Oposição propõe projeto para Flamengo só ter gestor profissional no futebol

O grupo de oposição no Flamengo fez uma proposta para profissionalizar inteiramente o futebol do clube, reduzindo a participação de dirigentes amadores no setor. A diretoria eleita atuaria para dar diretrizes aos executivos, mas não na administração do dia a dia do departamento. O projeto foi protocolado nesta segunda-feira no Conselho Deliberativo do clube.

A proposta é apoiada pelo grupo que atuava na gestão do ex-presidente Eduardo Bandeira de Mello. Seu autor é Rafael Strauch, que foi vice-presidente de Administração do Flamengo. Outros membros desta administração, como Daniel Orlean, Flávio Wileman, Pedro Iootty e Ricardo Lomba, estão entre os 65 conselheiros que assinaram o projeto. Há também eleitores do atual presidente Rodolfo Landim.

Trata-se de uma emenda ao estatuto do Flamengo que muda radicalmente a sua gestão. Isso porque acaba com a estrutura de vice-presidentes por setor

Atualmente, o clube tem um Conselho Diretor com 19 vice-presidentes, e quatro diretores estatutários (amadores). São eles que dão a palavra final sobre determinadas áreas, juntamente com o presidente. É o caso de Marcos Braz, como vice-presidente de futebol —há ainda um conselhinho do futebol composto por amadores. Além disso, há outros 11 diretores profissionais, incluindo Bruno Spindel, do futebol. É um sistema híbrido com dirigentes amadores e remunerados.

Pela proposta, o Conselho Diretor passa a ser comporto por 11 dirigentes. Desses, além do presidente e vice, são outros nove vices escolhidos pela própria presidência. Mas eles não atuariam no dia a dia, nem teria um tema. Fariam reuniões quinzenais ou mensais para definir as diretrizes. E teriam comitê temáticos, como futebol e finanças, com participação de alguns vices.

Diz o texto da emenda ao estatuto: "compete aos Vice-presidentes nomeados: formarem colegiado encarregado do processo de decisão do Flamengo em relação ao seu direcionamento estratégico. Ele exerce o papel de guardião dos princípios, valores, objeto social e do sistema de governança da organização, sendo seu principal componente. Seus membros farão parte dos comitês obrigatórios e de outros comitês que o Presidente do Flamengo possa criar."

Abaixo deles, haveria um diretor geral, cargo que já existe, e outros seis executivos profissionais. Seriam responsáveis pelas áreas de finanças e administração, jurídico, futebol, esporte olímpico, comunicação e marketing, e patrimônio.

Ou seja, não haveria um vice-presidente de futebol atuando no setor.

"Cerca de 90 anos atrás o futebol brasileiro migrou de jogadores amadores para profissionais, foi uma verdadeira revolução na época com grandes embates entre os clubes. Hoje em dia não há quem acredite que um time de alta performance deva ter jogadores amadores. E neste momento estamos vendo o mesmo acontecer com a gestão dos clubes de futebol", afirmou Strauch.

E completou: "Cada clube está buscando o seu caminho e tem ganhado força a figura da SAF que garante um escalonamento das dívidas, investimentos nos clubes e profissionais na gestão (o novo dono não cogita amadores cuidando do seu investimento). Desta forma a proposta protocolada no Flamengo visa ajudar o clube a melhorar a sua governança. Ao mesmo tempo que garante os poderes de todos os representantes eleitos no clube, cria e formaliza uma estrutura profissional no CRF, com a descrição mínima das atividades a serem desempenhas. Acaba as gestões departamentais de amadores. Sendo que apenas 9 irão compor o conselho diretor (junto com o Presidente e o Vice) em moldes similares a um conselho de administração de uma empresa".

Strauch ressaltou que a proposta reduziria em 70% os dirigentes nomeados e cortaria parte de suas atribuições, mas não tiraria poderes e direitos para o presidente e vice eleitos. Já havia uma outra proposta menos radical para profissionalizar o futebol rubro-negro protocolada em 2018. Nunca foi apreciada.

A ideia é que a emenda, caso seja aprovada no Conselho Deliberativo, entre em prática imediatamente. Mas o texto não é explícito. Strauch entende que não haverá problemas se a aprovação do texto só o tornasse válido para a próxima gestão.

A situação liderada por Rodolfo Landim tem a maioria no Conselho Deliberativo. Seu grupo ganhou praticamente todas as votações como eleição para a presidência do conselho e do Conselho Fiscal. Mas, recentemente, perdeu a votação em que pretendia que Bandeira de Mello fosse punido com suspensão por uma declaração.

Imagem: Alexandre Vidal/Flamengo

Fonte: Uol