Faltando pouco mais de três meses para o fim da temporada do futebol brasileiro, um português que chegou há menos de 90 dias é o que mais cresce e desponta como candidato a melhor técnico do ano no Ranking O Globo/Extra de treinadores. Jorge Jesus, do Flamengo, alcançou o top 10 em tempo recorde e já aparece em oitavo. A variação máxima entre julho e agosto foi de uma posição entre os melhores colocados - Jesus destoou e subiu cinco colocações.
Na ponta do Brasileirão e classificado para as semifinais da Libertadores, o galopante Jorge Jesus parece capaz de desafiar um líder do levantamento que agora se vê em uma estranha situação: Felipão foi o melhor técnico do Brasil somando o trabalho dos últimos 12 meses, mas foi demitido do Palmeiras na última segunda-feira .
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Ainda que o desempenho em agosto tenha sido ruim, Scolari manteve a ponta isolada do ranking. Complicado será seguir lá em cima nos próximos meses se não conseguir logo um emprego em um time competitivo: como a classificação leva em conta o último ano corrido de trabalho, o técnico pentacampeão mundial tem muitos pontos a defender de setembro a dezembro (período em que conquistou o maior número de vitórias e o título do Brasileirão), enquanto Jesus, por exemplo, só tem a somar.
O último trimestre, porém, não será só sobre os dois treinadores — que se enfrentaram no último domingo, com vitória de 3 a 0 para o Flamengo de Jesus . Uma observação mais minuciosa do que está por vir dá dicas de quem ficará com o posto de melhor técnico do ano, que foi de Renato Gaúcho no primeiro levantamento, no fim do ano passado. O próprio treinador do Grêmio é um dos favoritos: tem muitos pontos a defender, mas uma semifinal de Libertadores e outra de Copa do Brasil pela frente. Vencer uma das taças já deve ser o suficiente para ser de novo, o melhor do país.
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A tendência de ascensão para Jesus mostra que sua situação é um pouco melhor que a de Renato: além de não ter pontos a defender, tem chances de título na Libertadores e no Brasileiro, as duas competições que mais pontuam. Como se enfrentam na semifinal da Libertadores, em outubro, provavelmente decidirão em confronto direto quem terá mais chances de ocupar o lugar que ainda pertence a Felipão.
Mano Menezes, demitido do Cruzeiro no início de agosto e anunciado como substituto de Felipão no Palmeiras na terça , sempre foi um protagonista no ranking, mas dificilmente brigará pela ponta como fez em 2018 — foi terceiro. Na quinta colocação e tendo os pontos do título da Copa do Brasil a defender no fim do ano, só conseguirá crescer se levar o seu novo time à disputa do título do Brasileiro.
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Outros cinco treinadores do top 10 devem subir sua pontuação no fim do ano, mas nenhum deles têm tanta margem para pontuar como Jorge Jesus: no top 3, Tiago Nunes precisaria ir à final da Copa do Brasil para que não reste apenas o meio de tabela do Brasileiro, mesma situação de Odair Hellman, apesar da situação um pouco mais confortável no mata-mata. Sampaoli aposta todas as fichas no Brasileiro. Rodrigo Santana, do Atletico-MG e Fabio Carille, do Corinthians, podem surpreender com campanhas sólidas no Brasileiro e o título da Sul-Americana. Fora da Libertadores, todos se beneficiariam se Boca ou River levassem a competição continental.

Disparidade no Rio
O crescimento de Jorge Jesus em dois meses e meio de trabalho fica ainda mais impressionante se comparado com os colegas técnicos dos outros clubes cariocas.
Tanto Eduardo Barroca, do Botafogo, quanto Vanderlei Luxemburgo, do Vasco, chegaram antes da contratação do português pelo Flamengo. Não conseguiram, porém, alcançar nem o top 20 do levantamento. O técnico alvinegro é 24°, enquanto o veterano cruz-maltino é 35°.
Oswaldo de Oliveira chegou ao Fluminense recentemente, e como não havia trabalhado em outro clube brasileiro, começa lá embaixo. Curiosamente, os quatro treinadores demitidos pelos clubes cariocas recentemente estão entre os 20 primeiros, mas não entre os dez, como Jesus: Abel Braga (sem clube, ex-Flamengo) é 11°, Fernando Diniz (sem clube, ex-Fluminense) é 14°, Alberto Valentim (Avaí, ex-Vasco) é 18° e Zé Ricardo (Fortaleza, ex-Botafogo) é 19°.