O clima dentro do Flamengo segue esquisito . A classificação para a final da Copa do Brasil, conquistada em 16 de agosto com vitória sem brilho sobre o Grêmio no Maracanã, deu uma atenuada momentânea, mas a verdade é que o vestiário não é o mesmo desde que Pedro levou um soco no rosto após a vitória por 2 a 1 sobre o Atlético-MG, em 29 de julho, no Independência.
No período, o Rubro-Negro conseguiu vitórias a duras penas, caiu na Libertadores e deu vexame no Mato Grosso.
Distanciamento segue
Os jogadores do Flamengo cobraram medida imediata com a saída de Pablo Fernández, preparador físico da comissão de Sampaoli que agrediu Pedro no vestiário da vitória sobre o Galo. Houve uma conversa no dia seguinte, e Fernández pediu demissão.
A saída de Pablo apagou o incêndio momentaneamente, mas o distanciamento entre Jorge Sampaoli, o elenco e outras figuras importantes do futebol não foi diminuído em nenhum momento. Marcos Fernández, filho de Pablo e que nada tem a ver com a agressão, segue no clube e é alvo de comentários nos corredores.
Algo que reforça a relação fria do treinador com o elenco foi a demora de 16 dias para se ter a primeira conversa com Pedro.
Jorge Sampaoli, técnico do Flamengo — Foto: André Durão/ge
Para aquecer ainda mais o caldeirão rubro-negro, no último dia 15, véspera do duelo decisivo pela semifinal da Copa do Brasil com o Grêmio, Gerson e Varela trocaram agressões em treinamento, e o uruguaio quebrou o nariz. No dia seguinte, ambos jogaram, o Flamengo venceu por 1 a 0, e Arrascaeta fez questão de comemorar o gol pedindo um abraço coletivo.
Jogadores se aproximaram de Jorge Sampaoli, deram tapinhas no comandante, mas na coletiva o argentino evidenciou que esse tipo de união tinha que acontecer também nos momentos difíceis.
Vexames, aproveitamento ruim e vitórias sem brilho
Não bastasse o clima estranho que o Flamengo tem vivido nos últimos meses, algo relatado por pessoas que acompanham o dia a dia, os resultados não ajudaram após a agressão de Pablo Fernández em Pedro.
No período, o Flamengo jogou sete vezes, venceu três, empatou duas e perdeu outras duas. As vitórias foram todas por vantagem mínima e com atuações paupérrimas. O 1 a 0 sobre o Olimpia, em 3 de agosto, veio com futebol limitado e ligou o sinal de que o resultado apertado poderia ser insuficiente. Não apenas pelo placar, mas pela bola. Não deu outra.
Três dias se passaram, e o Flamengo foi humilhado pelo Cuiabá. Mesmo com um time repleto de reservas, os rubro-negros foram dominados do início ao fim, perderam por 3 a 0 e tiveram que ouvir os gritos de "olé" e "Real Madrid, tem que esperar, a sua hora vai chegar".
No compromisso seguinte veio a derrota mais traumática do período. Foi eliminado pelo Olimpia nas oitavas de final da Libertadores após abrir o placar no início do jogo e sofrer três gols de bola aérea. Vale lembrar que no orçamento divulgado pelo clube havia expectativa de chegada às semifinais da competição.
Com a temporada praticamente reduzida à disputa do título da Copa do Brasil, o Flamengo voltou ao Brasileiro para encarar os reservas do São Paulo. Jogou muito mal e só conseguiu o empate por 1 a 1 nos acréscimos.
O jogo de volta com o Grêmio por uma das semifinais da Copa do Brasil interrompeu a série de três partidas sem vitórias, mas não freou a insatisfação. Jorge Sampaoli já estava ameaçado àquela altura, mas o triunfo por 1 a 0, novamente com gol de pênalti, deu uma diminuída na tensão, principalmente após a tentativa de aproximação na comemoração liderada por Arrascaeta e Gabigol.
Pedro, agredido em Belo Horizonte, tornava-se reserva de poucos minutos no meio da sequência de atuações ruins do Flamengo. Artilheiro do time no ano passado, jogador de Copa do Mundo e artilheiro da Libertadores, ele perdeu espaço. Assim como Everton Cebolinha, maior investimento do clube em 2022 e que ficou quatro jogos sem ser utilizado.
No último domingo, o Flamengo venceu o Coritiba por 3 a 2. Fez um bom primeiro tempo, mas teve atuação discretíssima no segundo tempo e acabou salvo por um chute de Gerson de fora da área. Para ampliar a sequência de jogos ruins, o Flamengo empatou com os reservas do Internacional sem gols no último sábado.
Finalizou apenas oito vezes e limitou-se a 15 minutos de agressividade e dinamismo. Antes favorito a todas as taças pela qualidade do elenco e também em virtude da saúde financeira, o Flamengo é carta fora do barulho na disputa pelo título brasileiro e entra em condições de igualdade com o São Paulo na Copa do Brasil.
Mesmo com plantel superior ao do adversário, a regularidade de atuações ruins do Rubro-Negro preocupa muito para o final de uma temporada que foi iniciada com o sonho de ser campeão mundial e que pode terminar sem taça alguma.
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