Desde a base do Flamengo, Vinicius Jr. gostava de retribuir as pancadas com dribles e provocações

Destaque do Real Madrid , que encara o RB Leipzig pela Champions League , nesta quarta (14) , Vinicius Jr. é o nome mais comentado na Espanha tanto pelo futebol quanto pelos dribles desconcertantes.

Após a goleada por 4 a 1 do Real sobre o Mallorca , o brasileiro foi acusado de fazer "firulas" e provocar os adversários. Durante a partida, aconteceram diversas trocas de farpas entre as partes e até ordem do técnico Carlo Ancelotti para que Vini parasse de falar .

A situação não é novidade na vida do jovem. Desde a base do Flamengo , ele alfinetava os defensores que o caçavam em campo com pontapés.

"Quando o jogo ficava pegado ele gostava de driblar os adversários e falar ‘pega o táxi’, ‘fui’ e ‘não vai me pegar’ (risos). Era muito irreverente e confiava muito na capacidade dele. Muitas vezes ele passava pelo adversário e soltava alguma coisa. Quando foi amadurecendo parou de fazer isso", disse Maurício Souza, que foi treinador e auxiliar do clube rubro-negro, ao ESPN.com.br .

O técnico disse que Vinicius mudou no time profissional, mas continuou levando pancada dos adversários.

"Ele apanhava bastante, mas nunca fugiu. Contra o Palmeiras, em São Paulo (pelo Brasileiro de 2018), ele levou uma entrada bem dura do Felipe Melo em um carrinho que pegou. Fizemos pressão para ele ser expulso, mas o juiz só deu amarelo. O Vinicius jogou muito e não tinha medo, sempre encarou e levou para cima. Quanto mais apanhava, mais queria driblar (risos)", afirmou.

Maurício conhecia a fama do garoto na base, mas ficou ainda mais impressionado quando o conheceu na equipe principal.

"Vi que era totalmente diferente pela forma como encarava o jogo. Ele se divertia em campo o tempo todo, era impetuoso. Ele ia para cima o tempo todo, era vertical, muito habilidoso e conseguia mudar de direção com uma velocidade absurda. Faltavam algumas coisas para aprimorar como finalização e movimentação mais próxima do gol. Hoje, ele aprimorou e está acima da média".

Para o treinador, a evolução de Vini não é uma surpresa.

"Além da finalização, ele melhorou na parte de servir bem o atacante. Na maioria das vezes, fazia a jogada para ele mesmo finalizar. Naquela época estava em franca evolução, tanto é que a equipe não conseguiu repor a saída dele. Era um garoto muito focado e profissional. Depois dos treinos, pedia para aprimorar e a gente precisava até segurar um pouco porque extrapolava. Estava sempre fazendo uma finta na gente ou até nas estacas".

"Era um garoto muito tranquilo, humilde e fácil de gerir. Não reclamava de nada, dos companheiros ou das substituições. Nunca deu qualquer tipo de problema porque era muito equilibrado".

Ancelotti defendeu Vini

Na entrevista coletiva pós-jogo, o técnico do Real, Carlo Ancelotti, negou que Vini tenha aplicado os dribles para humilhar os adversários e afirmou que o jogador não se porta desta maneira em campo.

"Vinicius é um jogador especial. Pela maneira como ele joga, pode às vezes acontecer dos rivais se irritarem. Mas todos têm que entender que ele sempre tenta o drible, não importa se sua equipe estiver ganhando ou perdendo", salientou.

"Às vezes, eu entendo que os rivais se irritem um pouco mais do que o normal, mas isso são coisas que acontecem no futebol. Com experiência, ele irá aprendendo pouco a pouco sobre tudo", acrescentou.

Vinicius chegou a 5 gols e 2 assistências em 7 jogos pelo Real Madrid na temporada.