Rogério Ceni revelou qual o time que mais admira hoje no mundo, elogiou os Jorges Sampaoli e Jesus, especialmente o primeiro, e deixou claro que vê muita importância em se dividir aprendizado.

Embora veja muita qualidade nos comandantes argentino e português de Atlético-MG e Flamengo , respectivamente, disse que o que mais segue e tenta reproduzir é outro, um italiano.

Avisou que sempre vai tentar ter a bola, a posse, mesmo contra times de maior poder técnico e financeiro. E deixou claro: "Em lugar algum irei trabalhar para defender o emprego, mas para ter prazer no meu trabalho."

Tudo isto e muito mais na segunda e última parte da entrevista que deu ao jornalista da ESPN Brasil Mauro Cezar Pereira em seu blog no portal UOL .

Abaixo, você lê algumas das perguntas e respostas da mesma.

Então você não admite jogar fechado, somente se defendendo, como muitos vêm fazendo no Brasil nos últimos anos, até mesmo com bons jogadores à disposição. É aquela história de "defender o emprego"...

Eu não preciso, graças a Deus. Obtive relativo sucesso como atleta e em lugar algum irei trabalhar para defender o emprego, mas para ter prazer no meu trabalho. Fui goleiro e trabalhei lá atrás por muito tempo. Posso afirmar que é muito mais divertido jogar lá na frente. Jogamos ofensivamente muitas vezes aqui, com até quatro velocistas, jogadores que tenham essa percepção. Na minha visão, não tenha a qualidade de posse de bola que diante de alguns times vou encontrar. Mas o desequilíbrio e a velocidade podem me ajudar. Tento ir no contraponto dos times com maior capacidade financeira.

E sobre Jorge Sampaoli e Jorge Jesus?

Claro que o Jorge Jesus manteve 70%, 80% do time, mas o Flamengo também ofereceu toda a estrutura e dinheiro para contratações de jogadores fantásticos. Já Sampaoli tinha menor investimento, sempre teve que subir uma hora ou mais de ônibus para pegar avião. Mas teve muita intensidade o jogo dele. Eu gosto muito do Sampaoli, em 2017 passei uma semana vendo o trabalho dele em Sevilla, foi um orgulho poder enfrenta-lo com o Fortaleza e vencer o Santos, como derrotar o Cruzeiro. E não acho demérito nenhum acompanhar trabalhos com quem faz sucesso. Dividir aprendizado é muito importante, somente assim a gente cresce. Jogador precisa ter confiança, e treinador deve ter conceito.

Qual o time que você admira mais hoje?

O Borussia Dortmund do Klopp não tinha a condição econômica do Liverpool . Os jogadores do Klopp hoje são melhores e o trabalho dele se destaca mais. Gosto da posse, mas não tenho nem campo para trabalhar como o time do Guardiola. Gosto de ter a posse com possibilidade de chagar na frente e furar as linhas, ou chegar no mano a mano em boas condições. A maneira de ver o jogo que o Liverpool vem mostrando tem isso tudo. Mas tem o campo, o gramado do Camp Nou tem 0,8 milímetros de altura. Venha aqui no Castelão jogar quando chove. E é um estádio de Copa do Mundo!

Você foi acompanhar jogos na Europa, tinha dois estrangeiros em sua primeira comissão técnica, no São Paulo. Desde o começo teve iniciativas não muito comuns por aqui. Qual o perfil de treinador que espera atingir? Quando?

Essa avaliação de quando está maduro, infelizmente não é sua, não é você quem dirá isso, mas os resultados e as conquistas. Claro que no Fortaleza ser campeão brasileiro é muito difícil, mas fortificar um trabalho lhe traz novos conhecimentos. No São Paulo jogava de um jeito, aqui de outro. E mudamos para 2020, às vezes com uma folha de R$ 800 mil por mês você pode ganhar a Série B. Eu gosto muito do Ancelotti, tanto que minha rotina de treinos é muito baseada naquilo que ele faz, trabalho de força, resistência, parte técnica... Quando tenho esses intervalos para trabalhar... E o Michael [Beale, inglês que foi seu assistente no São Paulo] tinha muita influência dele, tento seguir essa metodologia de trabalho.