Na Portuguesa-RJ, Hernane Brocador diz que faria 50 gols pelo Flamengo atual e relembra 'bagunça enorme' na Arábia Saudita

Uma das características do Estadual do Rio é a presença de personagens marcantes para o torcedor em times de menor expressão. É o caso de Hernane Brocador, que neste ano defende a Portuguesa, que neste domingo enfrenta o Fluminense às 16h em Moça Bonita. Ele volta à cidade dez anos depois da saída do Flamengo, onde foi campeão da Copa do Brasil de 2013 e do Carioca de 2014. Aos 37 anos, vestirá a camisa 100 ao longo do ano em referência ao centenário da Lusinha, cujo grande objetivo é conseguir o acesso à Série C do Brasileiro. Em entrevista ao EXTRA, Brocador falou sobre a nova fase, o passado no rubro-negro e a experiência na Arábia Saudita.

O que motivou a volta ao Rio?

Primeiro, o convite especial da Portuguesa, no ano do centenário do clube. Não pensei duas vezes. E vim jogar um campeonato do qual fui artilheiro. Minha identificação com o Rio e com o torcedor carioca pesou.

Qual é o projeto da Lusinha?

No ano passado, quase conseguiram o acesso (à Série C do Brasileiro). Mas este é o do centenário. Precisa subir de qualquer maneira. Achei a pretensão interessante e vim ajudar a Portuguesa.

Tite, técnico do Flamengo, disse que o Estadual do Rio é o mais difícil. Você concorda?

Acho que ele quis falar dos quatro grandes, que vêm se reforçando. Já joguei o Paulista, e ele, na minha visão, é o mais forte, porque as equipes investem, pagam bem e têm folhas muito altas.

Você brilhou numa época de vacas magras no Flamengo. De lá para cá, o clube ganhou títulos, e ídolos surgiram. Qual é o seu lugar na história?

O dia a dia fala muito. Até hoje, torcedores me chamam de ídolo, me pedem para voltar nas redes sociais. Esse carinho é uma forma de retribuir tudo o que fiz pelo clube. Costumo falar que fiz muito com tão pouco... Fui para o Flamengo numa época em que o clube estava começando a se reestruturar, e ganhamos um campeonato com um time totalmente desacreditado.

Você marcou 36 gols em 2013. Quantos faria hoje?

Uns 50 (risos).

Aquele Hernane Brocador teria vaga na equipe do Tite?

Para ser ousado, vou falar igual ao Carlos Alberto: ia ter que sair alguém (risos).

Vai comemorar se fizer gol contra o Flamengo?

Creio que sim, porque estou defendendo outra camisa. Mas com respeito ao clube e ao torcedor por tudo o que conquistei lá.

À época, você saiu do Flamengo para o Al-Nassr, time da Arábia Saudita que hoje conta com o português Cristiano Ronaldo e outros craques no elenco. Como era o clube há dez anos?

Era uma bagunça enorme. Os atletas treinavam quando queriam. Quando cheguei, os caras estavam há oito, nove meses sem receber salário. Falavam que não dependiam daquilo, porque tinham outra profissão. Eu mesmo ainda peguei quatro meses de salários atrasados. Foi uma época bem difícil.

Imaginava o boom de agora? Gostaria de voltar?

Nunca imaginei que o Cristiano Ronaldo jogaria lá. Mas a tendência do futebol é melhorar sempre, não só na Arábia. Nos próximos dez anos, outras equipes menores podem crescer também. Um atleta outro dia me perguntou como foi a experiência lá, se eu voltaria. Para o Al-Nassr, não, até porque saí de uma forma ruim. Mas acho que, se surgisse uma proposta do Mundo Árabe, toparia sim.

Já pensa na aposentadoria?

Ainda está longe, pelos meus cálculos. Quero jogar mais uns dois anos. Se o telefone continuar tocando, a gente vai, né? (risos). Enquanto o corpo estiver aguentando... Nunca tive problema com peso, a genética é boa (risos). Vai ser muito difícil sair do futebol. Vou aproveitar que estou no Rio para fazer algum curso. De gestor, por exemplo. Acho que tenho esse perfil. Vou estudar e analisar nesses próximos dois anos o que pode ser válido para o meu pós-carreira.

E como está a vida no Rio?

Tentei demais uma casa na Ilha (do Governador). Mas faltou energia algumas vezes, vi muitas casas e apartamentos sem mobília, então, para mim, ficou bem difícil. Como já conhecia um pessoal no Recreio, ficou mais fácil morar lá.

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Fonte: Extra