O Flamengo tem uma grande indefinição no momento: quem deve ser o titular do gol, Hugo Souza ou Diego Alves?

De um lado, Hugo, que é prata-da-casa, vive momento espetacular, comprovado em sua atuação histórica contra o Athletico-PR, na última quarta-feira, pela Copa do Brasil . Do outro, Diego Alves, que retornou aos treinos após lesão no ombro e contaminação por COVID-19, é um dos líderes do elenco, e foi decisivo nas conquista do Brasileiro e da Conmebol Libertadores em 2019.

Na opinião do ex-goleiro Roger, campeão brasileiro em 1992 e também bicampeão carioca pelo Rubro-Negro, não há qualquer discussão: Hugo Souza é o "dono" da posição.

Em entrevista à ESPN , o ex-atleta, que hoje participa do programa esportivo "Boleiros na resenha, no YouTube , ainda disse que vê como um "erro" se o Fla renovar o contrato de Diego Alves - atualmente, clube e jogador seguem discutindo uma ampliação do vínculo, mas nada foi assinado.

"Eu não tenho papas na língua e, sendo bem sincero, esse movimento de renovar com o Diego Alves é muito errado. Com certeza o Domènec (Torrent, técnico do Flamengo) deveria manter o Hugo como titular e não renovar com o Diego", apontou.

"O Hugo não tem a experiência do Diego, mas tem a mesma qualidade e mesma competência. É um moleque novo, que está começando agora e que todo jogo terá uma grande responsabilidade, mas ele dá conta", assegurou.

Para Roger, a renovação de Diego Alves seria prejudicial para Hugo, pois diminuiria sua confiança.

"Não tem qualquer necessidade de mantê-lo no elenco. Essa situação inclusive aconteceu comigo quando eu jogava, e traz muita insegurança a um garoto. O Hugo mostrou muita personalidade, mas, querendo ou não, você tendo no banco uma sombra como o Diego Alves traz muita insegurança. Você entra em campo pensando que não pode errar, porque senão com certeza vai perder a posição. E é isso que faz cometer o erro", explicou.

"Foi exatamente isso que aconteceu comigo. Eu tinha sido campeão carioca invicto em 1996, fui o goleiro menos vazado e joguei muito bem. Aí trouxeram o Zé Carlos, que era ídolo da torcida, experiente e campeão de tudo no Flamengo. E o treinador da época era o Júnior 'Capacete', que tinha sido campeão com ele como jogador. Imagina a insegurança que isso me trouxe", salientou.

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Também revelado na base do Flamengo, assim como Hugo, Roger vê diversas semelhanças de trajetória entre ele e a nova joia rubro-negra.

"A ascensão do 'Neneca' [ apelido de Hugo Souza ] é muito gratificante de ver, porque foi parecida com a minha. Ele começou na base e foi subindo degrau por degrau, pegou todas as categorias inferiores e também da seleção. Eu também fui assim, e inclusive foi vice-campeão do Mundial sub-20 de 1991 com o Brasil", lembrou.

"Depois, eu subi para o profissional com o Gilmar Rinaldi pegando tudo, e eu tive que esperar pacientemente pela minha vez", contou.

Roger diz, no entanto, que hoje a equipe da Gávea é muito mais organizada que no início dos anos 90, quando ele passou por lá.

"A grande diferença que eu vejo entre a minha subida e a do Hugo é que ele pegou um time muito entrosado e numa crescente. Quando o Gilmar saiu do Flamengo, depois do Brasileirão de 1992, a gente sofreu muito com a instabilidade do time, principalmente no ano do 'ataque dos sonhos'. O Flamengo não ganhava nada importante e vivia muitos altos e baixos", recordou.

"Agora, o 'Neneca' pegou o time muito estável e forte. Isso favorece o goleiro aparecer bem, porque, por mais que você tome gol ou cometa falha, o time vai lá e vira o jogo. Isso é muito importante e eu tenho certeza que o Hugo vai dar muito certo", apostou.