Pedreira no caminho do Flamengo, Bayern de Munique vive reconstrução e ainda não brilhou no Mundial; análise

Poucos minutos após a vitória do Flamengo sobre o Chelsea-ING (3 a 1), pela segunda rodada, Filipe Luís foi perguntado sobre a diferença entre times brasileiros e europeus. Indo contra a euforia da opinião pública naquele momento, o técnico disse enxergar uma pequena elite, de oito a dez clubes, muito superior. O Bayern de Munique -ALE é um daqueles que ninguém hesita em incluir neste seleto grupo. Uma grandeza que ainda não se refletiu em campo nesta Copa do Mundo de Clubes, é verdade. Mas que agora está no caminho dos rubro-negros, já que a derrota por 1 a 0 para o Benfica definiu a equipe alemã como sua adversária nas oitavas de final, domingo, em Miami.

O Bayern não vive um momento de auge. A primeira temporada sob o comando de Vincent Kompany é de reconstrução após um 2023/24 de decepções. O time recuperou a hegemonia nacional. Mas, em nível de Champions League, segue pouco competitivo.

A trajetória da equipe no Mundial reflete bem esta fase. A goleada por 10 a 0 sobre o Auckland City, na estreia, é um caso à parte, dado que o rival neozelandês é uma equipe semiprofissional. Já a vitória sobre o Boca Juniors-ARG, pela segunda rodada, e a derrota para o Benfica trazem informações importantes sobre o adversário rubro-negro.

Posse absoluta

A primeira é de que o Bayern não abre mão de ter a bola. Coincidentemente, tanto contra os argentinos quanto diante dos portugueses o time de Kompany registrou 73% de posse. Nesse sentido, será interessante ver como isso se dará no embate com o Flamengo. Ao contrário de Boca e de Benfica, que jogaram com linhas baixas de marcação, Filipe Luís não costuma abrir mão de que sua equipe seja propositiva e empurre o adversário.

O Bayern ataca num 3-2-5, em que Olise, normalmente, é quem joga mais aberto pela direita e conta com o apoio de Laimer. É por este corredor que o time chega com mais perigo e frequência, o que liga o alerta para a necessidade de proteção deste lado da defesa rubro-negra.

Na esquerda do ataque, há mais rotatividade. Quando o lateral Guerreiro não sobe por ali, Coman ou até Stanisic fazem a função. Por coincidência, é por onde o Bayern leva menos perigo.

Rotatividade

Gnabry entra no sistema ofensivo como uma peça mais móvel, que flutua em busca de onde há mais espaços. Já Harry Kane é aquela referência que não se contenta em ser apenas um finalizador. Muito pelo contrário. Sua movimentação e leitura de jogo fazem dele uma fonte relevante de passes decisivos. Como o desta terça-feira, que deixou Sané cara a cara com o goleiro Trubin.

Por trás do pelotão de frente, Goretzka e Kimmich aparecem como os articuladores, donos dos passes verticais que furam a marcação. Mas que, eventualmente, aparecem na área para fazer volume e surpreender.

Essa rotatividade é um dos pontos fortes da equipe alemã. Os laterais podem avançar por dentro ou por fora, os volantes se aproximam, os meias podem aparecer na pequena área e os atacantes não guardam posição.

Pouca eficiência

Bom deixar claro que o volume de jogo do Bayern em torno da área adversária não necessariamente significa pressão. O time é até eficiente em recuperar rápido a posse, mas não tem sido para criar grandes chances. Passa boa parte do tempo girando a bola com dificuldade para encontrar um caminho e acaba tendo que apelar para os cruzamentos. Foi o que ocorreu na reta final contra o Benfica (quando parte dos titulares, que iniciaram no banco, estava em campo).

Contra o Boca, o Bayern finalizou 11 vezes (sendo seis grandes chances). Já contra o Benfica foram 13 conclusões (e apenas quatro possibilidades reais).

Contudo, fica a dúvida sobre como o Flamengo irá se comportar defensivamente. Se o time brasileiro tentar ser pressionante como foi contra o Chelsea, o Bayern então não encontrará a retranca que tanto atrapalhou sua vida nos dois jogos anteriores. Mas pode ter pontos fracos expostos. E eles existem.

Brechas pelos lados

Chama a atenção a dificuldade dos alemães em se defender pelos lados. Principalmente o esquerdo. Foi por ali que Merentiel saiu para fazer o gol do Boca, e de onde Di María disparou para acionar Barreiro na jogada do gol do Benfica, marcado por Schjelderup.

— Vou ligar para o Raphinha (ex-lateral de Flamengo e Bayern). Ele pode me dar algumas dicas, e a gente vai se preparar. Mas o Flamengo foi muito bem no seu grupo. O Brasil tem ótimos times, que mostraram isso na competição. Mas, primeiro, temos que nos recuperar do jogo de hoje (ontem). Foram condições muito difíceis — comentou Thomas Muller, referindo-se ao calor de 37º durante a partida, cenário que deve se repetir no domingo, em Miami.

Fonte: O Globo
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