Representante de uma das maiores cidades do estado do Rio de Janeiro e expoente futebolístico da Baixada Fluminense, o Nova Iguaçu não entrará em campo neste sábado apenas para iniciar a disputa do título do Campeonato Carioca contra o Flamengo. Mostrar a identidade de quem alcançou um feito inesperado é algo maior do que apenas conquistar uma vitória no campo.
Bill vai completar 25 anos de idade no dia 7 de maio. Ele foi criado no clube antes de se desenvolver nas categorias de base do Flamengo, onde fez sua estreia como profissional em 2019. De volta ao Nova Iguaçu depois de perambular pelo Brasil e pelo mundo, ele curte o momento de resgate do orgulho da Baixada.
- Como sou daqui da cidade, conheço muita gente. Quando vai no mercado, encontra um amigo que estudou junto, tem a família, o carinho das pessoas. Não que tenha mudado, mas trouxe mais as pessoas do município para perto. Nós somos o termômetro dessas pessoas. Se estivermos bem, eles estão bem, com nossa maneira de jogar, a galera do nosso lado. É muito bom o carinho que as pessoas têm com a gente, com o clube. Eles estavam um pouco carente dessa situação - disse Bill.
Aos 52 anos, Carlos Vítor vive um momento especial em sua vida. Toda a carreira do treinador foi construído no Nova Iguaçu, desde as categorias de base até receber a oportunidade de assumir o time profissional. Depois de surpreender o Vasco na semifinal do Carioca com seu estilo de jogo, não vê motivos para mudar.
- A gente sabe o que o Flamengo representa na América do Sul. Mas não podemos perder nossa identidade. O que nos trouxe até aqui foi o perfil de fazer um jogo diferente. Isso nos credenciou. O Flamengo vai pressionar, ser agressivo, mas se tem uma coisa para a qual estamos preparados é esse momento - afirmou.
A capacidade de poder representar uma cidade tem esse peso. Antes do Nova Iguaçu, apenas Volta Redonda e Americano haviam furado a bolha da capital para chegar à final do Campeonato Carioca.
- Esse momento é contagiante. O esporte aproxima as pessoas, junta as etnias, rompe barreiras, vive momentos de muita satisfação. Muita gente enxerga Nova Iguaçu de forma depreciativa. O esporte vai rompendo, trazendo as pessoas, fazendo ser carismático. A gente sente que as pessoas tratam de forma carinhosa porque também somos simples, não se vê vaidade, sou muito humilde. Isso só fortalece para mobilizar o município - comentou Carlos.
O reforço das torcidas dos outros times também é possível de sentir às vésperas da final. Tanto Carlos quanto Bill já foram abordados nas ruas da cidade na expectativa de que possam surpreender o Flamengo.
- Eu transfiro a responsabilidade, digo que sou apenas um facilitador e colaborar do trabalho - brincou Carlos.
- Isso vai nutrindo a gente de coisas boas. É bom ter isso, sentindo que tem a questão de rivalidade, mas em outros encantou mesmo. Há pessoas que vão comprar até camisa para torcer. Ficamos muito felizes - comentou Carlos.
Autor de um dos gols da classificação do Nova Iguaçu para a final do Carioca, Bill já foi cobrado para repetir a dose contra o Flamengo.
- É mais pela torcida do Vasco. Dizem: "Fez no Vasco, agora tem que fazer no Flamengo". Gerir isso é um pouco difícil. A gente ganha mais torcedores, mais gente nos apoiando - afirmou Bill.
O Nova Iguaçu terminou a Taça Guanabara na segunda colocação atrás justamente do Flamengo. Na semifinal do Carioca, eliminou o Vasco. O primeiro jogo da final é neste sábado, às 17h (de Brasília), contra o Flamengo, no Maracanã.