Um investimento para o futuro. Esta foi a lógica de Michael para pedir ao Flamengo para abdicar das férias e jogar neste início de Campeonato Carioca. Em entrevista coletiva nesta quinta-feira, no Ninho do Urubu, o atacante explicou que busca uma sequência de partidas e mostrou que vê seu futuro no clube: não pretende sair emprestado e tem confiança de que poderá render o que se espera dele.
Michael, porém, sabe que a tarefa não é fácil. Ele fez questão de exaltar o elenco do Flamengo, especialmente o quarteto ofensivo, formado por Gabigol, Bruno Henrique, Arrascaeta e Everton Ribeiro.
- Ser emprestado não acho a melhor opção. Eu cheguei aqui não foi à toa. Eu trabalhei muito, como trabalho todos os dias. Se você for pegar o elenco do Flamengo, ele tem muita qualidade. Hoje, sou reserva dos quatro melhores atacantes do Brasil.
- Tenho que respeitar cada um deles, como respeito. Porque são pessoas boas, bons atletas. O que aprendo com eles todos os dias é bom para a minha carreira e será bom para o meu futuro. Ouço muitos conselhos e respeito cada um deles. Tento esperar minha oportunidade e, se Deus quiser, exercer minha melhor profissão, que é jogar futebol - disse Michael.
Michael Flamengo — Foto: Alexandre Vidal / Flamengo
O atacante reconheceu que sua primeira temporada não foi como ele esperava, pelo menos individualmente. Mas mostrou gratidão pelo Flamengo por toda a ajuda na adaptação a uma nova realidade.
- Eu ainda estava me habituando na cidade. Foi um ano de muito aprendizado. Aprendi, ganhei títulos, isso foi bom para a minha carreira. Creio que sou outro homem. Esse ano no Flamengo aprendi muita coisa. Quando decidi voltar antes, foi por isso: porque eu amo jogar futebol.
Eu quero estar aqui no Flamengo porque o clube me proporciona muitas coisas. O clube é muito grande, e preciso estar aqui para me habituar mais, aprender mais. Creio que meu ano não foi o que eu esperava individualmente, mas coletivamente foi o ano que queria. Eu tinha o sonho de ser campeão brasileiro. Mesmo não jogando muito, eu ajudava meus colegas treinando. Espero que esse ano seja melhor ainda - completou Michael.
Confira a íntegra da coletiva de Michael:
Motivo para voltar a jogar antes
- É uma oportunidade única para mim. Apresentar-se antes e ter essa oportunidade foi realmente o que quis. Queria estar aqui. Ter uma sequência de jogos neste início é muito importante. São meninos bons, alegres, que têm muito potencial. Espero ajudá-los e eles me ajudarem, para ter uma boa sequência no ano.
Relação com Rogério Ceni
- A gente trabalhou esse ano em que fomos campeões brasileiros. Creio que ele já me conhece. Pode ser, sim, um ano bom para nós dois, para nos conhecermos melhor. Ele sabe do potencial que tenho e da importância que tenho.
Michael na partida contra o Macaé, pelo Campeonato Carioca — Foto: André Durão
Sentiu a falta da torcida?
- Eu não acredito que ela fez falta só para mim. Fez falta para todos nós. Converso com meus companheiros, e todos nós sentimos falta da torcida. O Maracanã, com a torcida, é totalmente diferente. Vim jogar contra e depois joguei a favor, e vi o quanto era bom estar com a torcida incentivando. Acho que a gente sente muita falta. Espero que essa pandemia possa acabar o mais rápido possível, que possamos vacinar logo as pessoas para ter a torcida do nosso lado novamente.
Gratidão ao Flamengo
- Esse retorno será de grande importância lá no final. Posso estar abdicando de projetos que tinha feito com a minha esposa, mas em prol daquilo que amo fazer. Tive apenas cinco dias, fui lá casar, entrei no consórcio (risos). Mas voltei porque eu quero estar aqui, eu gosto de estar aqui.
Teve coisas que esse clube fez por mim que pouca gente sabe. Esse grupo fez por mim que muitas vezes nem sabiam. A gratidão que tenho por esses atletas, por essa diretoria, doutor Tannure também. Eu vou me esforçar para ficar aqui, vou dar meu melhor aqui. Retornar agora vai fazer muita diferença lá na frente. Espero render mais do que rendi e ter mais oportunidade para fazer aquilo que sei fazer de melhor.
Volta por cima de Willian Arão é inspiração?
- Inspiração com certeza. Nós, jogadores, somos muito criticados. O céu e o inferno são muito próximos. Um jogo ruim, o jogador é ruim. Um jogo bom, o jogador é o melhor do mundo. Nem sempre é assim. Não sei se minha história vai ser igual à dele, mas eu quero muito. É um cara vencedor, ganhou muitos títulos pelo Flamengo. Vou lutar, trabalhar e me dedicar muito por isso.
Pressão para jogar bem
- Sentir a pressão, não. Mas a vontade de jogar é muita. Eu tenho muita vontade, gosto de jogar. De tanto querer acertar, você acaba errando. Mas eu nunca vou me esconder. Para o cara jogar no Flamengo, ele tem que ter muita vontade, dedicação, mas também muita personalidade de tentar, querer acertar. Às vezes na ansiedade de querer que as coisas fluam, acaba me atrapalhando. Não significa que sou afobado ou ansioso, mas que tenho sede de vitória.
Michael em treino com companheiros em 2021 — Foto: Marcelo Cortes / Flamengo
Oscilação no rendimento
- A gente teve três treinadores. Quando cheguei aqui, tive mais oportunidades, realmente. Sabia que eu teria oportunidade de entrar todo jogo e exercer o que gosto de fazer. Mas não acho que eu tenha deixado cair meu rendimento. O elenco aqui é muito forte. O que esses quatro jogadores fizeram é de tirar o chapéu. Eu fico no banco, mas ficou feliz, por bater palma para esses moleques que jogam muito. Estou aprendendo muito com eles. Eu tenho que esperar e saber respeitar cada companheiro de equipe que tenho. São meninos bons, pessoas boas, quero aprender cada dia mais com eles.
Sequência de jogos
- Eu nunca consegui, ainda, ter dois jogos de titular, como terei a oportunidade agora. Quando quis voltar antes, esta era a intenção. Ter um pouco mais de sequência, adquirir confiança, me esforçar mais para que, quando o elenco voltasse, eu pudesse ajudar mais, tanto treinando quanto jogando. Vou dar meu melhor, nem sempre vai ser suficiente, mas minha vontade de querer ajudar nunca vai faltar. Creio que será um ano abençoado para todos nós.