Vanderlei Luxemburgo é sempre um homem de frases marcantes. E uma delas no ano passado teve grande repercussão e chegou a gerar críticas a ele:
“Fazíamos tudo isso com outro nome”, disse, ao comentar as novidades que treinadores estrangeiros haviam trazido ao Brasil, principalmente Jorge Jesus.
No Aqui com Benja deste sábado, porém, o treinador garantiu que não houve nenhum ciúme dos treinadores brasileiros com Jesus e explicou exatamente o que quis dizer quando ‘minimizou’ as inovações táticas. Para ele, a modernidade no futebol está em outra coisa: a intensidade.
“A CBF trouxe treinadores portugueses, deram aula nos primeiros cursos e mudaram os nomes, criaram coisas que já existiam com nome que eles adotam em Portugal. E todo mundo achou que trouxeram isso como moderno e que estávamos com ciúmes. Não! Isso tudo nós já fazíamos com outro nome. Então, por exemplo: ultrapassagem é o que o Coutinho usava como overlapping . Ponto futuro já se fazia. Fechar a casinha é reativo. Marcação alta é marcação sob pressão. Contragolpe é transição ofensiva... Sabe? Tudo isso já existia. Trouxeram, colocaram esses nomes e muita gente começou a colocar isso como moderno”, começou.
“Moderno não está nisso aí. Moderno está na estrutura que você tem hoje, para te oferecer o melhor e preparar o seu time. Sabe onde está o moderno? Você corria 10 ou 11km por jogo em 2006 e fazia 3% dessa distância em alta intensidade. Hoje você continua correndo 10 ou 11km por jogo, mas você faz 15% acima de 20 km/h. Alguns jogadores, como o Verón, chegam ao máximo de 35 km/h. Agora são 1.500m trabalhando em alta intensidade. Então aí que está a grande diferença do futebol. O dinamismo, o preenchimento de espaço, a marcação com pressão com muito mais eficiência”, completou.
“Começaram a falar de esquema tático. Mas para mim a grande mudança que teve no futebol foi a parte tática que sempre existiu no mundo, mas agora dentro de um percentual de 15% de alta intensidade. Aí é a grande mudança. Você vem aqui para o treinamento e não trabalha mais o volume de 2h de treno. Trabalha 40 a 45 minutos, mas intenso, na fadiga do jogador. Para que ele possa fazer esses 1.500m em alta intensidade”, finalizou.
O atual treinador do Palmeiras ainda foi mais enfático ao garantir que não houve nenhum tipo de ciúmes com Jorge Jesus. Pelo contrário: Vanderlei Luxemburgo diz que a vinda do português foi realmente muito importante para o futebol brasileiro e abriu a porta para outros estrangeiros que venham para somar novidades.
“Nada (de ciúmes)! Foi uma coisa mais externa do que interna. Não teve nada entre os técnicos. Simplesmente foi uma oportunidade que nós tivemos de discutir algumas coisas da nossa profissão. Foi ótimo ele ter vindo para cá, excelente! Só que as pessoas confundiram a gente discutir a profissão com inveja dele. Não tem que vir só o Jorge Jesus não, tem que vir outros profissionais para trocar ideias com a gente, formas de trabalhar, condutas profissionais, metodologia... Tudo tem que ser estudado. Só que não tínhamos absolutamente nada”, disse.