Dez anos de história e ainda com muita história para contar. O Flamengo campeão do Brasileirão com recordes pulverizados acorda a sexta-feira para comemorar uma década do título de 2009. Época de um outro Flamengo, um outro futebol, um outro Maracanã, mas não menos marcante no coração do torcedor.
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Time do Flamengo posa no gramado do Maracanã antes da última partida contra o Grêmio — Foto: infoesporte
CONFIRA O PODCAST ESPECIAL DO TÍTULO DE 2009
O 2 a 1 sobre o Grêmio com gols de David Braz e Ronaldo Angelim (Assista no vídeo abaixo) coroou uma campanha bem diferente do time atual. Se o Flamengo de Jorge Jesus é o melhor da história da competição, o de Andrade foi o campeão com menos pontos: 67 (impressionantes 23 a menos que os 90 de momento). Mas não faltavam personagens.
Adriano e Petkovic foram os protagonistas indiscutíveis. Mas o GloboEsporte.com falou com os emblemáticos laterais Léo Moura e Juan, o xodó Toró e o importantíssimo Zé Roberto para relembrarem a conquista e, principalmente, contarem causos de bastidores movimentados entre Ninho do Urubu e Gávea. O GloboEsporte.com pediu depoimentos de Andrade e Ronaldo Angelim, mas ambos não deram retorno.
Confira os relatos:
Toró - Volante
- Um caso interessante que poucas poucas pessoas até do grupo sabiam foi que em um treinamento na Granja eu e o Juan nos desentendemos. Juan sempre foi muito ranzinza. Hoje, é meu amigo, mas era muito ranzinza.
Foi engraçado que ficamos muito tempo sem falar e o armário dele era do lado do meu no vestiário. Nos falávamos em campo, mas fora só balançávamos a cabeça por educação.
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Toró defendeu o Flamengo entre 2006 e 2010 — Foto: Richard Souza / GloboEsporte.com
O mais bonito e engraçado é que após o título a primeira pessoa que fui abraçar quem foi? Juan. Nós abraçados olhávamos um para cara do outro chorando e entramos para história do maior time do Brasil, do nosso Mengão.
Minha esposa sabia disso tudo desse desentendimento e viu da arquibancada. Quando chegamos em casa, ela falou: “Caraca! O que o Flamengo faz, né?! Você e Juan abraçados, chorando e conversando”. Isso me marcou legal!.
Juan - Lateral-esquerdo
- Aquele título foi fundamental. Nosso elenco era forte, unido e precisava de um título de expressão. Foi uma conquista que nos colocou em outro lugar no carinho do torcedor.
Em relação ao Toró, realmente tivemos essa discussão, mas não lembrava que tínhamos ficado tanto tempo sem se falar. Recordo do momento da comemoração, que mostra a união do grupo e o perfil de ser vencedor, se cobrar, querer sempre vencer.
Foi algo que aconteceu e mostrou nossa união por depois ficar tudo bem. O Toró sempre foi um cara muito legal e dentro de campo queremos sempre o melhor.
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Juan defendeu o Flamengo entre 2006 e 2010 — Foto: Agência O Globo
Léo Moura - Lateral-direito
- Aquele título teve uma importância absurda. Se vê bem durante o campeonato que, mesmo durante a reta final, estávamos muito distantes da primeira colocação, e o que nos deu confiança foi a vitória sobre o Corinthians. Ali, tivemos o fôlego necessário para buscar o título no último jogo dentro de um Maracanã lotado e só dependendo do time. São 10 anos do hexa e é ótimo relembrar o momento.
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Leonardo Moura comemora o título do Brasileiro de 2009 — Foto: Alexandre Durão
Sobre aquele pênalti contra o Corinthians, tenho meu canto de confiança para a batida. Não sei o que o Felipe pensou na hora, se ele achou que eu ia bater no meio ou se não quis pular. Já não era culpa minha. Mas tinha na cabeça onde bater e fui pensando nisso. Foi importante, marcante.
Zé Roberto - Atacante
- Aquele grupo foi um dos melhores que tive o prazer de trabalhar e tem muitas histórias engraçadas. Vou contar dos meninos mais novos, que apelidei de Menudos: Erick Flores, Willians, Éverton Silva, Éverton e Welinton.
Eles me chamavam de patrão e sempre que tinha uma folga me pediam para falar com o Isaías Tinoco para liberar a saidinha. Gostavam de baile funk para curtir a folga e sempre que voltavam me passavam tudo que tinha acontecido. Só que o Isaías já sabia de tudo. Era um grupo bacana e fácil de conviver.
Já o Angelim comprou um carro aquele ano que namorou por muito tempo. Só que morava em Copacabana e treinávamos muito no Ninho do Urubu. A distância era considerável.
Com uma semana, ele me chamou e falou que o carro bebia muita gasolina. O Angelim sempre foi pão duro, né? Mão fechada! Eu falava: “Pô, tu sempre quis esse carro e está reclamando?”.
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Ronaldo Angelim comemora o gol do título do Flamengo diante do Grêmio — Foto: Reuters
Ele respondia: “Eu não aguento, não. É muito longe de Copacabana para o Ninho. Esse carro bebe muito e vou entregar. Eu vou lá, macho. Vou devolver” (risos). Ficou muito bravo, mas não conseguiu devolver.
Era um grupo maravilhoso. Sinto muita falta. Éramos muito unidos.