Dados divulgados pelo Ministério do Trabalho permitem que torcedores de todos os clubes da Série A do Campeonato Brasileiro possam saber o peso feminino e das pessoas negras na força de trabalho das instituições, além da diferença salarial entre homens e mulheres.

As informações foram fornecidas pelos próprios clubes, levando em conta os empregados que tinham em dezembro de 2022.

Todo empregador privado com mais de 100 funcionários deve seguir a Lei 14.611/2023 e fornecer esses dados.

A primeira edição do "Relatório Nacional de Transparência Salarial e de Critérios Remuneratórios" foi publicada em 25 de março passado, e os empregadores, incluindo os clubes, tinham até 31 de março para divulgarem seus dados na Internet.

Entre os 20 clubes da Série A, o blog encontrou nos sites os dados de apenas sete times.

Mas é possível com uma ferramenta no site pesquisar, através do CNPJ, as informações de todos os clubes da elite nacional.

Nos clubes de futebol, a participação feminina no quadro de funcionário é bem menor do que a média nacional de empresas privadas.

O Athletico-PR é o que tem maior força de trabalho com mulheres: 35,3%, pouco abaixo da média nacional de 39,6%.

Além do time curitibano, só o Fluminense ultrapassa a marca dos 30%.

Criciúma (8,3%) e Juventude (7,2%) são os piores no quesito.

Em todo o Brasil, 17% dos trabalhadores do setor privado são mulheres negras. Entre os clubes com dados disponíveis, só Fortaleza , Bahia , Vitória e Cruzeiro ultrapassam essa barreira.

No Grêmio , só 4,4% da força de trabalho é composta por mulheres negras.

Novamente Juventude (0,9%) e Criciúma (0%) são os lanternas.

Já entre os homens negros os resultados são melhores.

No geral, 28% dos trabalhadores brasileiros em empresas privadas são homens negros.

Os times nordestinos ficam muito acima desse patamar. No Vitória, 81,5% dos funcionários são negros. No Bahia, 75,6%. No Fortaleza, 72,4%.

Abaixo da média nacional estão Flamengo , Internacional , Grêmio, Athletico-PR, Juventude e Criciúma.

Com os salários altos dos jogadores do time masculino, os clubes brasileiros fazem feio na comparação do salário entre homens e mulheres.

No país todo, a remuneração das mulheres equivale a 80,6% dos homens.

Entre os clubes com dados disponíveis, só São Paulo (89%) e Athletico-PR (82,9%) estão acima disso.

Em 16 clubes, o salário das mulheres não chega a metade do obtido pelos homens.

No relatório, o Ministério Público deu espaço para as empresas, incluindo os clubes, explicarem os motivos das diferenças por sexo e raça.

Só o Internacional se manifestou.

O clube gaúcho diz que o "relatório foi feito de forma automatizada, "sem a devida análise e correta parametrização das suas informações como, por exemplo, comparativo de funções e cargos equivalentes na estrutura funcional das instituições. Assim, desconsidera por completo as peculiaridades das relações contratuais inerentes aos clubes de futebol e suas atletas".

O Inter diz que ao "desconsiderar os atletas", mantém a "devida equidade salarial entre homens e mulheres no seu quadro administrativo operacional, técnico e de especialistas atuando nos mesmos cargos".

Os rankings: mulheres, negros e salários nos clubes do Brasil

Participação das mulheres no total de funcionários

  1. Athletico-PR - 35,3%

  2. Fluminense - 32,9%

  3. Atlético-GO - 26,7%

  4. Flamengo - 26,2%

  5. Corinthians - 26,1%

  6. Cruzeiro - 24,9%

  7. Palmeiras - 24,3%

  8. Atlético-MG - 21,4%

  9. Grêmio - 21,1%

  10. Fortaleza - 21,1%

  11. Internacional - 20,7%

  12. Botafogo - 20,5%

  13. Vasco - 19,9%

  14. Cuiabá - 19,6%

  15. Bahia - 18,8%

  16. Vitória - 18%

  17. Bragantino - 16,7%

  18. São Paulo - 15%

  19. Criciúma - 8,3%

  20. Juventude - 7,2%

Participação das mulheres negras no total de funcionários (em $)

  1. Fortaleza - 19,9%

  2. Bahia - 18,1%

  3. Vitória - 17,6%

  4. Cruzeiro - 17,2%

  5. Botafogo - 15,5%

  6. Fluminense - 15%

  7. Atlético-MG - 12,9%

  8. Corinthians - 10,8%

  9. Vasco - 8,5%

  10. Flamengo - 8,2%

  11. São Paulo - 7,8%

  12. Palmeiras - 7,4%

  13. Internacional - 7,4%

  14. Bragantino - 6,9%

  15. Atlético-GO - 6,7%

  16. Cuiabá - 6,5%

  17. Athletico-PR - 5,8%

  18. Grêmio - 4,4%

  19. Juventude - 0,9%

  20. Criciúma - 0%

Participação dos homens negros no total de funcionários

  1. Vitória - 81,5%

  2. Bahia - 75,6%

  3. Fortaleza - 72,4%

  4. Botafogo - 58,5%

  5. Vasco - 58,2%

  6. Atlético-MG - 49,5%

  7. Cruzeiro - 41,8%

  8. Bragantino - 41,2%

  9. Atlético-GO - 40,0%

  10. São Paulo - 37,6%

  11. Fluminense - 36,1%

  12. Cuiabá - 34,8%

  13. Palmeiras - 32,6%

  14. Corinthians - 29,6%

  15. Flamengo - 24,7%

  16. Internacional - 20,6%

  17. Grêmio - 17,2%

  18. Athletico-PR - 8,3%

  19. Juventude - 0%

  20. Criciúma - 0%

Quanto salários das mulheres equivale ao dos homens (inclui descontos e acréscimos)

  1. São Paulo - 89,3%

  2. Athletico-PR - 82,9%

  3. Flamengo - 55,9%

  4. Corinthians - 52,4%

  5. Grêmio - 49%

  6. Juventude - 47,2%

  7. Criciúma - 45,2%

  8. Vasco - 40,8%

  9. Palmeiras - 40,3%

  10. Internacional 36%

  11. Atlético-MG - 34,2%

  12. Vitória - 33,6%

  13. Atlético-GO - 32,7%

  14. Cruzeiro - 31,6%

  15. Botafogo - 28,5%

  16. Cuiabá - 27,3%

  17. Fluminense - 25,3%

  18. Bahia - 25%

  19. Bragantino - 22,7%

  20. Fortaleza - 18,5%