Ídolos são mesmos imortais? Qual a ‘vantagem’ de ser um? Caso você tenha achado as minhas perguntas óbvias, convido o leitor a falar dos ídolos e candidatos a ídolos dos finalistas da Copa do Brasil .

Gabigol decidiu duas Libertadores para o Flamengo . Ganhou tudo por lá, com protagonismo absurdo. O que não o impede de vira e mexe viver períodos de desgaste com a torcida. Ao mesmo tempo em que é colocado por alguns como o segundo maior jogador da história do clube, tal status não suporta cinco, seis jogos em branco.

A fragilidade da relação ídolo-torcida não se dá apenas no Brasil. Lembro bem do Cristiano Ronaldo no Real Madrid . Fazia trocentos gols por temporada, mas quando entrava numa fase menos favorável, tomava pancada de todo lado. Claro que ser uma divindade adorada por milhões de pessoas não permite ao ídolo fazer o que bem quiser.

Neste sentido, Gabigol pisa na bola com frequência, é verdade. De qualquer forma, eu, como torcedor, relevo qualquer deslize de um ídolo que não seja um crime cometido. Sim, de ídolo se tolera quase tudo, até jogar mal dez partidas seguidas e, dependendo das circunstâncias, até jogar num rival.

O atual Flamengo tem um montão de ídolos, além do Gabigol. O São Paulo , nenhum. Lucas? Huumm, tá. Admito quem o considerem um. Só!

Neste domingo (24), por volta das 18 horas, se o São Paulo não perder para o Flamengo, Lucas vai ter companhia. O capitão Rafinha, supervencedor na carreira, um bom destaque do grande Flamengo de 2019, vai se tornar ídolo no clube do coração; Arboleda, o mais antigo e regular do elenco, virará ídolo; Luciano, idem; Jonathan Calleri, burramente questionado antes da primeira partida da final, virará muito ídolo. Dorival Júnior é outro que entraria numa galeria de nomes importantes na história tricolor. A lista pode aumentar a partir do momento em que algum jogador não citado aqui faça alguma proeza, tipo o Mineiro em 2005 (com aquele gol histórico contra o Liverpool na decisão do Mundial de Clubes).

Que os primeiros campeões da Copa do Brasil da história do São Paulo, se o título vier, claro, estarão na gaveta de boas lembranças do torcedor para sempre, não tenho dúvidas. Agora, honestamente, não sei se o são-paulino vai agir de maneira diferente dos flamenguistas.

Gente, já vi ingrato xingando o Raí, xingando o Rogério Ceni, ouro e prata, ou prata e ouro no pódio de idolatria tricolor. Aconteceu porque ambos resolveram arriscar a imagem ilibada como jogador trabalhando no São Paulo em outras funções. Que risco tremendo! Não recomendo a ninguém.

Voltando àquelas dúvidas lá do começo, que já não parecem mais ser tão óbvias, qual é a graça de ser ídolo? A resposta é mais fácil do que a pergunta. Por mais fraca que seja a memória do torcedor, por mais exigência e impaciência que tenha, ele sempre vai recordar do que àquele jogador fez para virar ídolo.

E só se vira ídolo se for campeão. Preferencialmente uma conquista grande. O lado rubro-negro da final sabe o que é isto; o tricolor tem a chance da vida de experimentar o gosto de uma taça pesada. O gosto do amor eterno.