Após 23 anos, Renato Gaúcho está de volta ao Flamengo , clube no qual viveu uma relação de paixão e ódio com a torcida nos tempos de jogador. Entre 1987 e 1998, ele teve quatro passagens pela Gávea, faturando títulos importantes como a Copa União de 1987 e a Copa do Brasil de 1990. Em 213 jogos, foram 68 gols.
Juras de amor, provocações com adversários e brigas marcaram o período do novo treinador pelo clube rubro-negro quando atleta.
Ídolo incontestável
Depois de fazer enorme sucesso pelo Grêmio , Renato foi contratado a peso de ouro pelo Flamengo em 1987. Na Gávea, o atacante tinha o segundo maior salário do elenco, atrás apenas de Zico, maior ídolo da história do clube.
Irreverente, o craque nunca gostou de usar caneleiras e preferia jogar com as meias arriadas.
Após um começo de altos e baixos, foi o grande nome da conquista da Copa União de 1987 e eleito o melhor jogador do torneio pelo Prêmio ESPN Bola de Prata Sportingbet . Seu grande momento foi um golaço que decretou a classificação na difícil semifinal contra o Atlético-MG , em pleno Mineirão.
Após o Carioca de 1988, Renato foi vendido para a Roma . A passagem pela Europa, porém, durou poucos meses. Ele não conseguiu adaptar-se ao futebol italiano e teve problemas de relacionamento com alguns colegas de time antes de voltar para o Flamengo.
Parceria de sucesso com Gaúcho
Dizendo-se arrependido da saída da Gávea, Renato passou por algumas polêmicas no começo da segunda passagem com seu então desafeto, Telê Santana, técnico que o cortou da Copa do Mundo de 1986. Após a demissão do treinador, o atacante brilhou outra vez.
O camisa 7 formou uma grande dupla com o centroavante Gaúcho – dentro de campo e na noite carioca – na conquista da Copa do Brasil de 1990 e do Carioca.
Grande astro da equipe, ele era uma presença constante nos locais mais badalados e gostava de ser chamado de “Rei do Rio”. Amante da praia e do futevôlei, o craque nunca mais largou a cidade, onde tem residência.
Em 1991, o atacante não chegou a um acordo para renovar contrato com o clube rubro-negro e foi para o Botafogo . Em General Severiano, chegou a fazer boas partidas, mas acabou dispensado durante as finais do Brasileirão de 1992, contra o Flamengo.
Depois da vitória rubro-negra no primeiro jogo por 3 a 0, Gaúcho foi a um churrasco na casa de Renato – com direito a cerveja gelada – e foi servido com carne na boca pelo amigo. O flamenguista ainda tirou um sarro de como sua equipe atropelou o rival.
O encontro, registrado em uma hilária reportagem da TV Globo , causou uma enorme polêmica, que culminou com o afastamento do botafoguense pela diretoria antes do jogo de volta da decisão.
Briga com Djalminha
Renato ainda passaria depois por Cruzeiro e Grêmio antes de voltar à Gávea. Ele ficou marcado por usar faixas no cabelo como forma de propaganda, geralmente da tradicional churrascaria "Porcão". Durante um clássico Fla-Flu, em Caio Martins, válido pelo Carioca de 1993, o Flamengo vencia o rival por 2 a 0 (dois gols de Renato), mas após uma expulsão, a equipe levou a virada. No fim da partida, Djalminha perdeu uma disputa de bola pelo alto e foi cobrado por Renato.
Os dois passaram a discutir, se xingaram, trocaram empurrões e só não houve pancadaria porque os colegas de time – os baixinhos Marquinhos e Marcelinho Carioca - apartaram, e o árbitro José Roberto Wright encerrou a partida. Apesar de serem amigos, os craques quase brigaram outra vez no vestiário.
Mesmo os jogadores tendo feito as pazes, a diretoria do Flamengo negociou logo em seguida Djalminha com o Guarani e também dispensou Renato Gaúcho, que acertou com o Atlético-MG. A passagem por Belo Horizonte, porém, durou poucos meses.
Volta após gol de barriga
Renato passou a ser odiado pela torcida do Flamengo depois de jogar pelo Fluminense, no qual virou ídolo depois do gol de barriga na final do Carioca de 1995 sobre o clube da Gávea – no ano de seu centenário - de Romário, Sávio e Edmundo. Quando estava nas Laranjeiras, o atacante gostava de provocar quando marcava um gol no rival com o dedo em cima da bola em sinal de silêncio.
Em 1997, Renato quase acertou com o São Paulo após um pedido da Federação Paulista de Futebol, mas sem dar satisfações ao time paulista voltou para o Fluminense e renovou seu contrato. Depois do Estadual, ele surpreendeu ao acertar com o Flamengo.
A quarta passagem pela Gávea foi apagada. Aos 35 anos, ele já não apresentava o mesmo brilho de antes e saiu sem conquistar títulos. Depois de fazer 13 jogos no Brasileiro de 1997, ele foi reserva da equipe vice-campeã carioca de 1998 que tinha no ataque Romário e Rodrigo Fabri.
Sua última partida foi no dia 6 de maio no estádio Eduardo Guinle, em Nova Friburgo, para um público de apenas 3.204 pagantes, na vitória por 1 a 0 (gol contra) sobre o Friburguense, na quinta rodada da Taça Rio. Ele entrou no segundo tempo na vaga de Palhinha, na partida que Romário sentiu uma fisgada na coxa direita que o deixaria de fora da Copa do Mundo na França.