Eleição conquistada, o momento agora para o novo presidente do Flamengo, Luiz Eduardo Baptista, o Bap , e seus apoiadores é de arregaçar as mangas. Antes de passos mais concretos no processo de reestruturação que deseja fazer no clube, o novo mandatário deseja mapear obrigações e compromissos assumidos pela gestão Rodolfo Landim para entender até onde pode avançar.
A situação financeira, por exemplo, exige uma lupa especial. A previsão é de que o clube encerre 2024 com R$ 3 milhões no caixa, o que deve tornar mais espinhoso o primeiro trimestre em 2025. Numa rápida análise, a equipe de Bap entende que podem ser necessárias vendas de jogadores ou empréstimos bancários, o que necessariamente aumentaria o endividamento. Tudo para reequilibrar o caixa.
O entendimento é de que o cenário não é desesperador, mas, sim, exige um alerta diante dos investimentos recentes como a compra do terreno do Gasômetro para a construção do estádio - que terá um custo de R$ 170 milhões - e reforços como Alcaraz - ao valor de US$ 20 milhões em negócio feito com o Southampton , da Inglaterra - Plata, Alex Sandro e Michael . Os dois últimos chegaram livres, mas com luvas altas.
A cautela com os cofres se justifica e explica a nota da nova gestão ao recomendar que fornecedores não assinem novos contratos com o clube até primeiro de janeiro de 2025. Se considerados prejudiciais ao Flamengo a nova diretoria promete revisá-los ou até mesmo rescindi-los. A postura é característica do novo presidente, considerado um negociador feroz.
Em 2012, quando Eduardo Bandeira de Mello foi eleito presidente pela primeira vez e iniciou a gestão da então Chapa Azul, Bap era vice-presidente de marketing. Foi ele quem renegociou um contrato já alinhavado de dez anos com a Adidas em bases consideradas mais vantajosas. Na ocasião, a gestão utilizou os R$ 40 milhões de luvas da fornecedora para fazer a roda girar, pagar dívidas, conseguir certidões negativas e iniciar o processo de ressurgimento financeiro. Reestruturar é uma palavra de ordem no Flamengo do presidente Bap.
O futebol, carro-chefe, será diretamente atingido. Foi promessa de campanha profissionalizar o departamento, sem espaço para indicações por laços de amizade. É um desejo antigo de apoiadores de Bap que não aprovavam a maneira como o vice de futebol de Rodolfo Landim, Marcos Braz, tocava o departamento. Por isso já houve a proposta por João Paulo Sampaio, coordenador de base do Palmeiras . A ideia é fazer um trabalho em conjunto com o português José Boto, que tem situação encaminhada para ser o novo diretor executivo de futebol profissional , com perfil mais técnico, baseado em scouts .
O nome de Boto já circulava nos bastidores desde o início do lançamento da campanha de Bap à presidência. Após esse passo, outros setores do departamento, como a gestão de saúde, podem sofrer mudanças. Diante do freio de mão nas finanças, ao menos inicialmente, a tendência é de que os reforços sejam pontuais e o clube vá ao mercado apenas após o conhecimento completo das finanças.
Bap e sua equipe ainda organizam o organograma do clube. Nomes fortes da chapa, como Rodrigo Tostes, vice de finanças nas gestões Bandeira de Mello e Landim, e Cláudio Pracownik, vice de finanças na segunda gestão de Bandeira de Mello, estão cotados para ocupar cargos importantes da nova diretoria. Tostes, por exemplo, esteve na terça-feira na Gávea com Flávio Willeman, vice-presidente geral eleito, já em busca de informações sobre a atual situação rubro-negra. No mesmo dia, o presidente eleito encontrou com Marcos Braz em um restaurante na Zona Oeste do Rio.
Eleição no Conselho Deliberativo é outra prioridade
Em todo este panorama, a nova gestão rubro-negra se preocupa também com a eleição para o Conselho Deliberativo do clube, marcada para segunda-feira, 16 de dezembro. A prioridade é eleger Ricardo Lomba para a presidência do poder antes da posse da nova gestão, no dia 18. Lomba foi vice-presidente de futebol no fim de 2018 e candidato à sucessão de Bandeira de Mello no mesmo ano, mas acabou derrotado por Rodolfo Landim.
Apoiado por Bap, ele tem como propostas votacão à distância com estrito controle, votações secretas para evitar constrangimentos e promete uma modernização institucional, como no estatuto do clube. Landim chegou a ser cogitado nos bastidores como um possível adversário, mas a ideia não se concretizou. Álvaro Ferreira será o outro candidato e, embora estivesse em um dos grupos que formavam a base de Rodrigo Dunshee, ele ainda não teve o apoio público do atual presidente.