Mesmo longe de sua melhor versão, o Flamengo voltou da capital baiana com um ótimo resultado para decidir a vaga às semifinais da Copa do Brasil na próxima semana. Foi pressionado pelo Tricolor em boa parte do duelo, mas teve qualidade para ser mais contundente em uma das poucas jogadas de real perigo que criou na partida.
Bruno Henrique marcou o segundo gol nos últimos quatro jogos em que foi utilizado. De la Cruz superou os visíveis problemas físicos para ser o garçom do triunfo rubro-negro. Matheus Cunha se destacou nos momentos de maior pressão dos anfitriões, que esbanjaram imprecisão nos arremates.
Escalações
Rogério Ceni teve o seu time-base disponível e repetiu a equipe que iniciou diante do Botafogo no domingo. Já Tite montou o Flamengo com Léo Ortiz, Erick Pulgar e De la Cruz no meio-campo. Michael começou entre os reservas. Gérson e Luiz Araújo partiram dos lados do gramado e Bruno Henrique foi o homem mais avançado.
O jogo
Em breves instantes antes do intervalo o Flamengo passou a sensação de que poderia fazer um 1º tempo equilibrado diante do Bahia na Fonte Nova, mas a maior parte da etapa inicial foi do Tricolor. Elevou a intensidade do duelo quando teve a bola, fez desarmes no campo de ataque, e poderia ter aberto o placar em pelo menos duas ocasiões.
A diferença de ritmo proposto entre as equipes era bem nítido. O rubro-negro desacelarava quando tinha a posse. Chegou a fazer de forma satisfatória dentro da intermediária baiana nos primeiros minutos, mas não sustentou o cenário por muito tempo. Faltava conexão entre as peças, movimentos mais agudos para vencer a última linha de marcação tricolor. Era um time estático.
De la Cruz esteve abatido com a morte de Izquierdo. Errou fundamentos simples, abaixo do seu ritmo natural. Gérson demorou a entrar no jogo. Melhorou depois da troca de lado com Luiz Araújo, após os 30 minutos, e foi o responsável pelas duas finalizações mais perigosas do time no 1º tempo. O camisa 7 também melhorou ao passar para o lado esquerdo. Esteve dentro de seu nível habitual de entrega.
Quando adiantava o bloco de marcação o time carioca conseguia alguns bons desarmes no campo rival, mas quando o combate ocorria dentro da própria intermediária, o que foi mais rotineiro, o Bahia envolvia. Everton Ribeiro e Jean Lucas se mexiam de forma incessante pela faixa central. Se desgarravam da marcação, ''dialogavam'', e tinham Cauly e Caio Alexandre como ótimos parceiros.
Thaciano foi o homem mais agudo do Esquadrão para finalizar os lances, mas faltou pontaria. Everaldo também teve boa chance, mas Léo Pereira impediu o tento do centroavante. Arias e Luciano Juba contribuíram da forma corriqueira de ambos. O colombiano mais livre para avançar, gerando profundidade ao time pela direita. E o lateral-esquerdo somando bons passes desde a saída de bola.
Kanu e Gabriel Xavier ganharam a maioria dos duelos diante de um desconfortável Bruno Henrique. O camisa 27 recebeu poucas bolas da forma em que pode desequilibrar. Faltou mais ''pegada'' e auxílio de marcação ao meio-campo rubro-negro, que ficou algumas vezes em inferioridade diante do quarteto baiano no setor.
Varela foi um elo frágil nas tentativas de saída de bola com passe curto por parte do Mais Querido. Errou quase todas as vezes em que recebeu acossado por Thaciano. As retomadas de bola dentro do campo do Flamengo foram uma ótima alternativa para o Bahia conseguir gerar volume e finalizar mais vezes. Foram dez arremates em 47 minutos contra apenas três dos cariocas.
A volta do rubro-negro para o 2º tempo preservou os mesmos traços dos primeiros minutos de jogo. Manteve a bola no campo de ataque diante de um Bahia mais passivo sem a posse. Conseguiu um escanteio pela direita logo aos quatro minutos e viu Nico De la Cruz acertar a cabeça de Bruno Henrique no gol que inaugurou o placar em Salvador.
Em desvantagem no placar, o Bahia retomou o ritmo de grande parte da 1ª etapa na sequência. Conseguiu criar três boas chances em menos de dez minutos, quase todas em bolas trabalhadas a partir de tabelas e triangulações na entrada da área do Flamengo, mas esbarrou na falta de pontaria e na segura atuação de Matheus Cunha.
Cauly subiu de produção depois do intervalo, mas o time carioca também teve reações importantes de jogadores fundamentais. Varela aumentou seu nível de acerto pela direita. De la Cruz foi mais participativo. Depois dos 20 minutos o Tricolor pareceu sentir fisicamente o ritmo imposto previamente e se tornou mais fácil de ser controlado.
Ceni tirou Everaldo e Thaciano. Colocou Ademir e Lucho Rodriguez na frente. Tite precisou sacar os exaustos De la Cruz e Léo Ortiz. Michael e Evertton Araujo foram ao gramado. Luiz Araújo passou a jogar mais centralizado, próximo de Bruno Henrique. Depois cedeu vaga a Wesley, que entrou na ponta-direita, e Gérson passou a faixa central.
Mesmo presente no campo do Flamengo durante toda a sequência da 2ª etapa, a produtividade do Bahia foi menor se comparada aos 65 minutos iniciais. Muita precipitação e imprecisão no momento final, seja no arremate ou no último passe. David Luiz e Igor Jesus terminaram de fechar a ''casinha'' rubro-negra para a manutenção do resultado.