Desde o sucesso de Jorge Jesus no Flamengo , outros portugueses foram contratados por grandes clubes brasileiros como Jesualdo Ferreira ( Santos ), Sá Pinto ( Vasco ) e Abel Ferreira ( Palmeiras ). Nos próximos meses, Jorge Silas, que comandou o Belenenses e o Sporting até fim da última temporada na Europa, deseja seguir os passos dos compatriotas e trabalhar no Brasil.

“Encaramos como uma das melhores e mais difíceis ligas do mundo! É muito competitiva e um desafio muito grande. Olhamos para o Brasileirão e temos muitas equipes grandes, algo que não há em outra liga do mundo. A Premier League é muito forte, mas não tem tantos candidatos ao título quanto no Brasil”, disse, ao ESPN.com.br .

Silas é representado pela empresa YouFirst, que tem Sávio (ídolo do Flamengo) e Guilherme Siqueira (ex- Atlético de Madrid ) como diretores. A dupla busca um clube no país para que o treinador possa comandar.

“Peguei muitas informações do Brasil porque conheço muitos treinadores que passaram por aí. Uma coisa é você ver os jogos e outra é você trabalhar, tendo que jogar a cada três dias e fazendo viagens longas. É uma situação bem diferente de Portugal", explicou.

Vejo que um treinador que não chega na pré-temporada tem mais dificuldades para conseguir implementar o estilo de jogo. É um tempo importante. O Abel Ferreira não teve tempo, mas faz um grande trabalho. Vocês vão ver o Palmeiras ainda melhor quando ele puder fazer uma pré-temporada”.

Durante a carreira de 22 anos como jogador profissional, ele foi treinado por José Mourinho (União Leiria) e Jorge Jesus (Belenenses), que influenciaram no estilo de jogo.

“A nível defensivo, o Jesus é um os melhores do mundo, pegamos muitas coisas dele. Com ele, passei a ver o jogo de uma forma coletiva e recebi lições de referências defensivas que não tinha antes. Na parte de ataque, nós adaptamos outras coisas nas quais acreditávamos enquanto jogadores”, explicou.

“Tentamos jogar da forma como atuávamos na época de jogador. Eu e meu auxiliar, José Pedro, éramos meias ofensivos. Nós gostamos que as nossas equipes joguem com muita posse de bola, iniciativa de jogo e cheguem muito ao ataque. Claro que precisamos defender, mas gostamos de pressionar o adversário quando estamos sem a bola. É difícil convencer alguém de algo que não acreditamos”.

“Quando era jogador não gostava de jogar lá atrás e esperando o contra-ataque. O futebol é um espetáculo vendido para os torcedores, que gostam de gols e de ataque. Não faz sentido jogar só de uma maneira ‘resultadista’, fazendo 1 a 0 e colocando todos lá atrás. Para nós interessa ganhar jogando bem”.

O português de 44 anos começou como treinador no Belenenses, em 2017.

“Mesmo estando em uma equipe de meio de tabela para baixo, nós tínhamos mais posse de bola do que quase todos os adversários nos jogos. Nós preparamos os jogos para ganhar, não para não perder. Algumas vezes perdemos, mas nossa ideia é essa. Ganhamos das melhores equipes de Portugal como o Braga, o Benfica e o Porto jogando dessa forma”.

No ano passado, ele assumiu o Sporting em grande crise no meio temporada. O time de Lisboa vivia uma fase muito complicada depois que alguns torcedores invadiram o centro de treinamentos e agrediram funcionários e jogadores.

“Era um ambiente muito complicado. A equipe estava na nona colocação do Português, que é muito ruim para o Sporting. Estava em último na Taça da Liga e no grupo da Liga Europa. Conseguimos chegar entre os quatro primeiros na Taça da Liga, vencemos cinco jogos e nos classificamos para as fases seguintes da Liga Europa e chegamos na quarta posição do Português. Fizemos uma recuperação muito boa”, analisou.

“O problema é que por termos chegado no meio do campeonato não conseguimos recuperar tudo aquilo que queríamos. Se tivéssemos feito a pré-temporada teríamos conseguido chegar entre os dois primeiros”.

Após o fim da última temporada, com a mudança na direção do clube, Silas não permaneceu por divergências de ideias.