Exatos 10 meses depois, Filipe Luís regressou ao palco de sua despedida da carreira de jogador para dar início a uma nova jornada como técnico. A estreia com vitória por 1 a 0 sobre o Corinthians, pela semifinal da Copa do Brasil, nesta quarta-feira, no Maracanã, ficou marcada por intensidade à beira do campo . O novo treinador foi muito ativo nas orientações a seus jogadores, recebeu advertência da arbitragem, festejou gol com vigor, e se emocionou com as respostas no gramado e na arquibancada.
A torcida deu o tom do acolhimento que Filipe Luís teria em sua primeira partida como treinador do time profissional. Assim que o árbitro apontou o inicio, os flamenguistas cantaram: "Fi-Li-Pe-Luís. Fi-Li-Pe-Luís". Mas logo emendaram gritos de "queremos raça", mostrando que as dores da eliminação nas quartas de final da Libertadores continuam vivas no sentimento rubro-negro.
Em campo, os jogadores responderam. Os trinta primeiros minutos do jogo foram um massacre do Flamengo , que exibiu agressividade na marcação ofensiva, velocidade na construção das jogadas, muitas triangulações e finalizações perigosas, em uma postura que há muito não se via no time. E Filipe Luís tentava controlar cada parte do processo em campo.
Seu início de jogo foi sereno, com muita observação, enquanto o Flamengo empilhava oportunidades de gols. Aos poucos, ele passou a ficar mais agitado e a dividir suas impressões com o auxiliar Ivan Palanca, diante de uma prancheta verde em que analisavam aspectos do jogo. Por diversas vezes, também pediu aos auxiliares que fizessem cortes de lances que estudaria e mostraria aos jogadores na sequência.
Aos 31 minutos do primeiro tempo, veio euforia quando Alex Sandro invadiu a área e fez o gol rubro-negro na partida. Filipe Luís comemorou se ajoelhando no chão, as mãos para o céu e logo foi abraçado pelos ex-companheiros e agora comandados David Luiz e Ayrton Lucas.
A condução do time continuou intensa após o gol. A todo momento ele gesticulava indicando o posicionamento, o foco das orientações era a necessidade de se postarem de forma compacta. Em um contra-ataque do Corinthians em que a defesa estava desarrumada, ele gritou bastante para que os homens de ataque voltassem mais rápido e foi atendido. Quando o time estava com a bola, seus jogadores eram cobrados a se aproximarem para dar opção de passes e triangulações.
A empolgação foi tão grande em dado momento que, sem perceber, Filipe saiu da área técnica e foi advertido pelo quarto árbitro. Ele se desculpou cordialmente e retornou ao seu lugar.
Apesar do gol, o ataque pecou bastante nas finalizações e desperdiçou a chance de construir uma diferença maior. Assim que o time retornou do intervalo, Filipe chamou Arrascaeta, Gabigol e Bruno Henrique e deu novas orientações ao pé do ouvido do trio com quem conquistou duas Libertadores, dois Campeonatos Brasileiros e uma Copa do Brasil.
No segundo tempo, o fôlego do Flamengo diminuiu e o jogo passou a ser mais equilibrado. Ele levava as mãos na cabeça e rapidamente as tirava a cada chance desperdiçada. Aos 26, Gabigol marcou depois de desviar bola de Bruno Henrique, e foi comemorar abraçado ao treinador. Entretanto, o gol foi anulado pelo VAR, que apontou impedimento.
Minutos depois, decidiu substituí-lo, e Gabigol o abraçou ao deixar o campo. A torcida aplaudiu intensamente o atacante, em reconhecimento ao esforço apesar de o gol não ter saído. No dia anterior, Filipe afirmou que uma de suas missões é recuperar o artilheiro.
Mesmo contrariado com algumas decisões da arbitragem, só depois de o apito assinalar o final da partida, ele se dirigiu aos árbitros para se posicionar de forma mais serena do que Bruno Henrique, que reclamava com veemência.
Ao fim do jogo, Filipe Luís sabia que seu time podia mais, que a vitória poderia ter uma diferença que lhe trouxesse conforto para o jogo da volta, em São Paulo, mas o conjunto da estreia, mais do que o resultado, foi o que satisfez e emocionou novo comandante rubro-negro.
- O que eu vivi, nesses últimos dois, três dias, foi muito intenso, muitas horas de preparação para tentar ajustar as coisas para o jogo, mas ficar no banco de reservas já não é uma novidade para mim. Eu já tinha vivido isso com o sub-20 e algumas vezes antes. O que me impressionou foi ver meus companheiros correndo e fazendo o que eu falava. Antes, eu estava dentro do campo jogando com eles e agora eu falava para ajustar as posições e eles me obedeciam, e isso foi o que mais me emocionou - disse durante a entrevista coletiva.
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