O título desta edição da Copa do Brasil será decidida entre Flamengo e Atlético-MG. Após conseguirem segurar a vantagem que construíram no jogo de ida da semifinal, diante de suas torcidas, contra Corinthians e Vasco, respectivamente, as duas equipes travarão mais uma batalha campal para galeria de uma das grandes rivalidades interestaduais da história do futebol brasileiro. Tal posto formou-se a partir das decisões, na década de 80, e contagiou para a arquibancada com o passar do tempo.
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Os clubes eram as duas grandes forças do cenário nacional à época: de um lado, o time histórico do rubro-negro com figuras como, Zico, Júnior, Leandro e Adílio, e do outro um Atlético-MG com diversos nomes de seleção como Reinaldo, Luisinho, Toninho Cerezo e Éder. O primeiro capítulo deste embate aconteceu na final do Campeonato Brasileiro de 1980.
O alvinegro buscava sua terceira conquista nacional (já havia vencido em 1937 e 1971), enquanto a equipe carioca, ainda tentava chegar ao topo do país de maneira inédita. A primeira partida, disputada no Mineirão terminou com vitória dos donos da casa por 2 a 1. Apesar do revés, o Flamengo só precisaria devolver na mesma moeda, dentro de casa, para se sagrar campeão, por ter feito uma campanha superior.
Rodeado de tantos craques no gramado, quem decidiu o jogo de volta foi um personagem, até então, não tão notado pelos torcedores. Os times empatavam em 2 a 2, até os 37 minutos da etapa final, quando Nunes, que já havia deixado sua marca, construiu grande jogada individual pela esquerda e fez o gol que garantiu o primeiro título brasileiro do rubro-negro.
Polêmica histórica na Libertadores
Depois de duelarem pelo posto mais alto do futebol brasileiro, as equipes voltariam a se encontrar no ano seguinte. Desta vez, o que estava em jogo não era o domínio nacional, mas de todo o continente sul-americano. A disputa era por uma vaga na grande decisão da Libertadores, para buscar uma conquista inédita para suas galerias de troféus.
O equilíbrio entre as duas grandes potências daquele período pôde ser traduzido, mais uma vez, em campo. Nos dois duelos da semifinal, o placar foi o mesmo: 2 a 2. Para decidir a classificação, foi realizada uma terceira partida, em campo neutro — no estádio Serra Dourada. De novo, o Flamengo levou a melhor. No entanto, o confronto não foi definido pelos gols.
O árbitro do jogo era José Roberto Wright. Ele proporcionou algo um tanto quanto raro para a história do futebol. Antes mesmo do fim do primeiro tempo, expulsou cinco jogadores do Atlético-MG: Osmar Guarnelli, Chicão, Palhinha, Reinaldo e Éder. Como a regra só permitia que um time estivesse com, no mínimo, sete em campo, a equipe mineira teve a derrota decretada por W.O. O Flamengo terminou a competição com o título, ao vencer o Cobreloa-CHI na final.
Escrita mantida na Copa União
O próximo embate decisivo entre os dois aconteceu em 1987, na tão polêmica Copa União, organizada pelo "clube dos 13", sem a CBF. O alvinegro, diferente das oportunidades passadas, chegava à semifinal como grande favorito. Até aquele momento, o time comandado pelo técnico Telê Santana estava invicto, com dez vitórias e cinco empates. Apesar de ter feito uma campanha inferior, o seu adversário tinha um plantel repleto de craques, como Zico, Bebeto, Renato Gaúcho, Leandro, Zinho.
No Maracanã, o Flamengo fez o dever de casa e venceu por 1 a 0, com gol do atacante campeão da Copa de 94, Bebeto. Em partida de tirar o fôlego, o rubro-negro voltou a vencer, desta vez por 3 a 2, no Mineirão. A partida ficou marcada pelo golaço de Renato Gaúcho, o terceiro da equipe, e que consolidou de vez a classificação para decisão.
Assim como nas outras vezes em que bateu o Atlético-MG, a equipe carioca terminaria a competição no topo do pódio, após vencer o Internacional na final. O que seria "apenas" o último título nacional de Zico pelo clube, tornou-se uma polêmica que perdura até os dias de hoje, já que Flamengo e Sport brigam pelo posto de campeão do torneio em diversas esferas, mesmo quase 40 anos depois.
Classificação tranquila na Copa do Brasil
Apesar do longo período sem embates decisivos, a rivalidade entre os clubes seguiu igualmente aflorada com o passar do tempo. Em 2006, aconteceria o reencontro dos dois em mata-mata, pela primeira vez na Copa do Brasil. A classificação à semifinal foi praticamente definida na ida, proporcionando o duelo decisivo de menos emoção da história do confronto.
No primeiro jogo, disputado no Maracanã, o rubro-negro não tomou conhecimento da equipe mineira e goleou por 4 a 1, com direito a show de Renato Abreu, que marcou duas vezes. Precisando reverter uma enorme desvantagem, o Atlético-MG sequer conseguiu balançar as redes no Mineirão. A partida terminou no 0 a 0, e o Flamengo eliminou seu rival de novo, rumo ao bicampeonato do torneio.
"Eu acredito" com gosto de vingança
O grito entalado na massa atleticana finalmente se soltaria, em 2014. O duelo válido pela semifinal da Copa do Brasil teve emoção de sobra. Desta vez, a equipe mineira conseguiu reverter uma grande desvantagem no placar agregado para conseguir uma das classificações mais heroicas de sua história, espantando de vez o fantasma rubro-negro.
Vindo de um título da Libertadores inédito no ano anterior, o Atlético-MG tinha entre ele e a grande decisão o atual campeão da Copa do Brasil. O confronto não começou nada bem para o alvinegro. A equipe comandada por Levir Culpi, à época, foi derrotada na ida por 2 a 0, no Maracanã. O mesmo roteiro já havia acontecido na fase anterior, contra o Corinthians. Na ocasião, o alvinegro mineiro conseguiu a goleada de 4 a 1, de virada.
Assim como nas quartas, o Mineirão lotado foi calado quando o adversário abriu o placar e dificultou ainda mais a missão da classificação. Os donos da casa teriam novamente que marcar, pelo menos, quatro gols, para não serem eliminados, devido a vantagem do gol fora — atualmente extinto. No embalo dos cantos de "eu acredito", vindo das arquibancadas, o Atlético-MG conseguiu repetir a façanha, venceu o Flamengo por 4 a 1 e avançou para final. Na decisão, bateu seu grande rival Cruzeiro para torna-se campeão pela primeira vez.
Inferno rubro-negro
O último confronto de mata-mata entre as equipes aconteceu há dois anos, pelas oitavas de final da Copa do Brasil. O Atlético-MG vinha como franco favorito, após conquistar a tríplice coroa — Brasileiro, Copa do Brasil e Estadual — na temporada anterior, contra um Flamengo que ainda tentava se encontrar com a mudança de técnicos, de Paulo Souza para Dorival Jr.
O duelo de ida, disputado no Mineirão, foi apenas o segundo jogo do treinador sob comando da equipe. Os donos da casa deram toda pinta de que poderiam definir a classificação já nos primeiros 90 minutos. Com dois gols de Hulk, abriu 2 a 0 no marcador. Porém, um lance quase que isolado recolocou os rubro-negros no confronto, quando Lázaro completou cruzamento de Rodinei para diminuir o placar.
Na saída de campo, Gabigol soltou uma frase, em entrevista, que seria fundamental para o roteiro do segundo jogo da disputa: " 'Quando eles forem lá (Maracanã), vão conhecer o que é pressão e o que é inferno', disse o atacante. A torcida comprou o barulho do jogador e se preparou para realizar um verdadeiro furacão no Rio de Janeiro.
Em partida de um time só, o Flamengo fez valer da sinergia presente no Maracanã e conseguiu vencer por 2 a 0, o suficiente para avançar de fase. O personagem decisivo da noite foi Arrascaeta, que marcou duas vezes. Este jogo foi a virada de chave do clube, em 2022, que terminaria com os títulos da Copa do Brasil e da Libertadores.
A história de Flamengo x Atlético MG é repleta de traços históricos, que fazem o mesmo ser um dos duelos mais efervescentes do Brasil. Neste ano, mais um capítulo irá para galeria desta antiga rivalidade. As equipes que já fizeram final de Brasileirão e semifinal de Libertadores, agora decidem a Copa do Brasil.
Os jogos que irão revelar o grande campeão do torneio estão marcados para os dias 3 e 10 de novembro. A ordem dos mandos de campo será definida em sorteio, que será realizado nesta quinta-feira, às 15h.