Pressionado pela Libra, Forte Futebol se reúne no Rio para definir futuro

Depois de verem o Botafogo aderir à Libra (Liga Brasileira de Clubes) , movimento que deve levar à entrada dos gaúchos e do Atlético-MG e fazer com que alcancem 13 integrantes, o que permitiria o registro na CBF, o Forte Futebol se reúne nesta segunda-feira (16) em um hotel em São Conrado (zona sul do Rio de Janeiro) para decidir de fato os próximos passos.


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O pelotão, formado por 23 integrantes das séries A e B, e que conseguiu vitórias importantes na última semana, como cancelar a reunião que aconteceria na última quinta-feira (12), na sede da CBF, no Rio, vê como certo a fundação e estabilização da Libra. O objetivo é tentar o atendimento de suas exigências. Ou senão montar um bloco independente de negociação dos direitos de TV para o Brasileirão a partir de 2025, quando se encerram os contratos atuais assinados com a TV Globo.

- O Forte Futebol é um movimento de clubes que vem buscando uma forma mais igualitária de conduzir o futebol brasileiro. Entendemos que os clubes com mais torcida têm muitos meios de monetizar esse tamanho, então as verbas de televisão e outros produtos derivados dos campeonatos devem ser distribuídos de maneiras mais igual possível. Isso é bom para o campeonato, que se torna mais equilibrado e de alto nível, e bom para os clubes poderem entrar numa competição onde haverá de fato disputa. Entendo como um movimento muito importante para buscar uma união e um equilíbrio de forças - disse ao LANCE! o presidente do Avaí, Julio Cesar Heerdt.

O L! apurou que um documento será formalizado onde os 23 integrantes do grupo entregarão suas reivindicações à Libra, em encontro que deve acontecer até o fim desta semana, em lugar ainda a ser definido, já cientes de que a Liga deverá ser formalizada.

- A intenção do Forte Futebol é discutir em conjunto temas relevantes para o futuro do futebol brasileiro, como a criação de uma liga entre os clubes. Os integrantes propõem mudanças na distribuição financeira, buscando uma forma mais igualitária entre os times. As decisões são tomadas em conjunto, proporcionando condições justas para a divisão dos aportes comerciais - ressaltou à reportagem Marcelo Paz, presidente do Fortaleza.

- A Liga é fundamental, o Forte Futebol é a consolidação da união entre os clubes, tornando uma plataforma para discussão de propostas. Com isso, conseguiremos decidir o caminho mais vantajoso para as instituições. Queremos buscar um espaço maior, com participação nas decisões para transformar o futebol no brasil - contou Walter Dal Zotto Júnior, mandatário do Juventude, ao L! .

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CONFIRA ABAIXO AS DISCUSSÕES SOBRE A LIGA BRASILEIRA

1 - PODER

Quem vai mandar na Libra? Essa é uma pergunta essencial para parte dos 23 integrantes do Futebol Forte. Há consenso entre Athletico, Fortaleza e Fluminense, o trio de ferro do bloco, que paulistas e Flamengo querem enfiar a entidade na marra e que haverá pouco espaço para eles na cadeia de comando, mesmo sob uma hipotética gerência empresarial com profissionais de fora.

Há reclamação por parte dos times da Segundona também. Com o estatuto da Libra como foco. Isso porque o texto prevê que os 20 integrantes da Série B tenham poder de voto de peso um ante o peso dois dados aos da Série A.

2 - O DINHEIRO

É importante ressaltar que o Brasileirão da Libra entraria em funcionamento', digamos assim, apenas em 2025, quando vencem os atuais contratos da CBF com patrocinadores e, principalmente, a TV Globo.

Diante disso, a Liga já está acertada com a Codajas Sports Kapital (CSK), que tem o apoio do banco BTG e promete receitas na margem de até R$ 5,1 bilhões com patrocínios e direitos de transmissão.

3 - TV

Nos bastidores, conforme o L! apurou, Amazon e Globo, dobradinha que já atua na Copa do Brasil, por exemplo, estariam de olho na Libra e demonstraram interesse na compra conjunta dos direitos.

Há ainda questões como direitos ao nome do torneio, publicidade estática nos campos de jogo, exploração da marca e TV no exterior, que aumentaria o faturamento. Segundo estudos da Liga, o Brasil tem potencial para pelo menos se igualar à França, o que deixaria o país entre as dez ligas mais valiosas do mundo.

4 - O QUE A LIBRA DEFINIU

Em seu estatuto, a Liga definiu a divisão de 40% da receita igualmente entre todos os participantes da competição, 30% de variável por performance e 30% por engajamento.

Esse último item é definido por critérios como média de público no estádio, base de assinantes de pay-per-view, número de seguidores e engajamento em redes sociais, audiência na televisão aberta e tamanho da torcida.

5 - FUTEBOL FORTE DISCORDA

O grupo inicialmente formado apenas pelos emergentes da Série A aponta os critérios como os principais motivos pelas suas insatisfações. Segundo eles, a própria Libra detalha que a diferença entre o campeão brasileiro e o lanterna da competição, por essa divisão, geraria um abismo de até 6,5 vezes na receita de cada um dos clubes.

O Futebol Forte quer uma cópia da divisão adotada na Premier League, da Inglaterra: 50% divididos igualmente, 25% por performance e 25% da receita nos critérios de engajamento, que poderia ser rediscutida adiante. Segundo eles, isso faria cair a diferença entre primeiro e último para 3,5 vezes, valor considerado mais justo.

6 - SÉRIE B

A divergência atingiu a segunda divisão. Isso porque a Libra definiu em seu estatuto o repasse de 15% das receitas para a competição, podendo chegar a 20% caso os grandes caiam. Mas os clubes querem mais.

A proposta dos integrantes da Série B é de repasse de 25%. A proposta teve o apoio do Futebol Forte, que com isso angariou a adesão de 12 participantes da Segundona.

7 - CONCORDÂNCIA

Nem todos os pontos entre Libra e Futebol Forte são de discórdia. Ambos aprovam, por exemplo, cláusulas de fair play financeiro colocadas no estatuto.

O trecho, inclusive, determinará punição aos clubes que infringirem a regra. É possível que haja perda de pontos, rebaixamento, impedimento de registro de atletas e até sanções financeiras aos que gastarem mais que o permitido pelo regulamento da competição.

8 - E COMO FICA?

O Futebol Forte promete formular suas reivindicações em reunião agendada para o próximo dia 16. Posteriormente prometem encontro com a Libra, após melarem a reunião que aconteceria quinta-feira (12) na sede da CBF, no Rio de Janeiro (RJ).

Para a Liga ser implantada, o estatuto da CBF define que haja a adesão de pelo menos um terço dos participantes das séries A ou B. Ou seja, a Libra precisa de 13 assinaturas. Se isso não ocorrer, o Brasileirão continua organizado pela CBF e os dois lados negociarão por conta própria seus direitos de televisão.

QUEM JÁ É INTEGRANTE DA LIBRA

Corinthians
São Paulo
Palmeiras
Santos
Bragantino
Ponte Preta
Flamengo
Vasco
Botafogo
Cruzeiro

QUEM INTEGRA O FUTEBOL FORTE

Athletico
América-MG
Atlético-GO
Avaí
Brusque
Ceará
Chapecoense
CSA
CRB
Coritiba
Criciúma
Cuiabá
Fluminense
Fortaleza
Goiás
Juventude
Londrina
Náutico
Operário
Sampaio Corrêa
Sport
Tombense
Vila Nova

QUEM SÃO OS MODERADORES E AINDA NÃO APOIARAM NENHUM DOS LADOS

Grêmio
Internacional
Bahia
Atlético-MG
Novorizontino
Guarani
Ituano

Mário Bittencourt

Fluminense, de Mario Bittencourt, ainda não aderiu à Libra (Foto: Reprodução/FluTV)

Fonte: Lancenet