presidente”, disse o ex-meia.