Pressão por mudanças no Fla aumenta, Bandeira vê aliados distantes e fica espremido entre executivos

A cada derrota e aumento da temperatura da panela de pressão política rubro-negra, fica mais claro o isolamento do presidente Eduardo Bandeira de Mello em 2017. Espremido entre os executivos Fred Luz e Rodrigo Caetano, que tomaram as rédeas do futebol e não dão espaço para dirigentes amadores, o presidente ainda resiste a cobranças por mudanças radicais conforme os objetivos da temporada ficam sob risco. A queda na Copa Sul-Americana e a não classificação para a Libertadores, no entanto, seriam tragédias que não deixariam pedra sobre pedra no planejamento para 2018.

Em outra ponta, vice-presidentes e conselheiros da base de apoio do mandatário se afastam e começam a ser tragados por membros da oposição dissidente do grupo que originou a atual gestão. O processo se dá com a presença de uma terceira via, do vice-geral Mauricio Gomes de Mattos, que não converge com Bandeira em quase nenhuma decisão e tem vida política independente no clube, com pretensão eleitoral ano que vem. No último sábado, Mattos casou a filha no Rio com presença de várias correntes da Gávea, incluindo vice-presidentes atuais. Todos qualificaram uma foto do encontro rubro-negro como confraternização, e não união política ou debandada de dirigentes.

Mas haveria motivo para tal? Segundo fontes do clube, sim, Bandeira se isolou e deixou aliados de lado. Na prática, ficou submetido a diretrizes tocadas por Fred Luz. E não ultrapassa os limites do futebol delimitados por Rodrigo Caetano. Com os executivos como aliados, mas também sem questioná-los, o presidente confia na sequência do trabalho até que os resultados se comprovem um fracasso. De um lado, tem um diretor-geral responsável por manter a filosofia planejada pelo clube. Do outro, um diretor de futebol com força no vestiário e preocupado em manter a evolução de um trabalho planejado a médio e longo prazo.

Nos úlltimos dias, Edmilson Varejão e Rafael Strauch deixaram as vice-presidências por motivos pessoais. Ambos não estiveram na festa de casamento. Alexandre Wrobel, Daniel Orlean e Claudio Pracownick, sim. Além do vice de futebol Ricardo Lomba. Questionados, nenhum deles viu conotação política na foto. Nela, estavam membros da oposição como Gustavo Oliveira, Rodrigo Tostes, Wallim Vasconcellos e Rodolfo Landim. E membros da política como o ex-presidente Helio Ferraz. Bandeira não quis comentar a foto. Segundo Mauricio Gomes de Mattos, ele foi convidado mas alegou problemas familiares para não ir ao casamento. No Flamengo, nem sempre tudo funciona na tristeza como na alegria.

Confira as declarações de alguns dos presentes na foto:

Alexandre Wrobel, vice de patrimônio: "Vejo com absoluta naturalidade! Nenhum cunho político na foto! Não obstante a isso, tenho amizade com vários membros da chapa verde assim como de outras correntes políticas do clube".

Daniel Orlean, vice de marketing: "Era só um casamento, fui convidado e estava presente por questões pessoais. Não tenho nada contra as pessoas que estavam na foto. Podemos ter ideias diferentes, mas isso não me impede de tirar foto com pessoas num mesmo evento".

Claudio Pracownick, vice de finanças: "A pergunta é óbviamente capciosa, mas não comento assuntos de natureza absolutamente pessoal. Daqui a pouco vou ter que dar conta para a coluna "de esportes" para justificar com quem almocei ou jantei. Isso jamais irá acontecer comigo!"

Ricardo Lomba, vice de futebol: "Foi uma ocasião absolutamente social. Não tem o menor cabimento dar qualquer outra conotação ao episódio".

Wallim Vasconcellos, oposição: "Foi um encontro social, que serviu para o reencontro de pessoas que sempre tiveram uma boa relação. Muitas conversas sobre Flamengo atual e sobre o futuro. Não classifico como dissidência, mas serviu para uma aproximação que pode ter desdobramentos".

Gustavo Oliveira, oposição: "Foi, antes de mais nada , um ótimo encontro social. Apesar disto , claro que se falou muito sobre os resultados do time e sobre a péssima administração do Futebol do Flamengo. Somos todos rubro-negros e não podemos nos conformar com a postura de que tudo está bem. Infelizmente não está".

Helio Ferraz, ex-presidente: "O Flamengo é democracia e diversidade. Eu sonho c um Flamengo unido c todas as s melhores forças todas juntas. Casamento é um ritual que celebra a união pelo amor. O amor familiar e o amor pelo Flamengo".

Fonte: Extra