Flamengo , Palmeiras , Coritiba , Red Bull Bragantino e Athletico-PR são os clubes que, de imediato, podem se aproveitar da MP 984, publicada na quinta-feira, 18 .

Cada um deles tem pelo menos um trunfo comercial com a nova legislação provisória.

Os demais 15 clubes da Série A do Campeonato Brasileiro de 2020 já têm contratos firmados e ainda longe do fim para TV aberta, fechada, pay-per-view e streaming.

Mas nem todos entre os que têm direitos na prateleira encaram a mudança com otimismo.

Detalhe valioso

O Flamengo já pode comercializar seus jogos restantes do Campeonato Carioca , como mandante, segundo seu entendimento - a Globo, com acerto com os demais clubes, contesta . O Palmeiras é outro que pode ter um ganho importante e inesperado com a MP.

Na negociação com a Globo, em 2019, e com a Turner, em 2018, o clube alviverde assegurou os direitos de streaming em plataforma online de seus jogos.

Os demais clubes, de algum modo, em seus contratos, tiveram o streaming embutido nos contratos de outros direitos.

O que, em um primeiro olhar, parecia apenas um detalhe para o Palmeiras, tornou-se uma grande vantagem competitiva.

No ano passado, a equipe transmitiu, em parceria com a Turner, apenas os 12 jogos do Campeonato Brasileiro que envolviam os outros seis times sob contrato com a empresa norte-americana - Athletico, Bahia , Ceará , Fortaleza , Internacional e Santos .

A MP permite agora, de cara, que o clube exiba seus 19 jogos em casa por seu canal próprio, propriedade que poderá comercializar como benefício de seu programa de sócio-torcedor, o Avanti.

A paralisação e a quase certa proibição de público nos estádios até o fim deste ano impactam fortemente o programa, e o streaming pode ser a salvação.

Mantido o acordo de 2019 com os demais do bloco Turner, 25 dos 38 compromissos da equipe poderiam ser exibidos no canal próprio, a "TV Palmeiras Play", lançada em 2018.

100% à venda

O Coritiba e Red Bull Bragantino vivem situações semelhantes, mas encaradas de modo distinto. Recém-promovidos à Série A, os clubes tem todos os direitos nas prateleiras.

Em Bragança Paulista, porém, a MP pegou o clube em meio às negociações com a Globo e causou desconforto.

E, de um negócio estruturado, com propostas na mesa, o clube retorna para a fase de negociações, já que o cenário agora é totalmente outro.

O Coxa, que vê a MP com bons olhos, tem contrato de streaming com o DAZN para o Estadual, e a progressão desse acordo para o Nacional parece ser apenas uma questão de estabelecer bases contratuais, segundo apurou a reportagem.

TV aberta, TV fechada e pay-per-view estão ainda sem dono e também vinham sendo negociados em bases que têm tudo para mudar.

Canal próprio

Em entrevista ao ESPN.com.br , Mario Celso Petraglia, presidente do Conselho Deliberativo do Athletico-PR, demonstrou entusiasmo com a MP porque também tem o PPV por comercializar.

O clube investiu em software e hardware para estruturar o Furacão Play, seu canal próprio, que passa a ter uma relevância muito maior, graças aos 19 jogos que o time passa a deter integralmente com a MP.

A ideia da agremiação é dar preferência aos seus 42 mil sócios-torcedores na aquisição dos pacotes, que serão posteriormente abertos para venda geral.

“A ideia é vender o season ticket, a temporada completa, e não fazer a venda avulsa”, disse Petraglia.

A MP 984

A Medida Provisória nº 984, publicada pelo Governo Federal na quinta-feira, alterou, entre outras coisas, o texto da Lei Pelé que tratava sobre venda de direitos de transmissão, ao incluir a palavra "mandante" para definir o clube responsável pela comercialização.

Uma medida provisória tem efeito de lei assim que é publicada, mas tem vigência de sessenta dias, com possibilidade de prorrogação por mais dois meses – a validade máxima é de 120 dias. Para ser aprovada em definitivo, necessita do aval do Congresso Nacional.

A partir da publicação de uma MP, Câmara ou Senado precisam aprovar ou não o texto em até 45 dias. Caso isso não ocorra, os demais temas são impedidos de ser avaliados até a apreciação da medida provisória – ela “tranca” a pauta, como se diz no meio político.