O Flamengo venceu novamente o Grêmio nas semifinais da Copa do Brasil - 1 a 0, gol de pênalti de Arrascaeta, nesta noite de quarta-feira, no Maracanã. No placar agregado, 3 a 0 contra os gaúchos. O time de Jorge Sampaoli vai disputar o título da edição 2023 da competição contra o São Paulo.
Numa coletiva mais franca do que o habitual, o treinador argentino falou de pressão, de ambiente e colocou em dúvida até mesmo a sua presença na final daqui a um mês. Não por falta de vontade, mas pela imprevisibilidade do futebol.
- Aqui (no Flamengo ) um mês é como se fosse um ano - afirmou.
Sampaoli em Flamengo 1 x 0 Grêmio — Foto: Thiago Ribeiro/AGIF
Em busca do pentacampeonato, o Rubro-Negro vai enfrentar o Tricolor Paulista em dois jogos que serão realizados nos domingos de 17 e 24 de setembro . O sorteio de mando de campo ainda vai ser realizado pela CBF.
Na coletiva de imprensa, o treinador não foi questionado sobre a briga entre Gerson e Varela às vésperas da partida, mas deixou vários recados no ar. E para interpretação livre.
- O futebol é um circo romano quente. As pessoas vêm para levantar o polegar ou abaixar, não há meio-termo. Quando se fala de violência, isso é muito violento. As pessoas precisam dessa violência para viver, somos parte disso - disse o treinador.
Quando foi questionado sobre a conversa com Pedro, disse que era assunto interno sobre o qual jamais explanaria. No início das respostas aos jornalistas, falou da sensação de chegar na final.
- Chegar em final com a sequência de jogos que vínhamos tendo é muito importante. O time jogou muito melhor do que vinha sendo nos últimos tempos. Então estou feliz com isso - comemorou o treinador.
No entanto, refletiu sobre a pressão no clube em um ambiente contaminado de brigas - literais, como a que levou seu ex-preparador físico a deixar o clube, e entre dois jogadores de seu elenco - e evitou projetar a final contra o São Paulo com franqueza quase desconcertante.
- Temos que jogar como hoje para competir contra um time que está em um momento de crescimento. Tem que ver o que acontece daqui a um mês. Aqui (no Flamengo ) um mês é como se fosse um ano. "A lo mejor" (nota da redação, expressão que pode ser traduzida livremente para "se bobear") , nem estarei aqui. Futebol é isso, é sangue. Hoje sabemos que São Paulo tem um nível altíssimo. Há cinco rodadas não tinha. Tem que ver como eles chegam, como chegaremos nós. Esperamos que hoje seja um ponto de partida para que nós possamos competir contra um time que tem jogadores muito bons e um grande treinador - comentou Sampaoli.
A comemoração coletiva
Sobre a comemoração, com jogadores mostrando carinho e o abraçando, dando tapas na careca do técnico, o argentino considerou manifestação normal. E respondeu de duas maneiras. Na primeira delas, simplificou o assunto.
- Foi uma sensação de alegria pelo momento de quando fizemos o gol. É uma classificação à final, é normal a alegria com os jogadores com uma classificação, que acredito que nem você, nem a torcida esperava. É uma descarga de alegria pela final - afirmou Sampaoli.
Depois, foi mais profundo e deixou reflexão para além do que vê no Flamengo . Parecia tratar do que vê no futebol de maneira geral. Da função de treinador.
- A união é importante, mas é mais importante quando as coisas não saem (bem). Na vida, no futebol, normalmente as coisas saem menos bem do que saem bem. Então aí que se vê realmente o ser humano, quando as coisas não funcionam. Quando a coisa vai bem, quando faz o gol, o festejo é normal. *Com certeza, a solidão do treinador, na derrota, teria acontecido hoje também. Creio eu que a decisão de um treinador, a tomada de decisão de um treinador está vinculada à área que é a projeção e a execução é outra área com a qual eu não chego até lá. Se tenho amor pela forma de jogar, de treinar, à qual o time está tentando, às vezes pode acontecer, às vezes não pode, pela transição que estamos fazendo no Flamengo , depois de uma grande crise antes da minha chegada. Então pode acontecer, como pode não acontecer. Então, estamos tentando por todos lugares. Estamos tentando convencer grupo de jogadores que atua de determinada maneira, isso demanda tempo, algumas vezes acontece rápido e às vezes não acontece nunca.
Mais da coletiva
Volta de Pulgar
- Pulgar é um volante fixo que nos dá muito equilíbrio. Quando ele joga, o time tem muita compensação e muita saída de bola, então optei por ele. Deixou de jogar pela lesão. Sinceramente, para mim, ele é muito importante.
Conversa com Pedro
- Não falo das situações privadas. Não falo. Tenho uma relação com os jogadores para que tudo aconteça dentro da normalidade no tempo que eu penso como condutor. As palestras privadas, não menciono.
Duelo com Dorival
- Não gera tensão enfrentar Dorival porque ele já ganhou um título com o Flamengo . Me gera tensão que o Dorival tenha um time extremamente competitivo. Vi uma parte do jogo contra o Corinthians hoje e realmente foi muito superior (São Paulo). Será uma final muito difícil, uma final na qual, para mim ,é importante disputar pelo Flamengo daqui a um mês.
Rodrigo Caio
- Rodrigo é um profissional que tem sofrido muitas lesões na carreira. Agora, está melhorando, está ótimo, tem que disputar o lugar com David, Fabrício, Léo... inclusive Pablo, que tem jogado menos. É uma escolha de perfil. É uma decisão técnica e tática. Se ele evoluir, é um jogador que tem muita qualidade, e que pode ajudar no futuro.
Dificuldade de manter ritmo
- Emocional. Se o time tem a emoção que teve hoje para jogar futebol, com erros ou acertos, pedindo 90 minutos de pressão e correndo, seguramente será competitivo. Se alterna essa capacidade, seguramente será vulnerável.
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