Primeiro mês de Bap: Flamengo dá poder a Boto, promove demissões e adia discussão sobre estádio

publicidade

A gestão de Luiz Eduardo Baptista, o Bap, no Flamengo completa um mês neste sábado. A grande mudança em relação às administrações anteriores diz respeito à separação do futebol das demais áreas do clube. O Ninho do Urubu e a Gávea caminham mais separados do que nunca neste início.

A mudança radical no dia a dia lembra a transformação na rotina de clubes que viraram SAFs recentemente. No Flamengo , no entanto, isso foi feito sem a formação de uma empresa ou a venda para um grupo externo. Bap separou a gestão do futebol e afastou vice-presidentes do Ninho do Urubu. Quem manda no CT é o diretor técnico.

A contratação de José Boto foi o primeiro ato da nova diretoria. Todas as decisões relativas ao futebol precisam do aval do português. O presidente deu carta branca ao diretor e respeita o espaço do elenco. O ge ouviu que Bap tem ido pouco ao Ninho e, quando vai para se encontrar com Boto, costuma fazê-lo fora dos horários de treinos, para evitar interferir no dia a dia do time.

Todas as decisões relativas ao futebol do Flamengo precisam do aval de Bap — Foto: Divulgação / Flamengo

Publicamente, Bap também evita aparições. Só deu uma entrevista coletiva até o momento, no dia 18 de dezembro, antes de ser empossado. Não foi o protagonista nas apresentações dos dois reforços contratados e tampouco viaja com a delegação.

José Boto será o responsável pela reformulação do departamento e fez algumas mudanças significativas. A diretoria do Flamengo promoveu duas demissões em massa: uma no departamento médico e outra na base. Veja abaixo os principais atos do futebol no primeiro mês:

Com promessa de propor a reforma do Estatuto do clube, Bap quer derrubar a obrigatoriedade de nomeação de vice-presidentes e enxugou as pastas. São 19 as VPs obrigatórias no estatuto, mas o presidente nomeou 14 e mudou as credenciais dos dirigentes.

Os vice-presidentes não têm mais acesso a áreas restritas do Maracanã, como vestiários e campo. A ideia é que a política da Gávea não interfira nas decisões do futebol.

Bap e seus vice-presidentes no Flamengo — Foto: Gilvan de Souza / Flamengo

O Flamengo criou uma Comissão Provisória de Tecnologia da Informação (CPTI) com o intuito de modernizar os processos tecnológicos do Conselho Deliberativo. Isso permite que as reuniões do CoDe sejam realizadas de forma híbrida (presencial e remoto). A pedido do presidente do conselho, Ricardo Lomba, o clube também passou a listar todos os seus membros nomeados no site oficial.

Bap nomeou Paulo Dutra, diretor administrativo e financeiro do Rubro-Negro entre 2013 e 2017, como diretor-geral do clube. O primeiro mês de trabalho na Gávea é silencioso. A nova diretoria ainda analisa números e acessa informações para fazer um diagnóstico. Não quer tomar nenhuma decisão sem antes ter a clareza sobre o quadro do Flamengo . A expectativa é que haja um detalhamento da situação do clube quando a gestão completar 100 dias.

A cautela afeta o avanço das tratativas para a construção do estádio. A nova diretoria do Flamengo pediu o adiamento da assinatura do termo final do acordo pela compra do terreno do Gasômetro , onde será erguida a arena. O pedido se dá porque o presidente Bap contratou um estudo sobre a viabilidade da obra e quer entender o cenário antes de seguir com o projeto. Enquanto isso, o sonho da casa própria rubro-negra fica no modo "stand by" (em espera, em inglês).

Terreno do Gasômetro na Região da Zona Portuária do Rio — Foto: André Durão

O termo deveria ter sido assinado na primeira semana de janeiro, e o Flamengo pediu o adiamento por 90 dias. O pedido não significa que o clube não vai assinar. Esta hipótese sequer é cogitada nos bastidores até o momento. Enquanto avalia as condições, o clube também negocia com a Prefeitura do Rio e a Naturgy o remanejamento da estação de gás existente no terreno.

Se a atual diretoria do Flamengo decidir não assinar este termo, a posse do terreno tomada pelo clube em outubro do ano passado seria anulada e todo o acordo que foi fechado com a Caixa seria desfeito. Com isso, a disputa pelo Gasômetro voltaria a correr na Justiça, e o Rubro-Negro precisaria de um acordo para recuperar o investimento já feito, de R$ 146 milhões.

Assista: tudo sobre o Flamengo no ge, na Globo e no sportv

Fonte: Globo Esporte