O que pode dar ou tirar o título de Inter, Fla e Galo

A apenas cinco rodadas do fim do Brasileirão 2020 parece consenso que o título terá Porto Alegre, Rio de Janeiro ou Belo Horizonte como destino. O janeiro tenebroso do São Paulo culminou na demissão de Fernando Diniz e, mesmo apenas dois pontos atrás do Atlético, o Tricolor é carta fora do baralho. A distância do Colorado na ponta é boa, mas não dá pra descartar Flamengo e Atlético Mineiro em um campeonato marcado pela oscilação de todos os postulantes ao título. Tá aberto!

Pode parecer contrassenso isso em uma competição por pontos corridos, mas qualquer que seja o campeão brasileiro de 2020, haverá questionamentos. Não há um time unânime. Sabe-se que o Flamengo tem o melhor elenco, que o Internacional é competitivo e lidera por mais tempo, e que o Atlético cria muito, mas todos eles possuem pontos negativos que podem custar a taça nesta reta final.

Internacional

É o único que depende só de si para ser campeão. Se vencer os próximos três jogos e empatar com o Flamengo na penúltima rodada conquista o caneco que não vem há 41 anos, desde que o Galo ao menos empate uma partida. Vem de nove vitórias consecutivas, um recorde na história dos pontos corridos, mas e o desempenho? O Inter não jogou exatamente bem em todas essas partidas.

Desde que Abel assumiu, passou a atuar mais na base dos contra-ataques e ligações diretas, mas nem sempre conseguiu ser superior aos adversários assim. Na sequência, deixou dúvidas diante de Red Bull Bragantino , Ceará e Bahia. Contra São Paulo, Grêmio , Fortaleza, Palmeiras e Botafogo mereceu vencer.

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Patrick e Edenílson vem desequilibrando os jogos para o Inter
Imagem: Ricardo Duarte/Inter

O principal ponto positivo é a eficiência no ataque, precisa de poucas chances para marcar, por isso a criação escassa de jogadas ofensivas na maioria dos jogos acaba sendo suficiente. Tem marcado com competência e contra-atacado com organização e força, sobretudo no embalo de Patrick e Edenílson, os dínamos do time. A bola parada ofensiva também se fortaleceu.

O lado negativo vem quando tem a necessidade de gerar espaços em defesas fechadas. Falta repertório de jogadas ao time de Abel Braga, e se sair atrás no resultado pode sofrer muito com isso. Certamente vai precisar tomar a iniciativa de atacar contra Sport e Vasco entre seus últimos cinco adversários. Diante de Flamengo e Corinthians vai poder jogar da forma que se sente confortável. Já o próximo jogo contra o Athlético, em Curitiba, é uma incógnita neste sentido.

Flamengo

O rubro-negro carioca jogou muito bem em três das últimas quatro partidas. Não à toa venceu com autoridade Palmeiras, Grêmio e Sport. Contra o Goiás já havia apresentado uma melhora e oscilou diante do Athlético Paranaense. A irregularidade, aliás, é algo a se lamentar profundamente ao olharmos para o elenco e projetar o que o time poderia fazer em um campeonato nivelado por baixo como o deste ano.

Em muitos momentos do Brasileirão 2020 o Flamengo foi pouco intenso, preguiçoso e desconcentrado. Por mais que Rogério Ceni tenha encontrado um time nesta reta final, ainda há alguns resquícios de problemas de relacionamento com determinados atletas. Não se sabe até que ponto isso pode atrapalhar. Defensivamente melhorou com relação ao que víamos com Domènec, mas ainda não é confiável contra equipes mais bem montadas para contra-atacar.

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Gabigol comemora gol do Flamengo sobre o Sport em partida do Brasileirão 2020
Imagem: Rafael Vieira/AGIF

Pelo lado positivo podemos citar o desenvolvimento nos últimos jogos. Seja no 4-2-3-1 ou no 4-4-2 o time teve ótimos momentos. Com Filipe Luís fazendo a ''saída de três'' alinhado a Arão e Gustavo Henrique, Arrascaeta ou Bruno Henrique abrindo o campo pela esquerda, Isla fazendo o mesmo pela direita, Everton Ribeiro, Gabigol , Gerson e Diego se aproximando pelo centro, as coisas estão fluindo e o coletivo ficou mais envolvente. Voltou a criar muito!

O problema vem sendo colocar a bola pra dentro. O rubro-negro é a equipe que mais cria chances claras no Brasileirão, mas é apenas a 10ª em conversão destas mesmas chances. Se compararmos com o Inter, vai precisar ter mais calma na hora de finalizar. Tem certamente a tabela mais difícil do trio que briga pelo título e em todas as partidas deverá encarar adversários mais fechados. O bi ainda é possível!

Atlético Mineiro

O principal trunfo do Galo pra reconquistar um Brasileirão depois de 49 anos é, sem dúvidas, a tabela. Tem pela frente adversários teoricamente mais frágeis que Internacional e Flamengo. Outro fator que poder ser decisivo é a produção ofensiva da equipe. Mesmo em jogos que não tem um desempenho tão bom, o time de Sampaoli não deixa de criar.

Padece, porém, do mesmo problema do Flamengo. Gera muitas chances reais de gol, mas há uma imensa dificuldade de colocar a bola no fundo da rede. Isso, em alguns momentos do campeonato, já gerou intranquilidade e potencializou a cobrança por um troféu que não vem há muito tempo.

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Jorge Sampaoli durante o jogo entre Atlético-MG e Vasco
Imagem: NAYRA HALM/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO

O alto investimento feito pelo clube na montagem do elenco e da comissão técnica, mesmo sem ter tanta saúde financeira pra isso, também pesa e pareceu desestabilizar Jorge Sampaoli em diversos períodos da competição. O técnico argentino já inclusive deu a entender que poderia deixar o clube por tal motivo.

Defensivamente o Galo apresentou problemas ao longo da temporada. Isso aparece bastante nos jogos fora de casa, quando a equipe não consegue encaixar boas transições defensivas como dentro no Mineirão. Parece dispersa e pouco intensa. Recentemente viveu isso de novo diante do Vasco, em São Januário. Três dos cinco jogos finais serão longe de Minas, mas o nível dos oponentes é ''acessível''.

Imagem: Ricardo Duarte/Inter

Fonte: Uol
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