Um relatório de auditoria independente do fundo administrado pela Caixa, da última segunda-feira (dia 20), apontou valor determinado pelo terreno cobiçado pelo Flamengo para construção do estádio próprio. De acordo com o laudo de avaliação da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE), o valor da área de 87 mil metros quadrados é de R$ 240,5 milhões - preço aproximado do que o Flamengo oferece para a aquisição do espaço no Gasômetro, na região central do Rio de Janeiro.
O relatório é assinado pela auditoria independente Pricewaterhouse, a PWC, e é destinado aos cotistas do fundo e à administradora, a Caixa. O documento faz parte das demonstrações financeiras de 2023 do chamado "Caixa Fundo de Investimento Imobiliário Porto Maravilha".
Entre reuniões e jantares consecutivos nas últimas semanas para acelerar as negociações com a Caixa Econômica Federal, administradora do fundo detentor do terreno do Gasômetro, o Flamengo espera conhecer o valor final para a compra do terreno ainda nesta semana.
O Flamengo aceita pagar até R$ 250 milhões pelos cerca de 87 mil metros quadrados restantes do terreno. Em 2022, o mesmo relatório avaliava a área em R$ 236 milhões. Com a última atualização, para cerca de R$ 240,5 milhões, e com a correção da quantia para 2024 pelo INCC (Índice Nacional de Custo de Construção), o valor passaria para pouco mais de R$ 249 milhões.
No entanto, antes dos avanços das últimas negociações, a Caixa acreditava que a região valorizou nos últimos anos e que valia algo próximo de R$ 400 milhões.
Na última segunda-feira, em jantar na Gávea, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, não descartou a possibilidade de desapropriar a área (veja no vídeo acima) caso as negociações entre Flamengo e Caixa não avancem. Mas ele pode fazer isso ou não?
A desapropriação de terreno privado por parte do Poder Executivo está prevista na Constituição. Há uma série de requisitos legais para tal, mas resumidamente a medida é possível desde que haja interesse público e pagamento de indenização prévia, justa e em dinheiro. E a prefeitura já desapropriou uma parte desse próprio terreno que pertence a um fundo de investimento gerido pela Caixa .
Para construir o terminal rodoviário Gentileza, a prefeitura fez a desapropriação de três áreas na região: uma que antes pertencia a uma cervejaria, outra de uma antiga fábrica de velas e um pedaço de 26.617,03 metros quadrados do terreno da Caixa, totalizando 77.000 m². Para isso, o município indenizou em R$ 40,8 milhões o fundo de investimento, que alegou prejuízo e entrou na Justiça exigindo receber mais R$ 12,9 milhões.
Apesar de o futuro estádio do Flamengo vir a ser uma propriedade privada, a desapropriação do terreno para sua construção estaria embasada no "interesse público" causado pelo benefício da região como um todo. Internamente no clube, acredita-se que não será preciso chegar a esse ponto pelo tom das últimas reuniões com a Caixa, que ficou de definir o preço para a venda até o final desta semana .
A característica arquitetônica é bem diferente do Maracanã e se assemelha mais ao Santiago Bernabéu, do Real Madrid. Para ter um estádio de 80 mil pessoas num espaço reduzido, o Flamengo aposta numa construção mais vertical e bem diferente do Maracanã.
- É sim (possível colocar um estádio de 80 mil pessoas numa área de 87 mil m²). A gente já fez um anteprojeto de colocação desse estádio. Ainda daria a chance de a gente fazer uma grande praça na frente. Em volta dessa praça, a gente poderia colocar uma série de restaurantes, pontos e tal. Nessa praça, inclusive, poderíamos colocar telões para quem não tiver condição de ir aos grandes jogos ou para quem não conseguir ingresso - afirmou o presidente rubro-negro, Rodolfo Landim.
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