Com a pandemia causada pelo novo coronavírus , os torcedores precisaram recorrer às redes sociais para demonstrar o amor pelo time de coração, muitas vezes para extravasar aquela paixão que ficou restrita por conta da ausência de público nos estádios.
Aproveitando o gosto do brasileiro por futebol , a CBF e a Feng, consultoria especializada em gestão de redes sociais, programas de sócio-torcedor e produção de conteúdo, se juntaram e criaram, em 2019, o perfil do Campeonato Brasileiro no Instagram, Facebook e Twitter. Somados, os perfis do Brasileirão nas três redes ultrapassam 3 milhões de seguidores.
Com muito bom-humor, os perfis caíram nas graças dos torcedores, se tornando muitas vezes uma válvula de escape para muitos torcedores durante a pandemia. E conseguiram gerar interações de torcedores, clubes e jogadores.
"Não tem como produzir um conteúdo que não seja o que o público quer. Não dá para fazer um conteúdo quadrado", argumenta Lucas Varidel, coordenador de comunicação digital da CBF. "Para a gente é fundamental ter liberdade para produzir. Mas temos freios institucionais. É um limite complicado, até onde posso ser informal sem atingir o outro? Preferimos andar no limite do que não arriscar", completa Varidel.
Como exemplo de freios institucionais que tanto a equipe da CBF quanto da Feng se preocupam estão a não exposição dos erros dos árbitros, por exemplo. Para não acabar depreciando o próprio produto da entidade.
Outros exemplos clássicos de cuidados que a equipe que cuida das mídias do Brasileirão têm são o de usar a palavra "vitória" quando o Bahia ganha um jogo no torneio, ou usar a cor verde para fazer uma arte do Corinthians .
"Geralmente, o lema de quem cuida de redes sociais no esporte é que não pode ser clubista. Nós queremos ser clubista, mas clubista dos 20 clubes do Campeonato Brasileiro. Mostrar como o torneio impacta a vida do brasileiro", afirma Thiago Barros, gerente de conteúdo da Feng.
Aí entra outro dos freios: o clubismo precisa parar quando ofende outro torcedor, ou outro clube.
Estudo da consultoria suíça Horizm, especializada em análise de dados de mídias digitais mostra que a audiência somada das quatro principais redes sociais do Brasieirão (Twitter, Facebook, Instagram e Youtube), bateu 152 milhões em janeiro deste ano. Quem lidera o ranking é a Premier League, com 683 milhões de espectadores e usuários.
A ideia da CBF e da Feng é furar o top 5 entre as ligas que dão mais audiência, incluindo todos os esportes. Para isso, apostam em uma fidelização do torcedor.
"Nesse período sem jogo, temos um dia dedicado a cada clube, com número igual de posts para cada clube. Aí temos um calendário de conteúdo relacionado à história do campeonato, com quadro fixo, contando as nossas histórias, alguma partida que aconteceu naquela data no Brasileiro. Mas sempre com o cuidado de não repetir os clubes", explica Thiago Barros, da Feng.
O planejamento do conteúdo é feito semanalmente, mas os integrantes da Feng e da CBF, em uma equipe que contém jornalistas, marqueteiros, publicitários, fotógrafos, editores de vídeo, entre outros.
Para impulsionar cada vez mais os perfis da entidade, a CBF contratou em fevereiro o espanhol Lorenzo Perales, para ser o novo diretor comercial. Com 17 anos de serviços prestados ao Real Madrid , um dos maiores clubes do mundo, Perales chega para, entre outras coisas, desenvolver estratégias de aproximação com os fãs de futebol.
"Precisamos aprofundar nossa relação com o torcedor. Além de fazer post, gerar conversas, participar, entender e sobre o que eles estão falando. É um desafio que a gente precisa aprofundar. O plano é ter mais contato com os torcedores a partir do momento que for possível e investir cada vez mais o conteúdo para os 20 times. Por exemplo, entender o que a torcida do Cuiabá quer, como ela é, por nunca ter participado da Série A, é um desafio", finalizou Lucas Varidel, coordenador de comunicação digital da CBF.