No abafa e na raça: Flamengo lida com ansiedade e supera lesões para abrir vantagem na Libertadores

Na noite desta quinta, o Flamengo entrou em campo com o objetivo claro de abrir vantagem em cima do Bolívar no Maracanã. A intenção era afastar o fantasma da altitude de La Paz no segundo e decisivo jogo, já que o Rubro-Negro nunca venceu por lá: três jogos e três derrotas. A postura foi perceptível aos olhos do ge no gramado desde o apito inicial.

Equipe do Flamengo entrando em campo com mosaico na partida contra o Bolivar — Foto: Alexandre Durão

Foram 90 minutos de um time lidando com a ansiedade de marcar. O placar de 2 a 0 talvez não retrate o que foi a partida em questão de oportunidade e volume de jogo, mas certamente prova a mentalidade forte de um elenco que precisou superar (quatro) lesões nos últimos jogos - sendo duas nesta noite.

Everton Cebolinha e Viña , que inclusive já passaram por suas respectivas cirurgias e só voltam a campo em 2025, foram os primeiros problemas do Flamengo para enfrentar o Bolívar. E foi justamente com um improviso no ataque que o Rubro-Negro teve o seu melhor jogador no Maracanã: Luiz Araújo na esquerda.

Luiz Araújo fez um gol, deu uma assistência e seis passes decisivos. Acertou quatro de 12 cruzamentos, acertou seis de sete dribles, além de ter feito seis desarmes.

Dos pés de Luiz Araújo saiu o primeiro respiro para afastar a ansiedade, somente aos 29 minutos do primeiro tempo. O camisa 7 ficou cara a cara com o goleiro e marcou para abrir placar após uma linda jogada de triangulação com Arrascaeta e Pedro, que dominou de peito antes de dar assistência.

Esse gol trouxe uma certa tranquilidade em um cenário que o Flamengo tinha quase 60% de posse de bola e quatro finalizações. O gol também desencadeou uma mudança de postura nos bolivianos: a cautela com a cera.

Arrascaeta reclama com Wilmar Roldán das ceras em Flamengo x Bolívar — Foto: Letícia Marques / ge

De frente para o ataque rubro-negro, o ge observou o quanto a cera incomodou. Arrascaeta e Pedro a todo momento apressavam o goleiro Lampe e, ao mesmo tempo, cobravam uma atitude do juiz Wilmar Roldán com os segundos perdidos pelo time do Bolívar.

A dupla Arrascaeta e Pedro funcionou bastante no primeiro tempo, mas a parceria foi interrompida por aquilo que viria a ser o primeiro problema de lesão do Flamengo no jogo: Pedro recebeu um lançamento, avançou para o ataque, mas sentiu a coxa na hora de proteger a bola. Imediatamente o camisa 9 pediu para sair com dores na posterior da coxa. (veja vídeo)

Aos 37, Gabigol foi ovacionado na sua entrada para substituir o artilheiro Pedro. O Maracanã aplaudiu, gritou o nome e teve a esperança de que o atacante pudesse reviver os velhos tempos. Mas não aconteceu.

E, para piorar, no fim do jogo, ainda se juntou à lista de problemas do Flamengo . Em lance similar ao de Pedro, Gabigol arrancou e também sentiu a posterior da coxa. A jogada era tão perto da linha lateral que por lá ele ficou e se dirigiu direto para o vestiário antes mesmo da partida acabar (veja vídeo abaixo).

Mas antes de sair, Gabigol protagonizou um momento que retrata bastante o jogo e a ansiedade rubro-negra que trouxemos desde o início deste texto. O segundo tempo foi morno, e a cada chance perdida ou jogada desperdiçada, os jogadores não disfarçavam o semblante de ansiedade em marcar. Arrascaeta, Gabigol, Luiz Araújo, Gerson e De la Cruz vibravam intensamente na menor das oportunidades.

Flamengo x Bolívar - De la Cruz — Foto: Alexandre Durão

O Flamengo conseguiu aumentar o volume só nos minutos finais e, neste momento, aconteceu a cena que retratou a ansiedade em definir a partida. Aos 44, Luiz Araújo cobrou escanteio na cabeça de Léo Pereira, que marcou o segundo gol. O gol, claro, deu mais um respiro na ansiedade de abrir vantagem pensando no segundo jogo e na dificuldade que é jogar na altitude. Não à toa foi muito comemorado por Léo Pereira.

Mas foi Gabigol que, mesmo no meio da comemoração, retratou o sentimento do time desde o primeiro minuto de jogo. O camisa 99 puxou o zagueiro, pediu para ter mais jogo e correu para colocar a bola no meio-campo. Gabigol pedia e sinalizava com o dedo "mais um, mais um". (veja o vídeo abaixo)

Não deu. O Flamengo não conseguiu fazer o terceiro gol - nem oportunidade teve nos minutos finais. E os jogadores que viveram 90 minutos de ansiedade deixaram o Maracanã com a sensação de que um passo (importante) foi dado. Pelo menos foi assim que resumiu Arrascaeta no fim da partida "Deixamos tudo aqui. Conseguimos um gol muito importante no finalzinho".

E, o autor do "gol muito importante" deixou o campo pedindo "pé no chão" e afirmando que "não tem nada resolvido". O tamanho desse resultado só poderá ser medido daqui a uma semana, nos 3.640 metros acima do nível do mar, em La Paz, na partida que decidirá quem avança às quartas.

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Fonte: Globo Esporte