Personagem de cartaz em ringue de boxe para Flamengo x Chelsea, David Luiz diz: "Vai ser uma briga"

Tão logo o sorteio colocou Flamengo e Chelsea no mesmo grupo da Copa do Mundo de Clubes, no dia 5 de dezembro, a Fifa criou um cartaz para promover o jogão em um ringue de boxe: de um lado, o técnico Enzo Maresca e o astro inglês Cole Palmer; do outro, Filipe Luís e David Luiz, dois ex-jogadores dos Blues.

O problema é que David Luiz deixou o Flamengo na virada do ano, após terminar o seu contrato, e em janeiro a Fifa o substituiu por Gerson na arte . Hoje no Fortaleza aos 38 anos, David Luiz disse que não ficou sabendo dessa confusão dos cartazes. O ge mostrou a versão inicial do material para ele, que reagiu assim ao ver pela primeira vez:

Cartaz da Fifa para promover Flamengo x Chelsea com David Luiz — Foto: Divulgação / Fifa

É o boxe, pai. Vai ser uma briga, vai ser uma briga (risos). Esse jogo vai ser uma briga".
— David Luiz, zagueiro ex Fla e Chelsea.

— O Flamengo pode surpreender muito nessa questão de intensidade e nesse plano de jogo bem definido, que muitos acho que talvez do Chelsea não conhecem ainda a maneira que o Flamengo vem jogando. E do Chelsea, é esse time já com identidade bem clara do (Enzo) Maresca desse jogo de posse, intenso, com jogadores de muita qualidade pelas bandas e um meio campo que sabe o que faz. Um meio campo sul-americano, com Enzo (Fernández) e (Moisés) Caicedo, que conhecem bem o que é o futebol brasileiro também. Então, para mim vai ser um jogo muito, muito bonito de se ver e que ambas as equipes tenham a possibilidade de sair vencedora.

Fato é que poucos podem falar dos dois clubes com tanta propriedade. David Luiz conquistou muitos títulos por ambos (Champions League, Liga Europa, Premier League, Copa da Inglaterra, Libertadores, Copa do Brasil e Carioca) e virou ídolo dos dois lados. Perguntado em qual deles teve maior identificação, o zagueiro ficou em cima do muro. Mas ao responder qual foi mais intenso, não titubeou:

— Acho que a intensidade era um pouco maior no Flamengo. No Flamengo é tudo muito intenso. Acho que a paixão do torcedor é de certo modo muito mais intensa porque já é cultural de muito mais anos. Talvez pelo Chelsea vir construindo todos os anos esse leque, essa grandeza de torcedores ao redor do mundo. Mas o Flamengo já é algo de muito, muito tempo atrás. Desde os nossos antepassados já falavam de Flamengo, os nossos familiares sempre falaram de Flamengo. Então acho que no Flamengo era muito mais intenso, tanto para o bom, quanto para o ruim, ganhando ou perdendo. Mas era algo que te fazia sentir vivo.

O que esperar do Flamengo e Chelsea na Copa do Mundo?

— Vai ser um jogo muito difícil para ambas as partes. Acho que o Maresca conseguiu construir aquilo que ele queria e colheu fruto agora no final da temporada com o título. Era uma transição difícil do Chelsea, de uma total mudança de clube, de filosofia, de pessoas. Eu fiz parte do Chelsea do (Roman) Abramovich, onde agora mudou o dono. Quando se muda tudo, muda tudo. Um clube que apostou muito nos jovens, com contratos longos e que muita gente já estava impaciente. Porque o Chelsea foi muito de resultado imediatista. Com muita sabedoria e muita qualidade no seu trabalho, ele conseguiu já ter hoje uma cara: é um time que joga muito bem, que vai a todo tempo voltar a ser o Chelsea vencedor e lutador por todas as competições. E que vai para essa competição (Mundial) também pra ser um dos protagonistas.

David Luiz comemora título pelo Chelsea — Foto: Phil Noble/Reuters

— E do outro lado, o Flamengo que hoje é diferente, de um treinador novo (Filipe Luís), um companheiro de muita qualidade, inteligente, com futebol muito adaptado ao futebol europeu, de pressão alta e ter uma bola a todo instante, de não deixar o adversário respirar. Vai ser protagonista também. Acho que o Flamengo tem todas as condições de lutar contra tudo e contra todos, não só pela grandeza do clube e da sua torcida, mas também por aquilo que tem como qualidade no futebol hoje e que o clube está desempenhando. Então vai ser um grande jogo, eu vou estar de telespectador, desfrutando da melhor maneira possível. Chelsea me deu a oportunidade de ser campeão europeu, assim como o Flamengo me deu de ser campeão da América. Foram clubes em que fui muito feliz e sou muito grato.

Chelsea está entre os times mais fortes da Europa?

— Depende de quantos você coloca. Entre os 10, já está. Já se encontra nessa crescente, já está coeso o time. Na Premier League fizeram um segundo turno muito bom. Já tem uma identidade, o Maresca conseguiu colocar a cara dele no time. A Conference League não é tão prestigiosa, mas as competições que você disputa muitas das vezes quando você ganha eles tiram o valor, mas quando você perde tem muito valor. Cada vez mais acho que na Europa está aumentando esse nível, por isso fizeram essa nova competição, porque a Europa League já está muito, muito, muito difícil. Aí vem a Champions League, aquela coisa toda. E eu acho que o Chelsea está se encaminhando de uma maneira muito positiva e correta para ser o Chelsea que sempre foi.

Já o Flamengo oscilou muito antes da Copa do Mundo e correu risco na Libertadores...

— Eu acho que as oscilações acontecem com todos os times do mundo, em todos os lugares. É normal, o que os grandes clubes devem fazer sempre, mesmo oscilando, cumprindo o seu objetivo. Acho que isso o Flamengo conseguiu, a Libertadores oscilou, mas cumpriu com o objetivo, a classificação. Porque acontece, e acontece por inúmeros fatores, por isso que o futebol é lindo. Seja físico, tático, técnico, de logística, de repente você perde quatro jogadores da mesma posição... Tudo que tem essas variáveis, que faz com que a gente ame cada vez mais o futebol, porque nunca é uma coisa exata e sempre é algo novo que pode acontecer no próximo jogo.

Flamengo x Chelsea vai bater mais de 50 mil no estádio. É um dos grandes jogos da primeira fase na sua visão?

— Sem dúvida nenhuma. Acho que é um jogo que todo mundo vai querer assistir. A questão de ingresso não é só pela grandeza do jogo, também envolve muitas vezes a logística, onde vai ser, quem vai ser. Então, qualificar como melhor ou pior muitas vezes é muito difícil por conta ou da data, da hora, ou do local. Mas é, sim, um dos grandes jogos que todo mundo vai querer assistir. E eu também.

David Luiz comemroa um gol pelo Flamengo — Foto: André Durão

E o Jorginho? Quais qualidades você vê nele?

— Jorginho é um grande jogador, uma grande pessoa, um líder. Acho que vem com essa experiência europeia. Ele que é um brasileiro italiano, sempre jogando na seleção italiana, mas com raízes muito fortes brasileiras. É um jogador totalmente funcional dentro de um sistema, com organização. Eu lembro muito bem, a gente é campeão da Premier League e chega o Jorginho. Tínhamos o melhor número 5 que era o Kanté, e para a adaptação desse jogo organizado, ele se transformou no 8. Todo mundo falando: "Mas como o Kanté que foi o melhor"?

— E o Jorginho veio para essa função de organização de um jogo de muita posse, onde a posição dele tocava por jogo no mínimo 120 vezes na bola. E o Kanté se transformou em um "box to box" incrível também, passou seu poder de adaptação e todo mundo depois que criticou viu que funcionou ainda melhor do que tinha funcionado quando a gente tinha sido campeão da Premier League em um outro sistema. Então é um jogador totalmente inteligente, principalmente nesse jogo de posse e posicional que traz muita clareza no meio campo para qualquer equipe e que vai agregar muito no Flamengo também.

Alex Sandro, Danilo, Jorginho... Ter jogadores com vivência na Europa facilita os embates?

— Sem dúvida. São jogadores de experiência muito grande, acostumados a jogar todo tipo de jogo contra qualquer escola. Acho que o Alex (Sandro) e o Danilo são jogadores que merecem tudo que viveram e que estão vivendo também, por tudo que fazem e continuem fazendo no Flamengo. Acho que o Alex deu uma prova disso, quando ele veio todo mundo tinha uma visão, e agora estão rendidos a sua maneira de jogar, seu profissionalismo. Então são grandes jogadores que vão dar ao Flamengo esse suporte de qualidade nesses grandes jogos.

Com qual dos dois clubes você teve uma maior identificação?

— Difícil mensurar qual foi. Foram dois grandes clubes que me deram oportunidade de viver as melhores páginas da minha vida. Sou um privilegiado porque por onde passei consegui conquistar, e as conquistas fazem com que você seja ainda mais lembrado, admirado, tido como espelho... Ganhar Liga dos Campeões, Libertadores... Faço parte de um grupo pequeno que conseguiu ter essa oportunidade (ganhar as duas). E é muito mais devido aos clubes que passei, foi muito mais os clubes que me deram do que eu dei. Os clubes são sempre maiores que os jogadores, e neste caso eu fui um felizardo de jogar em grandes clubes, jogo até hoje.

David Luiz reagiu ao cartaz da Fifa no Flamengo x Chelsea — Foto: Reprodução / TV Globo

O cartaz da Fifa é prova grande de sua moral tanto no Brasil como no exterior...

— Acho que as pessoas tiveram a oportunidade de conhecer o David, pessoa e jogador, durante muitos anos fora do país também. Eu construí a minha carreira, a maior parte foi na Europa, durante 15 anos. Tive a grande oportunidade de vir para o Flamengo depois de uma pandemia que me fez repensar muito. Eu nunca tinha pensado em voltar e, de repente, tive essa linda oportunidade de estar na Flamengo, vencer com o Flamengo e hoje dar continuidade no Fortaleza. Então, foram momentos da minha vida onde eu pude ser muito feliz e vibrar junto com muitas pessoas. Eu acho que os acontecimentos puros ficam para sempre.

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Fonte: Globo Esporte
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