Muito já se falou sobre o lendário time do Millonarios - rival de estreia do Flamengo na CONMEBOL Libertadores nesta terça-feira (2), com transmissão ao vivo pela ESPN no Star+ - no final dos anos 1940 e início dos 1950. Era um esquadrão liderado pelo craque Alfredo Di Stéfano e recheado de jogadores provenientes do River Plate em uma manobra que desprezou as regras de transferências da época.
O chamado ‘Ballet Azul’ chegou a ser apontado como a melhor equipe do mundo e deu ao clube o codinome de ‘Embaixador’, por representar o futebol colombiano na Europa. Mas a realidade do momento é outra.
O Millonarios é há mais de uma década um clube empresa, o que chamamos no Brasil de SAF. E a lei que possibilitou a transformação dos clubes associativos em S/A chegou mais cedo à Colômbia, mais precisamente em 2011.
Naquela época, o advogado Gustavo Serpa, que morava em Nova York, nos Estados Unidos, foi convencido por amigos de que valeria investir no clube do seu coração e dono da segunda maior torcida do país.
Então, ele e mais 20 sócios compraram a dívida junto a uma associação de credores e resgataram o Millonarios de uma situação desesperadora. Em 2015, Serpa ganhou um parceiro para seu negócio. O fundo de investimento Âmber, do empresário francês Joseph Oughorlian, adquiriu 80% das ações e passou a controlar o clube, mas manteve Serpa como gestor.
O advogado virou executivo do grupo e hoje acumula também a administração do grupo de comunicação Caracol, um dos mais importantes da Colômbia, também comprado por Oughorlian.
O Millos passou, então, a fazer parte de um conglomerado internacional de clubes, pois o Âmber também controla o Lens , da França, o Zaragoza , da Espanha, e o Padova , da Itália. Além de ter uma participação no Inter Miami , sim, o time do astro Lionel Messi.
A compra do Millonarios despertou em muitos colombianos a expectativa de que o clube se transformaria numa potência continental, o que está longe de acontecer. Não houve contratações bombásticas nem resultados imediatos.
Tudo porque a filosofia adotada foi outra: organização das categorias de base, formação de uma identidade de jogo e contratações pontuais são os pilares do clube. E isto leva tempo.
O Millonarios se transformou nos últimos anos num constante candidato aos títulos. Não oscila de uma temporada para outra. Chega a muitas finais e vai aos poucos aumentando sua lista de troféus. O último deles foi conquistado no início deste ano, quando derrotou o Junior Barranquilla na Supercopa da Colômbia.
Tudo sob a orientação técnica de Alberto Galero, um ex-jogador do clube que fazia sucesso no Tolima e foi contratado em 2020 para dar uma ‘cara’ ao time.
Galero é da geração de Valderrama, com quem jogou ainda muito jovem numa famosa seleção do estado de Magdalena. Ele gosta do toque de bola, da qualidade técnica, do futebol vistoso. Uma estratégia que, se vem dando certo em alguns torneios locais, ainda não se provou eficiente em âmbito internacional. O desempenho nas competições da Conmebol tem sido ruim.
E a torcida espera que esta nova chance seja aproveitada.
No Colombiano atual, o time faz um campeonato irregular. Vinha de sete jogos sem vencer, mas ganhou moral com a virada sobre o rival local Santa Fé semana passada por 3 a 1; e com o triunfo do time misto sobre o Fortaleza no último sábado (30). Resultados que devolveram a esperança de uma classificação para a fase final do torneio nacional.
Uma boa prova de fogo do ‘projeto Millonarios’ é o poderoso Flamengo. Será que desta vez vai dar certo?