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O ano de 2019 foi inesquecível para o Flamengo. A temporada ficou marcada por títulos – especialmente o bi da Copa Libertadores depois de 38 anos –, recordes, o sucesso de um técnico estrangeiro e um time que encantou pelo futebol ofensivo em campo e fez jogo duro até com poderoso Liverpool na final do Mundial.
Fora das quatro linhas, o clube também passou a administrar o Maracanã, bateu recorde do programa de sócio-torcedor e redefiniu o conceito de festa no dicionário com o "AeroFla". Mas fora de campo também ficou manchado pela pior tragédia de sua história após a morte de 10 jogadores das categorias de base.
O primeiro título
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Flamengo começou o ano com o título do Torneio da Flórida — Foto: Cahê Mota
Já na pré-temporada o Flamengo mostrava o que estava por vir: títulos e frente aos europeus. A primeira conquista foi logo em janeiro, ao vencer o Torneio da Flórida, competição amistosa nos Estados Unidos. O Rubro-Negro bateu nos pênaltis o Ajax, da Holanda, após 2 a 2 no tempo normal, e com os reservas venceu o Eintracht Frankfurt, da Alemanha, por 1 a 0.
Curioso é que os artilheiros rubro-negros no torneio tiveram vida curta no clube em 2019. Uribe, que fez os dois gols diante dos holandeses, começou a temporada como titular, mas perdeu espaço e foi negociado em maio com o Santos. E Jean Lucas, que estava emprestado ao Peixe desde fevereiro, foi vendido em junho para o Lyon, da França.
Tragédia do Ninho
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10 jogadores da base do Flamengo morreram em incêndio no Ninho do Urubu — Foto: Infoesporte
Mas a sequência de títulos que estava apenas começando foi bruscamente interrompida no mês seguinte. No dia 8 de fevereiro, o Flamengo conhecia a sua maior tristeza em 124 anos de história: um incêndio atingiu parte dos alojamentos do CT onde estavam 26 jovens da base. Na tragédia do Ninho do Urubu, 14 garotos escaparam ilesos, três saíram feridos, mas 10 morreram.
Arthur, Athila, Bernardo, Christian, Gedson, Jorge, Pablo, Rykelmo, Samuel e Vitor, todos entre 14 e 16 anos, faleceram – em homenagem, a torcida passou a cantar "Garotos do Ninho" aos 10 minutos dos jogos. O Flamengo indenizou a família de todos os sobreviventes, mas só entrou em acordo com quatro das 10 que perderam seus filhos. Por enquanto, apenas uma família entrou na Justiça contra o clube.
Trio de ouro
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Gabigol, Bruno Henrique e Arrascaeta foram os melhores da América em 2019 — Foto: REUTERS/Amanda Perobelli
O sucesso em campo aumentou depois que suas principais contratações estrearam: Arrascaeta, Bruno Henrique e Gabigol, que chegaram após a pré-temporada rubro-negra nos Estados Unidos. O trio custou R$ 111.198.000,00, incluindo luvas e intermediários – valor que representa mais da metade dos R$ 215 milhões investidos em reforços em 2019. Dinheiro que deu retorno:
Dono de 43 gols na temporada, Gabigol foi o artilheiro do país, do Brasileirão (25 gols) e da Libertadores (9 gols). Bruno Henrique fez 35, sendo o goleador do Carioca (8 gols) e eleito craque da Libertadores. E Arrascaeta foi o maior garçom do país em 2019, com 19 passes, além de estufar a rede 18 vezes. Entre finalizações e assistências, a trinca foi responsável diretamente por 109 dos 153 gols do time no ano.
Hegemonia maior no Rio
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Juan levanta a taça de campeão carioca pelo Flamengo — Foto: André Durão
O Flamengo sobrou no Rio de Janeiro e conquistou o seu primeiro título oficial na temporada. No Campeonato Carioca, apesar de ter sido eliminado na semifinal da Taça Guanabara pelo Fluminense, o Rubro-Negro venceu a Taça Rio com direito a time reserva na final contra o Vasco. Na decisão do Estadual diante do arquirrival, ganhou de forma tranquila com dois placares de 2 a 0.
Foi o 35º título do Flamengo na história do Campeonato Carioca: 1914, 1915, 1920, 1921, 1925, 1927, 1939, 1942, 1943, 1944, 1953, 1954, 1955, 1963, 1965, 1972, 1974, 1978, 1979, 1979*, 1981, 1986, 1991, 1996, 1999, 2000, 2001, 2004, 2007, 2008, 2009, 2011, 2014, 2017 e 2019. Conquista que aumentou a hegemonia rubro-negra no Rio, agora quatro à frente do Fluminense, que tem 31.
A despedida de um ídolo
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Juan se despede dos gramados em volta olímpica no Maracanã — Foto: André Durão
2019 também foi um ano de despedida para um ídolo rubro-negro: Juan. Recuperado de cirurgia após uma grave lesão no tendão de Aquiles do tornozelo direito, o zagueiro de 40 anos voltou a entrar em campo duas vezes nessa temporada antes de pendurar as chuteiras: entrou nos minutos finais nas vitórias sobre Madureira (2 a 0 no Carioca) e Cruzeiro (3 a 1 no Brasileiro).
Atualmente funcionário do clube, Juan é o maior zagueiro-artilheiro da história do Flamengo ao lado de Junior Baiano, com 32 gols em 332 jogos pelo clube que o revelou. Além da rubro-negra, ele defendeu apenas mais quatro camisas em 23 anos de carreira: Bayer Leverkusen (Alemanha), Roma (Itália), Internacional e a da seleção brasileira, que envergou em duas Copas do Mundo.
Uma "nova" casa
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Flamengo passou a administrar o Maracanã esse ano e vai participar da licitação — Foto: Divulgação/Flamengo
Para todo o rubro-negro, o Maracanã sempre foi considerado a sua casa. Mas agora a "propriedade" foi oficializada. Depois de rescindir o contrato de concessão do estádio que tinha com a Odebrecht, o Governo do Rio de Janeiro decidiu aceitar uma administração provisória antes de abrir uma nova licitação. E a proposta vencedora foi a da dupla Fla-Flu, que passou a gerir o palco até abril de 2020.
Permissionário oficial na parceria, o Flamengo rapidamente transformou o estádio mais famoso do mundo em rentável. A diretoria reduziu os custos operacionais do Maracanã e atualmente consegue lucrar aproximadamente 50% das rendas dos jogos. Só com bilheteria, a receita líquida rubro-negra foi mais de R$ 40 milhões esse ano, isso sem contar as vendas dos bares.
Trocas de comando
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Jorge Jesus iniciou uma era vencedora à frente do Flamengo — Foto: André Durão
Apesar da caminhada de títulos desde o início do ano, o comando do time trocou de mão duas vezes durante a temporada. Abel Braga começou como treinador rubro-negro e levantou os dois primeiros títulos, mas apesar dos resultados ele era cobrado por falta de desempenho e, principalmente, por não conseguir encaixar Arrascaeta, maior contratação do clube, na equipe titular.
Quando soube por amigos em Portugal que o Flamengo estava interessado em Jorge Jesus, Abelão pediu demissão. Antes de o técnico português assumir, o time passou pelas mãos do interino Marcelo Salles, o "Fera". Mas foi com o gringo que o Rubro-Negro engrenou, passou a jogar bonito e aliar resultados a performance. O Mister, como ficou conhecido, virou ídolo e ganhou até música.
Mochilão pela Europa
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Marí e Gerson ajudaram time a "mudar de patamar" no segundo semestre — Foto: Marcelo Cortes/Flamengo
O ano do Flamengo pode muito bem ser dividido em pré e pós-Copa América. Na paralisação dos campeonatos para a disputa do torneio de seleções, as equipes realizaram uma intertemporada, e o Rubro-Negro soube aproveitá-la. Além da chegada de Jorge Jesus, com quem introduziu uma nova metodologia de treinos, o clube voltou forte ao mercado.
Só que desta vez os alvos eram internacionais. Marcos Braz, vice-presidente de futebol, e Bruno Spindel, diretor executivo da pasta, fizeram um "mochilão" pela Europa e encaminharam quatro contratações: Pablo Marí, Rafinha, Filipe Luís e Gerson. Os quatro reforços viraram titulares e foram peças-chave nas conquistas do Campeonato Brasileiro e da Copa Libertadores.
A quase crise
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Jesus saiu do ônibus para acalmar os ânimos de torcedores no aeroporto — Foto: Reprodução / FlaPress
Embora a "era Jesus" tenha sido de muito sucesso, seu início enfrentou princípios de crise que acabaram estancados. Em julho, após a eliminação para o Athletico-PR na Copa do Brasil, torcedores foram ao aeroporto protestar. Principal alvo por ter perdido pênalti de forma displicente, Diego teve que ser contido para não partir para as vias de fato, e Jesus precisou conversar com o grupo e acalmar os ânimos.
Logo depois, o Flamengo perdeu por 2 a 0 para o Emelec em Guayaquil, no Equador, pelo jogo de ida das oitavas de final da Libertadores, e via o sonho do bi sob risco. Jesus virou alvo de críticas por ter escalado Rafinha como meio de campo, e torcedores entraram no hotel rubro-negro para cobrar os jogadores após a partida. Mas no Maracanã, o time devolveu o placar e se classificou nos pênaltis.
A nova joia
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Reinier comemora seu primeiro gol no profissional — Foto: EDU ANDRADE/FATOPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
A classificação sobre o Emelec no Maracanã marcou a estreia da mais nova joia rubro-negra: Reinier. O garoto de 17 anos e multa de € 35 milhões de euros (cerca de R$ 158 milhões) – apontado como a maior promessa do clube depois de Vinicius Junior, hoje no Real Madrid, da Espanha – entrou no lugar de Gabigol e jogou seus primeiros 26 minutos como profissional.
Comparado a Kaká por Jorge Jesus, Reinier desde então entrou em campo mais 14 vezes com a camisa rubro-negra, marcando seis gols e dando duas assistências. Estufou a rede pela primeira vez como profissional na vitória por 3 a 0 sobre o Avaí no Mané Garrincha, em Brasília, sua cidade natal. O jovem já foi sondado pelo Everton, da Inglaterra, e despertou interesse do Barcelona, da Espanha.
Recorde de sócios
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Mosaico da torcida do Flamengo na partida contra o Ceará — Foto: Twitter Não Rubro-Negra
O ano também representou o recorde de inscritos no "Nação Rubro-Negra", programa de sócio-torcedor do clube criado em 2013 e que tinha seu melhor número em dezembro de 2017, quando atingiu 122 mil na época da final da Copa Sul-Americana. Em 2019, o Flamengo chegou a 150 mil sócios. Porém, o clube congelou as adesões perto da final da Libertadores e atualmente conta com 134 mil adimplentes.
Mas o sucesso de público não se restringiu a sócios, e o Flamengo em 2019 foi sinônimo de estádio cheio. Dos 11 maiores públicos do ano no futebol brasileiro, o clube foi responsável por todos. A média rubro-negra foi de 52.537 pessoas como mandante, e de 29.695 como visitante. Só com bilheteria, a arrecadação bateu os R$ 96,9 milhões na temporada.
A volta do "AeroFla"
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Ônibus com os jogadores foi "carregado" pela torcida até o aeroporto — Foto: Reuters
Por falar em mobilização de torcida, nada se compara ao "AeroFla", que voltou com tudo em 2019. Na festa organizada para empurrar o time para a final da Libertadores, cerca de 10 mil rubro-negros tomaram as ruas do Rio de Janeiro, desde a porta do Ninho do Urubu aos acessos ao Aeroporto do Galeão. A concentração de pessoas fez até uma grade cair no terminal de cargas.
"Nunca vi este ambiente na minha vida", foram palavras de Jorge Jesus ao se espantar com a festa. No retorno do time após o título, um novo "AeroFla" ainda maior foi organizado. Na pista do aeroporto, os jogadores embarcaram em um trio elétrico e desfilaram durante quatro horas em meio à Avenida Presidente Vargas tomada por rubro-negros. Porém, houve confusão com a polícia no fim.
Dois títulos em 24h
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Jogadores comemoraram muito no fim de semana — Foto: BÁRBARA DIAS/AGIF/ESTADÃO CONTEÚDO
E por falar em título... Os dois principais de 2019 aconteceram em menos de 24 horas. No sábado, o Flamengo enfrentou o River Plate, da Argentina, na primeira final em jogo único e campo neutra da história da Libertadores. No Estádio Monumental de Lima, no Peru, o Rubro-Negro venceu de virada por 2 a 1, com dois gols nos minutos finais, e voltou a conquistar a América do Sul depois de 38 anos.
No domingo, enquanto retornavam para casa após a festa pelas ruas do Rio, os jogadores souberam que o Palmeiras perdeu em casa para o Grêmio – resultado que impedia o Alviverde, vice-líder, de alcançar o Flamengo – e comemoraram o título Brasileiro. O time ainda bateu recorde de pontos (90), gols (86), saldo (49), maior artilheiro (Gabigol, 25 gols) e maior invencibilidade (24 jogos) do atual formato.
Unificação dos títulos
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Profissionais, sub-20 e sub-17 posaram para foto — Foto: Alexandre Vidal, Marcelo Cortes e Paula Reis/Flamengo
Ao ser campeão brasileiro e da América no mesmo ano, o Flamengo igualou o feito do Santos de Pelé em 1962 e 1963, quando o campeonato nacional era a Taça Brasil. Mas além disso, o Rubro-Negro pode se gabar por ter se tornado o primeiro clube a unificar os títulos brasileiros em todas as categorias: profissional, sub-20 (com Yuri César e companhia) e sub-17 (com Lázaro e Cia.).
O ano que começou com uma tragédia sem precedentes terminou como a temporada mais vencedora da história das categorias de base do Flamengo. Foram 27 troféus conquistados, do sub-6 ao sub-20, o último erguido na semana passada após superar o Palmeiras pela Supercopa do Brasil – título que classificou o Rubro-Negro para jogar a Libertadores Sub-20 em 2020.
Patamar mundial
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Bruno Henrique foi eleito o segundo melhor jogador do Mundial — Foto: REUTERS/Ibraheem Al Omari
O Flamengo voltou a disputar o Mundial de Clubes depois de 38 anos, desta vez em Doha, no Catar. O torneio não terminou como a torcida esperava, com o sonhado bicampeonato mundial, mas esteve longe de ter sido uma decepção. Aos olhos do planeta, o Rubro-Negro mostrou sua força ao vencer o Al Hilal, da Arábia Saudita, e jogar de igual para igual com o Liverpool, da Inglaterra.
Na reedição da final de 1981 contra os ingleses, o Flamengo não se intimidou e fez um grande primeiro tempo no Estádio Internacional Khalifa. Porém, na etapa final, não conseguiu manter o ritmo fisicamente, perdeu força com as substituições e segurou o empate até a prorrogação, onde caiu por 1 a 0. Mas, como diz o bola de prata do Mundial, Bruno Henrique, mostrou estar "em outro patamar".