Há oito dias Filipe Luís expôs os motivos que fizeram Pedro ficar de fora da lista de relacionados para o jogo contra São Paulo. A situação parecia incontornável com os desdobramentos das sinceras e fortes palavras. Mas cerca de uma semana depois, o próprio Pedro decidiu um clássico fundamental para o Flamengo não perder contato com o líder Cruzeiro. Nada como o tempo no futebol!
O jogo foi ruim. O Fluminense conseguiu marcar bem e neutralizar as ações ofensivas do rubro-negro, que poucas vezes produziu de forma tão pobre sob o comando de Filipe Luís. O Tricolor, por sua vez, não fez nada de relavante para vencer o jogo, e acabou punido no fim. Está na oitava posição na tabela.
Escalações
Filipe Luís deixou Wesley no banco de reservas. Varela voltou a lateral-direita e Léo Pereira foi o lateral-esquerdo. Danilo formou a zaga com Léo Ortiz. No ataque, Everton Cebolinha foi o ponta-esquerda e Plata seria o atacante central, mas sentiu durante o aquecimento e Wallace Yan foi o titular. Pedro voltou a ser relacionado.
Renato Gaúcho promoveu o retorno do esquema com três zagueiros. Ignacio voltou a ganhar chance. Samuel Xavier e Fuentes deram lugar a Guga e Renê nas alas. Nonato e Hércules também foram sacados para que Bernal e Lima começassem. No ataque, Canobbio e Everaldo entraram. Cano foi desfalque. Soteldo ficou no banco.
Como Flamengo e Fluminense iniciaram o duelo válido pela 15ª rodada do Brasileirão Série A — Foto: Rodrigo Coutinho
O jogo
Os rivais entraram em campo com estratégias muito diferentes. O Flamengo, como de praxe, buscou ter a bola para se instalar no campo de ataque e criar. O Fluminense se fechou para impedir e tentou aproveitar os espaços deixados pelo rubro-negro. Por mais que quase nada de relevante tenha sido criado por nenhuma das duas equipes, o Tricolor se saiu melhor dentro da proposta adotada.
Conseguiu congestionar o centro do campo e teve um funcionamento quase que perfeito da sua linha defensiva. Desta vez sem tantas perseguições individuais. Com os espaços bem ocupados e coordenação para pressionar a bola em diferentes setores do campo, neutralizou um rubro-negro pouquíssimo inspirado e basicamente sem soluções para entrar na área ou finalizar.
Cabe ressaltar que o Fluminense também adiantou o bloco de marcação nos tiros de meta do Flamengo, e não caiu na armadilha que o seu arquirrival costuma pregar em diversos adversários. Lima, Canobbio, Martinelli e Everaldo colavam em Léo Ortiz, Danilo, Jorginho e Allan. O ala do lado em que a jogada era tentada também se adiantava, e somente Rossi tinha liberdade de ação.
Como os demais jogadores do Fluminense estavam bem coordenados com tal movimento, o Flamengo não encontrava vantagens, principalmente porque o combate em Rossi não saía com tanta agressividade. O goleiro, que tentou atrair a pressão sem sucesso, acabava optando por algum passe que não fosse causar danos na defesa do Tricolor.
Arrascaeta e Lima Flamengo x Fluminense Campeonato Brasileiro 2025 — Foto: Alexandre Loureiro/AGIF
Quando se instalou no campo rival, o Flamengo foi letárgico. Sem movimentos de ruptura à última linha oponente. Pouco móvel para gerar linhas de passe e conexões. Sem progressões ao chegar perto da área. Luiz Araújo e Varela ocuparam o mesmo espaço em alguns ataques pela direita. Léo Pereira e Everton também não se entenderam tão bem pela esquerda.
Arrascaeta e Wallace Yan ficaram encaixotados por dentro, e Jorginho errou mais do que o normal. Os melhores passes do Flamengo ao terço final do campo saíram dos pés de Allan, mas nada que causasse problemas ao seguro Fluminense.
Outro mérito do time das Laranjeiras foi tirar rapidamente a bola da zona pressionada ao fazer um desarme ou uma interceptação. O Flamengo costuma tentar sufocar no ''perde, pressiona'', mas não conseguiu. Everaldo fez boas ''paredes'' e escorou passes a quem vinha de trás. Martinelli, o destaque em campo, o encontrou com boa visão de jogo. Canobbio e Lima ofereceram apoios.
Everaldo disputa lance em Flamengo x Fluminense — Foto: André Durão
Os times voltaram sem trocas para o 2º tempo e pouca coisa mudou. O que o Flamengo fez melhor foi pressionar a saída de bola do Fluminense de maneira mais individualizada, e isso causou dificuldades para o Tricolor, mesmo que não significasse uma maior criatividade ao rubro-negro.
Léo Ortiz enfim fez o time da Gávea incomodar Fábio. Mandou de cabeça no canto esquerdo do goleiro a batida de escanteio de Luiz Araújo. Filipe Luís tirou Wallace Yan e Everton Cebolinha antes dos 15 minutos. Juninho e Mateus Gonçalves entraram. Luiz Araújo foi para a ponta-esquerda. Matheus variou bastante da direita pra dentro e Varela se lançou mais no corredor direito.
Renato começou a renovar o fôlego de sua equipe. Sacou Martinelli e Canobbio para as entradas de Hércules e Kevin Serna. O Flamengo teve uma melhora tímida com a nova dinâmica ofensiva. Ganhou profundidade com Luiz Araújo pela esquerda, e Filipe Luís colocou Pedro em campo aos 27 minutos. Arrascaeta saiu. Juninho fez uma dupla central com o camisa 9.
Fla x Flu - Lima e Wallace Yan — Foto: Andre Durão
A resposta tricolor veio com a reestreia de John Kennedy e a entrada de Nonato. Everaldo e Lima deixaram o gramado. Danilo se lesionou na reta final da partida e Viña foi a campo. Léo Pereira passou para a zaga. Evertton Araújo também substituiu Allan.
Quando parecia que o empate sem gols seria inevitável, o desfecho mais delicioso para as conversas e debates sobre o jogo se revelou. Pedro já havia chegado perto de marcar ao receber uma assistência de Juninho. Fábio o parou. No lance seguinte, no entanto, o goleiro tricolor nada pôde fazer. Pedro se jogou na bola e completou na segunda trave o desvio de Léo Ortiz na primeira.
Com Soteldo no lugar de Ignacio, Renato tentou aumentar a ofensividade de sua equipe, mas foi em vão. O dono do jogo já estava definido!