Quase três candidatos confirmados e sem oposição: como está a corrida presidencial do Flamengo

Vivendo um bom momento na temporada, o Flamengo está agitado nos bastidores políticos. Neste ano, o clube vai passar pela eleição presidencial para o próximo triênio, entre 2025 e 2027, que será realizada em dezembro. Na última terça-feira, o atual mandatário rubro-negro, Rodolfo Landim, anunciou em um jantar com apoiadores que irá apoiar seu vice geral e jurídico, entre 2019 e 2024, Rodrigo Dunshee. Com isso, ele se junta a Maurício Gomes na disputa que deve ganhar um outro nome em questão de tempo: Luiz Eduardo Baptista, conhecido como Bap, está próximo de confirmar sua entrada como postulante ao cargo.

Apesar de concorrentes, nenhum dos três nomes que estão diretamente envolvidos com as eleições presidenciais do Flamengo são considerados oposição à atual chapa que está no comando do clube. Tanto Maurício Gomes quanto Bap fizeram parte dos últimos dois mandatos de Landim. O primeiro se manteve como vice-presidente de Consulados e Embaixadas, cargo que já ocupava com Bandeira. Já o segundo, ainda é o presidente do Conselho de Administração e deve deixar a pasta assim que confirmar sua candidatura.

Ainda tentando se articular, o grupo de Bandeira de Mello, considerada oposição de Landim, não tem um nome para as próximas eleições — até o momento. O ex-presidente até chegou a cogitar lançar sua candidatura, no ano passado, mas dificilmente levará a intenção passada para frente. Com isso, Flávio Willeman é a pessoa mais forte para concorrer ao cargo.

Os atuais três nomes do pleito rubro-negro mantém uma relação respeitosa uns com os outros. No entanto, há algumas discordância quanto a maneira de governança pretendida para o próximo triênio do clube. Dentre elas, estão dois temas que são constantemente debatidos entre membros da política do Flamengo e até entre os torcedores: a profissionalização do futebol e a possibilidade da SAF.

SAIBA MAIS SOBRE OS PROVÁVEIS CANDIDATOS;

RODRIGO DUNSHEE

Filho de Antônio Augusto Dunshee de Abranches, presidente campeão mundial em 1981, Rodrigo Dunshee está presente na estrutura política do Flamengo há décadas. Sócio de um escritório de advocacia, ele frequenta o dia a dia do clube desde criança. No entanto, foi apenas no início da década de 90 que ingressou no conselho rubro-negro. Assumiu um cargo de poder pela primeira vez em 1998, quando foi eleito vice geral com Edmundo Santos Silva, mas rompeu com o então presidente após três meses e foi um dos responsáveis pelo seu impeachment em 2002.

Rodrigo Dunshee é o nome apoiado por Landim para o suceder na presidência do Flamengo — Foto: Flamengo
Rodrigo Dunshee é o nome apoiado por Landim para o suceder na presidência do Flamengo — Foto: Flamengo

A sua nova vida política no clube se iniciou em 2013, como vice-presidente do Conselho Deliberativo. Ele assumiu a presidência em 2015. Apesar de não estar entre os nomes que compunham a famosa "Chapa Azul", principal responsável pela mudança de postura financeira do Flamengo, ele afirma ter participado do processo.

Nome apoiado pelo atual presidente rubro-negro, Landim, Rodrigo Dunshee é uma figura que indica uma continuidade da atual gestão para o próximo triênio. Com ele, a atual estrutura de governança do clube deve ser mantida e o tema de uma possível SAF pode ganhar força nos bastidores. Após dois mandatos como vice geral e jurídico do Flamengo, o advogado pode chegar ao posto de mais poder.

Enquanto postula como o candidato mais forte para as eleições presidenciais do Flamengo, Dunshee está sendo investigado pela Polícia Civil por ser o possível dono de uma conta fake do "X", antigo Twitter, que atacava Bandeira de Mello. A Justiça do Rio de Janeiro autorizou, em fevereiro deste ano, a quebra de dados do perfil.

BAP

Um dos nomes que formaram a Chapa Azul, para as eleições de 2013, Luiz Eduardo Baptista é um empresário que ganhou muita força política nos últimos anos. No mesmo ano, ficou conhecido pela citação "para desespero dos detratores", após o título da Copa do Brasil, se referindo ao caminho que o Flamengo vinha traçando para se tornar a grande potência financeira do futebol brasileiro.

Bap é o nome mais forte para derrotar o grupo de Landim e Dunshee nas próximas eleições do Flamengo — Foto: Divulgação
Bap é o nome mais forte para derrotar o grupo de Landim e Dunshee nas próximas eleições do Flamengo — Foto: Divulgação

Bap entrou de vez nos cargos de poder do rubro-negro quando seu grupo assumiu o clube, em 2013. Com Bandeira, ele ingressou como vice de Marketing, trazendo consigo uma forte bagagem na presidência da operadora de TV a cabo Sky. Em desacordo com o ex-mandatário rubro-negro, o empresário acabou se desarticulando com ele e deixou depois de dois anos.

Após ficar poucos anos afastado dos trabalhos no clube, Bap retornou como um dos nomes políticos fortes de apoio a Landim, nas eleições de 2018. Com a vitória no pleito, o empresário passou a integrar o Conselho de Futebol, recém formado pela gestão da época. Três anos depois, ele foi eleito o novo presidente do Conselho de Administração (Coad) do Flamengo, cargo que ocupa até o momento.

Marcado pelas desavenças com Marcos Braz, vice-presidente de futebol, Bap acabou deixando o chamado "Conselhinho" — em 2022. Por isso, espera-se que ele mude a estrutura da pasta caso confirme sua candidatura e seja eleito. Em junho deste ano, ele confirmou ao blog do Diogo Dantas que é contra a implementação de uma SAF no Flamengo, o que pode ter sido o principal motivo para não ter recebido o apoio de Landim.

MAURÍCIO GOMES

O advogado Maurício Roberto Gomes de Mattos é Sócio do Flamengo desde 2002, e é um personagem de muita experiência dentro dos bastidores do clube. Dois anos depois, assumiu a vice-presidência do Fla-Gávea durante a gestão Márcio Braga. Já em 2010, primeiro ano da gestão de Patrícia Amorim, foi eleito presidente do Conselho de Administração, cargo para o qual foi reeleito no primeiro mandato de Bandeira. Ele era o vice-presidente de Consulados e Embaixadas, antes de entregar o cargo para lançar sua candidatura.

Dentro do Flamengo, Maurício é conhecido pela flexibilidade. No entanto, o integrante da antiga Chapa Azul passou por uma situação delicada em 2018. Ocupando a vice-presidência de Consulados e Embaixadas, ele viu sua pasta ser excluída pelo então presidente, Bandeira de Mello. O ex-mandatário do rubro-negro havia ficado inconformado com o apoio do advogado a Rodolfo Landim, nas eleições daquele ano.

Maurício Gomes é visto como uma possível terceira via nas próximas eleições do Flamengo — Foto: Divulgação
Maurício Gomes é visto como uma possível terceira via nas próximas eleições do Flamengo — Foto: Divulgação

Visto como uma possível terceira via, Maurício Gomes deve ter dificuldade para reunir força política capaz de superar Dunshee e Bap. Mesmo assim ele resolveu deixar a vice-presidência que comandou por quase 12 anos, com uma interrupção em 2018.

Apesar de ter uma boa relação com Landim, Maurício tem algumas discordâncias quanto a estrutura de governança do atual presidente do clube. As principais delas estão quanto ao futebol do clube e a possibilidade da implementação de uma SAF. No último dia 11, o candidato ao cargo de maior poder do Flamengo publicou sua posição nas redes sociais.

"Sempre fui contra a SAF, não me posicionei contra agora, que sou candidato. Defendo uma gestão profissional, com planos de cargos e salários. O papel do conselho diretor, composto 100% por sócios do Clube, é de estipular metas, acompanhar a execução e exigir resultados.", publicou o advogado.

Com um 2024 promissor no futebol, carro chefe do clube, o Flamengo vai vivenciando um clássico ano agitado de eleições. Landim não poderá concorrer ao cargo, já que comandou o clube pelo limite máximo de mandatos — 2. Com isso, ele vai tentar assumir a presidência do Conselho Deliberativo do rubro-negro, atualmente ocupado pelo seu apoiador Antônio Alcides.

Fonte: O Globo