No fim da tarde desta terça-feira, no dia seguinte à reeleição de Eduardo Bandeira de Mello, o Flamengo apresentou seu novo treinador na Gávea. Tetracampeão brasileiro e uma vez da Libertadores, Muricy Ramalho chegou hoje mesmo no Rio, assinou contrato por dois anos e já até visitou o Centro de Treinamento do Ninho do Urubu, em Vargem Grande. Embora tenha enfatizado seu trabalho na base, ele ressaltou que será cobrado por resultados.
Ao ser perguntado quantos títulos conquistaria em 2016, ele disse esperar que sejam bastante.
ESCOLHA
Não sou uma cara inseguro, pelo contrário, sou seguro. Na minha carreira, escolhi muito bem onde trabalhei e acho que estou fazendo a escolha correta outra vez. Tenho contrato de dois anos que pode se estender. No meu histórico, a maioria dos contratos eu termino porque sou um cara que conquisto. Isso é segurança e, com certeza, aqui não vai ser diferente. Devo ficar dois anos e até um pouco mais.
CENTRO DE TREINAMENTO
Estive agora a tarde lá para conhecer. Acho importante aproveitar esses dias para começar a trabalhar. Fui conhecer o CT, faltam muitas coisas. Existe um projeto emergencial para janeiro, que já vai estar melhor do que era. Daqui a um ano, um definitivo. Não tem como no futebol de alto de rendimento não ter isso. Pode ganhar num dia ou no outro por sorte, mas tem que melhorar (a estrutura). É só ver os números de quem está na frente. Esse é o caminho. Isso aqui no Flamengo vai acontecer. Primeiro foi acertar as finanças e agora a estrutura.
ESTILO DE JOGO
A maneira de jogar vai mudando no futebol, não é como há quatro anos. Hoje tem diferenças. Os times têm que estar mais juntos, ter controle de jogo, que é a posse de bola. Você tem que propor o jogo sempre. O futebol hoje é transição rápida e velocidade. Lá atrás era diferente. A bola parada seguimos treinando. Nos nossos números, vimos que tomamos muitos gols de bola parada. Então, vamos treinar a bola parada. Hoje, vi no scout e conversei com pessoas. A deficiência da bola parada não é por altura porque nosso time é grande.
CARIOCA
Isso é estratégia do clube, não do técnico, que não é comandante do clube. Eu vou cuidar do time. A ideia é disputar com um time alternativo. No começo, a ideia era separar, mas aí não dá porque não vou conhecer os garotos. A ideia é levar todos para Mangaratiba, são 38 (atletas). Vamos alternar os horários para treinar os que vão disputar um (campeonato) e outro. (Treinar) junto com (o treinador) que escolhermos. Pode ser o Jayme. Nós jogamos juntos, fui parceiro de futebol e estive no casamento dele. Vamos fazer trabalho em conjunto porque tenho que ficar junto do futuro que é a molecada. Vou ver os jogos, mas vai ter uma pessoa para dirigir.
O QUE EXIGIR DOS JOGADORES
Não é cartilha, nada autoritário, mas é o básico de um grande time que quer conquistar alguma coisa. Faz parte do trabalhador. O cara recebe para estar trabalhando. Ele tem que ser disciplinador, comprometimento com camisa, se comportar bem, trabalhar muito e dar resultado. Essa palavra (resultado) é super importante. (O jogador) Vai ser cobrado sobre resultado. É muito romântico jogar bonito, mas tem que dar resultado, cara. Não tem saída. Treinador de (clube) grande é cobrado por objetivos. É isso que vai ser cobrado. Não sou super disciplinador, como as pessoas pensam, mas cobro como tem que ser cobrado, mas cobro mesmo. Alguém tem que cobrar, e esse é o treinador.
PARADA DE OITO MESES
Estou invicto faz oito meses, posso garantir. E é muito bom não trabalhar, não sabia que era assim. Fiquei 22 anos sem parar porque nós treinadores não temos férias. Jogadores saem de férias, mas nós ficamos aqui, é período de contratações. Não sabia como era isso (férias), tinha esquecido.
BASE
O que a gente mais erra no Brasil é a base. Não dá para acreditar que um sub-10, sub-20 perde campeonato mirim e o técnico é mandado embora. Isso é falta de convicção. Na base não é o principal (ganhar títulos). Quero tentar implantar, achar modelo e técnicos para trabalhar esse modelo. Ganhar é importante, mas eles são obrigados a fazer jogadores. O diretor da base tem que entender isso. A gente erra muito neste sentido, até na base mandamos técnicos embora. Conheci professores do Barcelona e todos treinam iguais, sub-8, sub-10 e até meninas.