Quais foram as expectativas de gol dos times na 6ª rodada do Brasileirão? Entenda metodologia e confira

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O indicador de expectativa de gol (xG) ajuda a contar a história das partidas melhor que as demais estatísticas de finalizações, pois se entende que duas finalizações nem sempre fornecem o mesmo perigo para o adversário, como por exemplo uma feita do meio de campo e uma de pênalti. Por isso, cada finalização recebe um valor diferente, de acordo com suas características, mas levando principalmente em conta a distância e o ângulo de cada uma delas (veja metodologia no final do texto).

Palmeiras (2,58) 2-0 (0,41) Bragantino

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O Palmeiras produziu uma expectativa de gol de 2,58 xG e parte significativa dela veio do pênalti convertido por Raphael Veiga no final da partida. O pênalti é o tipo de finalização que tem a maior probabilidade de ser convertido em gol: dos 979 pênaltis cobrados e coletados pelo Espião Estatístico desde a edição de 2013 de Campeonato Brasileiro, 749 balançaram as redes (ou em 76,5% das vezes). O Verdão finalizou outras 13 vezes na partida, sendo duas de dentro da pequena área, sete de dentro da grande área e outras quatro de fora da área. Equipes com bons elencos tendem a finalizar mais vezes de locais mais próximos ao gol adversário.

O Bragantino finalizou 12 vezes ao gol, duas a menos que o Palmeiras , mas gerou uma expectativa de gol (xG) de apenas 0,41 xG e o motivo fica claro quando vemos de onde vieram essas finalizações: dez de fora da área e somente duas de dentro da grande área. Finalizações mais distantes do gol adversário têm menor probabilidade, em média, de serem convertidas em gol.

Ceará (0,88) 2-2 (0,86) Flamengo

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As expectativas de gol das equipes na partida mostram equilíbrio assim como no placar. Cada equipe produziu o suficiente para marcar menos de um gol (0,88 xG para o Ceará e 0,86 xG para o Flamengo ), foram eficientes no ataque e marcaram dois. A lógica para a defesa também vale: foram ineficientes e tomaram dois gols cada.

O Ceará finalizou 12 vezes ao gol: quatro de dentro da grande área e oito de fora da área. Nino Paraíba marcou o primeiro gol de falta direta da edição de 2022 (antes do gol do Ceará , ocorreram outras 71 finalizações de falta direta e nenhuma tinha sido convertida em gol). Das 5.517 finalizações de falta direta coletadas pelo Espião Estatístico desde a edição de 2013, somente 224 viraram gol (ou seja, somente em 4,1% das vezes).

O Flamengo finalizou 11 vezes, uma a menos que o Vozão: sete de dentro da grande área e quatro de fora. Oito finalizações foram feitas com os pés e três foram de cabeça: essas três cabeçadas resultaram em dois gols (de Willian Arão) e em uma bola acertando o travessão (de Pablo).

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Expectativas de gol muito próximas dos gols marcados (1,89 xG para o Atlético-MG , que marcou dois gols e 0,19 xG para o Atlético-GO , que não marcou). Foram 16 finalizações do Galo, sendo três de dentro da pequena área, sete de dentro da grande área e outras seis de fora da área. Já o Dragão pouco ameaçou o adversário com suas cinco finalizações (três de dentro da grande área e duas de fora).

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Equilíbrio no placar e também nas expectativas de gol (xG) das equipes. Curioso notar também que as equipes pararam de produzir boas chances após o segundo gol do Corinthians (linhas praticamente estáveis no gráfico acima). O Inter finalizou 11 vezes: duas de dentro da pequena área, seis de dentro da grande área e apenas de fora. Já o Timão finalizou uma vez a mais que o adversário: três de dentro da pequena área, cinco de dentro da grande área e quatro de fora.

Todos os gols da partida ocorreram de dentro da pequena área, ou seja, de distâncias curtas ao gol adversário.

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O Fluminense finalizou 11 vezes (seis de dentro da grande área e cinco de fora), produziu uma expectativa de 1,14 xG, foi eficiente e marcou dois gols. O Athletico-PR finalizou 12 vezes (duas de dentro da pequena área, duas de dentro da grande área e outras oito de fora da área), produziu uma expectativa de gol próxima de dois gols (1,86 xG), mas marcou apenas um.

Enquanto uma finalização do Furacão de dentro da pequena área virou o gol que diminuiu o placar, a outra foi desperdiçada por Pablo. Finalizações parecidas com a perdida pelo atacante - de dentro da pequena área e principalmente sem goleiro - sugerem uma expectativa de gol de 0,90 xG (ou seja, a cada 10 finalizações, nove geralmente viram gol).

São Paulo (2,48) 2-1 (1,07) Cuiabá

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O Cuiabá , antes das duas finalizações da jogada que sai o gol que abre o placar da partida, havia finalizado apenas uma única vez e depois foram apenas mais duas. Quase toda a expectativa de gol de 1,07 xG produzida pela equipe visitante vem da jogada do gol, como sugere o gráfico acima.

O São Paulo finalizou 20 vezes durante o jogo: um pênalti, uma de dentro da pequena área, 12 finalizações de dentro da grande área e outras seis de fora. Antes do pênalti e da expulsão, lances polêmicos que envolveram arbitragem, o Tricolor já vinha produzindo chances suficientes para marcar pelo menos um gol e empatar a partida (linha preta do gráfico acima), mas parou na maioria das vezes em Walter (sete defesas antes do gol).

Coritiba (0,84) 1-0 (0,54) América-MG

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Foram 14 finalizações do Coritiba (seis de dentro da grande área e oito de fora) contra nove do América-MG (quatro de dentro da grande área e cinco de fora), mas sem nenhuma finalização com elevada expectativa de gol. A chance com maior expectativa de gol do Coelho foi com Pedrinho (bloqueado por Henrique), enquanto a melhor chance do Coritiba foi a do gol de Andrey.

Botafogo (1,05) 3-1 (1,16) Fortaleza

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As expectativas de gol sugerem que as equipes produziram próximo de um gol cada (1,16 xG do Fortaleza e 1,05 xG do Botafogo). Pelo lado da equipe visitante, a jogada do gol corresponde a 70% (0,82 xG dos 1,16 xG) do que a equipe produziu no jogo todo. O Leão do Pici finalizou outras dez vezes, só que a maioria delas de fora da área (seis) ou de locais de dentro da área com ângulo menos centralizado ao gol.

Já o Glorioso foi eficiente e marcou três gols. Como vimos mais acima, um dos gols veio de um tipo de finalização com probabilidade baixa de ser convertida em gol (falta direta convertida por Patrick de Paula e que contou com desvio da barreira). A jogada do terceiro gol, apesar de ocorrer de dentro da grande área, também conta com desvio do goleiro (Daniel Borges tenta cruzar duas vezes a bola antes dela entrar). Foram dez finalizações do Botafogo, uma de dentro da pequena área (o gol de empate), quatro de dentro da grande área e outras cinco de fora.

Avaí (1,20) 1-2 (0,72) Juventude

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O Avaí finalizou 17 vezes no jogo (dez de dentro da grande área e outras sete de fora) e produziu uma expectativa de 1,20 xG. Os minutos de melhores chances da equipe mandante ocorreram já no final da partida quando buscava o empate (linha preta do gráfico subindo mais).

Já o Juventude produziu uma expectativa de 0,72 xG e marcou dois. Foram apenas cinco finalizações da equipe visitante: uma de dentro da pequena área (o primeiro gol), duas de dentro da grande área e duas de fora.

Goiás (1,46) 1-0 (1,08) Santos

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Enquanto o Goiás produziu uma expectativa de 1,46 xG (metade do que produziu veio do pênalti) e conseguiu marcar um gol, o Santos produziu o suficiente para marcar um gol e não fez. Foram dez finalizações do Goiás (além do penal, seis de dentro da grande área e três de fora) contra 17 do Santos (nove de dentro da grande área e oito de fora).

Simulando 10.000 vezes cada finalização da partida, o Goiás sairia com os três pontos em 46% das vezes, o empate ocorreria em 26% das vezes e a vitória do Santos ocorreria em 28% das vezes. Com isso, é possível calcular a expectativa de pontos (xP): para o caso do Goiás , seriam 1,64 xP (3 pontos x 46% + 1 ponto x 26%), enquanto a realidade foram os três pontos da vitória.

Essas probabilidades podem ser encontradas à direita de cada gráfico e, por fim, podemos ver quem são as equipes mais e menos eficientes em questão de pontos, gols marcados e gols sofridos na tabela abaixo:

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O Corinthians é a equipe mais eficiente em termos de pontos (conquistou 6,1 pontos a mais do que a expectativa das finalizações feitas e sofridas em cada partida sugerem) e no ataque (marcou 3,2 gols a mais do que a qualidade de suas finalizações sugerem), o Santos é a equipe mais eficiente na defesa (tomou 4,5 gols a menos do que a qualidade das finalizações sofridas sugerem).

Do outro lado, enquanto o Fortaleza é a equipe menos eficiente em termos de pontos conquistados (7,2 a menos do que o esperado) e na defesa (tomou 3,9 gols a mais do que se esperava das características de suas finalizações cedidas), o Athletico-PR é a equipe menos eficiente no ataque (marcou 4,7 gols a menos do que se esperava das características de suas finalizações).

Além de identificar quem são as equipes que estão performando acima ou abaixo do que se esperava nas partidas da 6ª rodada e até aqui na competição, conseguimos determinar quem são os jogadores que marcaram mais ou menos gols do que as características de suas finalizações sugerem. Vale lembrar de que o futebol é o esporte em que o acerto é mais raro (neste caso o gol) e isso faz com que nem sempre o placar final de um jogo seja condizente com a performance das equipes em campo.

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Você poderá encontrar gráficos e análises de demais jogos no Twitter do Espião Estatístico

Metodologia

O indicador de "Gols Esperados" ou "Expectativa de Gols" (xG) é uma métrica consolidada na análise de dados que tem como referência mais de 84 mil finalizações cadastradas pelo Espião Estatístico em mais de 3,3 mil jogos de Brasileirões desde a edição de 2013. São consideradas a distância e o ângulo da finalização em relação ao gol, a parte do corpo utilizada para concluir, se a finalização foi feita de primeira ou foi ajeitada , se o chute foi feito com a perna boa ou ruim do jogador, assim como a origem do lance (se a partir de um cruzamento, falta direta, de uma roubada de bola, etc). Também são levados em conta o valor de mercado das equipes em cada temporada a partir de dados do site Transfermarkt, o tempo de jogo e a diferença no placar no momento de cada finalização.

Como exemplo, de cada cem finalizações da meia-lua, apenas sete viram gol. Então, considerando somente a distância do chute, uma finalização da meia-lua tem expectativa de gol (xG) de cerca de 0,07. Cada posição do campo tem uma expectativa diferente de uma finalização virar gol, que cresce se for um contra-ataque por haver menos adversários para evitar a conclusão da jogada. Cada finalização de cada equipe recebe um valor e é somada ao longo da partida para se chegar ao xG total de uma equipe em cada jogo.

* Bruno Imaizumi é economista parceiro da equipe do Espião Estatístico, que é formada por: Felipe Tavares, Guilherme Maniaudet, Guilherme Marçal, João Guerra, Leandro Silva, Mateus Pinheiro, Roberto Maleson e Valmir Storti.

Fonte: Globo Esporte