O 10 da zaga: Zico rasga elogios ao futebol "encantador" de Ortiz e chancela apelido no Flamengo

publicidade

Receber o elogio de Zico, o maior camisa 10 da história do Flamengo , é para poucos. Léo Oritz ficou tão surpreso com o reconhecimento do Galinho que questionou se outras pessoas acreditariam se não tivesse um vídeo como prova. Pois não só teve imagens como um encontro que o zagueiro irá contar aos filhos e netos daqui a alguns anos.

Veja a matéria especial no Globo Esporte da TV Globo neste sábado, às 13h!

Ortiz e Zico em entrevista no Flamengo — Foto: Emanuelle Ribeiro / ge

Em um bate-papo de quase 30 minutos, Léo Ortiz ouviu Zico relembrar aquele que considera o principal jogo da sua geração e que ficou marcado por sua assistência: o título carioca de 1978, popularmente identificado pelo gol de Rondinelli, que vestia a camisa de número 3, a mesma de Ortiz. Além disso, deu tempo de ouvir o eterno camisa 10 da Gávea justificar a sua admiração por ele. O motivo? O futebol encantador. Não à toa, o apelido de "o camisa 10 da zaga" está aprovado. A resenha completa você assiste no ge deste sábado.

– Jogar futebol (é o que me chama atenção). Ele entra no campo preocupado em fazer o jogo evoluir com a técnica dele. Ele não precisa bater em ninguém, fazer falta em ninguém. Ele tem posicionamento, técnica. A primeira coisa que ele faz quando recebe a bola é olhar para frente para ver o que é melhor. Isso desde o Bragantino. Ele arrisca a bola. A antecipação, a visão de jogo, eu não imaginava que ele fosse tão alto. Por isso ele antecipa bem as bolas de cabeça. Quando a bola está do outro lado do ataque ele já antevê a jogada. Ele não precisa bater em ninguém. Ele joga futebol. Eu sou de uma época que jogava futebol mesmo e por isso me encanto – comentou Zico com exclusividade ao ge.

O primeiro elogio público aconteceu no dia 11 de fevereiro em um evento no museu do Flamengo (veja o vídeo acima). Foi a primeira vez que Zico disse que estava encantado por Ortiz e o definiu como "outro nível". O zagueiro soube quando o médico Luiz Macedo, neto de Evaristo de Macedo - um dos grandes nomes da história do Flamengo - e que hoje trabalha no clube, comentou.

– Quando eu soube, eu meio que acreditei, mas pensei como eu ia contar para os outros? Ninguém ia acreditar. Aí no outro dia vazou o vídeo. Foi a minha glória. E vou poder mostrar para meus filhos, meus netos. Eles vão poder ver ao vivo. O elogio é quase como um título. São poucos caras que podem ter esse privilégio – comentou Ortiz, antes de completar:

– Eu até brinquei que talvez tenha recebido mais mensagens agora com o elogio dele do que com o título da Copa do Brasil. É algo inimaginável para mim. Cheguei ano passado e conquistei a Copa do Brasil e agora recebi um elogio do maior de todos. Eu só espero que isso continue crescendo, temos grandes coisas para conquistar e eu espero marcar meu nome na história do Flamengo .

Léo Ortiz e Zico em entrevista exclusiva ao ge — Foto: Letícia Marques / ge

A resenha se estendeu, e Zico aproveitou para fazer uma comparação com um jogador que dividiu o gramado no início da sua carreira: o paraguaio Reyes. Segundo o Galinho, Ortiz tem características que ele só encontrou a vida toda neste ex-companheiro. Curiosamente, era um meia que virou zagueiro.

– Ele virou um monstro quando virou zagueiro. Ele tinha uma característica impressionante e o Ortiz é muito parecido. Quando a bola vem, ele já sabe como ele pode cortar e direcionar. Com um toque, ele tira, mas não afasta, ele dá um passe para o companheiro. Isso é muito difícil. E eu só tinha visto um jogador fazer isso e era o Reyes – analisou Zico.

Por Zico, o apelido "camisa 10 da zaga", que viralizou nas redes sociais, está aprovado. O maior ídolo do Flamengo inclusive brincou com a foto de perfil de uma rede social de Ortiz: uma montagem do rosto do zagueiro e o seu tradicional bigode com uma imagem de Zico. Foi nessa hora que o zagueiro demonstrou timidez e humildade.

– Eu não tenho essa pretensão de ser o camisa 10 da zaga. Lógico que gosto, brinco com o elogio e levo como motivação. A gente sabe que os camisas 10 são outro nível.

Zico "relembra" gol de Rondinelli em gol de Léo Ortiz

Zico: O Rondinelli tinha o dom. A gente fazia os testes de salto, impulsão. Ninguém passava o Rondinelli. Eu tinha jogada ensaiada com eles. Se parado ele saltava aquilo, imagina na corrida? O jogo estava acabando, e bati o escanteio. Bati poucos escanteios, mas aquele foi predestinado. Dinamite deu uma relaxada e o Rondinelli foi embora para área. A bola caiu na medida. Nós fomos campeões. Queriam desfazer a nossa geração, mas dali o Flamengo ganhou tudo: três brasileiros, tri carioca, Libertadores, Mundial. Entre 78 e 83, nós ganhamos mais títulos do que o Flamengo tinha ganho na história. Queriam desfazer a nossa geração. Aquele jogo foi o divisor de águas da nossa geração.

Troféu do Carioca ter o nome de Zico

Ortiz: É uma obrigação nossa trazer a taça para a nossa Nação.

Estilo de jogo

Ortiz: O que eu tenho em mente é bem o que ele falou: ficar com a bola. Temos muitas responsabilidades em campo. Mas o desfrutar de jogar futebol é estar com a bola e eu acho isso de extrema importância. Ninguém gosta de marcar, todo mundo quer estar jogando com a bola. Acho que tenho essas características por essas ideias que eu tenho na cabeça. Eu tento orientar a bola, desarmar já armando um contra-ataque. Gosto de fazer que os meias e atacantes recebam a bola mais perto do gol. Eu encontrei um time que se encaixa com as minhas características.

Referência de zagueiro na carreira

Ortiz: Os mais recentes acompanhei muito o Maldini. Eu gostava muito de ver jogar, pela maneira como ele jogava. Era lateral e virou zagueiro. Tem uns antigos que eu já ouvi falar porque meu pai me falava muito... tem o Gamarra que passou pelo Flamengo . Tem o Juan, que quando eu estava na base do Internacional pude ter um pouco de contato e agora na Seleção de novo. Esses caras que fizeram história, eu gosto de procurar vídeos e depoimentos de pessoas falando, como o Rondinelli, o Mozer. São inspirações que a gente tem, mas lógico que para construir a minha história, mas com uma pouco de motivação pelo o que eles já construíram aqui dentro.

Resenha sobre Leandro

Ortiz: Meu pai conta uma história. Ele jogou um tempo da carreira no campo do Grêmio. Ele era ponta quando entrava. Ele diz que entrou em um jogo contra o Flamengo para marcar o Leandro. Ele fala que foi uma das coisas mais indigestas que ele fez, entrar no lado que estava o Leandro. Eu vejo as pessoas falando absurdos de como o Leandro era. Não só como lateral, mas como zagueiro também. Isso já mostra a qualidade e o entendimento de jogo que ele tinha.

Assista: tudo sobre o Flamengo no ge, na Globo e no sportv

Fonte: Globo Esporte