Mais de oito anos depois de deixar o Corinthians para se tornar o comandante da seleção brasileira em duas Copas do Mundo, Tite está de volta a Itaquera. O reencontro com a torcida alvinegra, adversária do Flamengo na partida de hoje, às 16h30, pelo Brasileirão, é simbólico: o treinador ainda busca repetir na Gávea o desempenho e os resultados apresentados por lá.
Tite teve uma primeira passagem pelo Corinthians entre 2004 e 2005, mas foram as duas últimas que definiram a percepção que existe hoje sobre seu trabalho como treinador. Entre 2010 e 2013, ele conquistou o principal título de sua carreira — o Mundial de Clubes sobre o Chelsea —, mas lidava com críticas pela proposta de jogo conservadora e pela recorrência de empates que levaram à criação do apelido Empatite.
Já a versão 2015 de seu time era um conjunto redondo, seguro na defesa e de entrosado repertório ofensivo. O título brasileiro daquela temporada veio com a melhor campanha até então na era dos pontos corridos de 20 clubes — depois, seria superada pelo próprio Flamengo de Jorge Jesus (2019) e pelo Atlético-MG de Cuca (2021).
Para quem aconmpanha aquele Corinthians, imaginaria que no rubro-negro, com as peças que tem à disposição, o time estaria entregando um desempenho mais vistoso. O alvinegro paulista de nove anos atrás, tinha como grande característica o jogo coletivo. Com muitas aproximações e rápidas trocas de passes, a equipe conseguia ter total controle de boa parte das partidas que disputou.
O rubro-negro hoje ainda está longe de ostentar essas virtudes. Já são dez meses de trabalho de Tite, mas o time continua a transmitir a sensação de que está em construção. É difícil apontar a parcela que cabe à comissão técnica do treinador e aquela que entra na conta do calendário insano do futebol brasileiro e suas consequências. Depois de enfrentar nove rodadas da Série A sem vários de seus principais jogadores, convocados para a Copa América, agora o técnico lida com desfalques em série. Para hoje, são seis: os meias De la Cruz e Arrascaeta e os atacantes Gabigol e Michael — o lateral Viña e o ponta Cebolinha já eram baixas confirmadas até o ano que vem. O centroavante Pedro, está recuperado da lesão no músculo posterior da coxa esquerda e deve iniciar a partida de hoje.
Embora a produção ofensiva do rubro-negro não seja de encher os olhos — e muitas vezes o time abra mão da posse de bola para jogar em transição —, os números são bons: 38 gols marcados nesta Série A, atrás apenas dos 41 do Botafogo. Já a defesa tem sido bem mais vazada do que o desejado. São 26 gol sofridos até aqui, o pior índice entre os sete primerios colocados. A bola aérea surge como um foco de preocupação especial.
Mesmo com desempenho aquém do esperado, Tite segue vivo na busca por um sonho quase impossível: o Flamengo tenta conquistar todos os títulos do ano. Em boa situação nos mata-matas, os rubro-negros clamam para que o treinador trate o Brasileiro como prioridade e, para seguir buscando o título da competição, precisa vencer o Corinthians.