Mexidas e desgaste tricolor fazem Flamengo achar a rota da vitória

Ainda não foi desta vez que a torcida rubro-negra assistiu a uma grande atuação da equipe em um clássico, mas a boa notícia é que a ''cara'' que o time vem tomando sob o comando de Tite esteve presente em campo novamente. Segurança na defesa e a manutenção de padrões ofensivos bem pragmáticos. Repetindo isso, aproveitou as debilidades geradas pelo próprio Fluminense no 2º tempo.

Não se trata de responsabilizar Fernando Diniz pela derrota. Fez o tipo de mexida que já tornou o Fluminense mais efetivo e vencedor em diversos jogos, mas desta vez não funcionou. Principalmente pela imensa qualidade técnica no lado contrário e o desgaste nítido de algumas peças tricolores. Pelo ótimo saldo de gols que tem, o Flamengo basicamente garantiu o título simbólico da Taça Guanabara.

Escalações

Tite contou com os retornos de Fabricio Bruno e Erick Pulgar. Ayrton Lucas foi mantido na lateral-esquerda. Viña começou no banco. E De la Cruz foi mantido no meio-campo. Gérson segue como desfalque.

Fernando Diniz preservou Felipe Melo, Ganso e Keno, que não ficaram nem no banco. Marlon, Renato Augusto e Douglas Costa foram titulares. Marcelo e Samuelç Xavier foram desfalques. Guga e Diogo Barbosa seguiram nas laterais.

Como Flamengo e Fluminense iniciaram o duelo válido pela 10ª rodada do Carioca 2024 — Foto: Rodrigo Coutinho

O jogo

Em um confronto aguardado por aquilo que as duas equipes poderiam fazer ofensivamente - fruto da qualidade técnica nos dois lados -, o trabalho defensivo de ambas foi o que mais chamou a atenção inicialmente. O Flamengo pela postura de marcação adiantada. Coordenada e intensa nos combates. O Fluminense pela compactação para proteger a própria área. Negou espaços ao rival perto do gol.

A bola passou grande parte do tempo dentro do campo tricolor. Algumas coisas explicam isso. Primeiro o já citado bom trabalho de ''pressão alta'' do rubro-negro até os 35 minutos. O Fluminense encontrou problemas para superar esse cenário. Cometeu erros forçados, mas teve um grande mérito. Reagiu rápido ao perder a bola, e não deixou com que o Flamengo aproveitasse tais desarmes.

Por outro lado, a circulação de bola do clube da Gávea não foi rápida o suficiente para mexer as linhas defensivas do time das Laranjeiras e gerar os espaços. Basicamente em todas vezes que chegou foi a partir de bolas retomadas no campo de ataque. Léo Pereira cabeceou com perigo uma falta cobrada por Ayrton Lucas na área. E Marlon travou Varela numa boa jogada iniciada por De la Cruz.

Arrascaeta e André disputam bola em Flamengo x Fluminense — Foto: André Durão / ge

O Fluminense chegou mais perto de ser contundente, mesmo finalizando menos. Teve um gol de Thiago Santos bem anulado por impedimento, e viu Rossi espalmar uma bela cobrança de falta de Arias. O Tricolor insistiu bastante em reunir jogadores pela esquerda, e mostrou um pouco mais de capacidade de envolvimento à defesa adversária em relação ao rubro-negro.

A última linha defensiva do Flamengo, porém, reagiu bem nas tentativas de passe para as proximidades da área. Varela fez boas interceptações. Douglas Costa saiu bastante da direita rumo ao lado esquerdo. Assim como Renato Augusto, tentou conexões com Arias. Elas aconteceram, mas sem tanto efeito prático.

Outro ponto que não funcionou no jogo foi a estratégia de lançamentos do goleiro Rossi a um dos pontas quando o Fluminense adiantava a marcação. Os passes foram imprecisos, longe de alcançarem as costas dos laterais tricolores, e Everton e Luiz Araujo perderam os duelos aéreos para Guga e Diogo Barbosa.

Faltou mobilidade ao Flamengo dentro do estilo de ataque mais posicional pregado por Tite. Isso tornou a troca de passes previsível e pouco vertical. Fernando Diniz sacou Marlon, Thiago Santos e Guga no intervalo. Antônio Carlos, Lima e Alexsander entraram. André foi recuado para a zaga e Alexsander fez a lateral-direita.

Como o Fluminense passou a se dispor na volta para o 2º tempo — Foto: Rodrigo Coutinho

Certamente Diniz buscou acrescentar mais capacidade para sua equipe superar as ''pressões altas'', além de descansar jogadores que atuaram 90 minutos na altitude de Quito. Acabou por naturalmente oferecer mais espaços com menos poder de combate, e o rubro-negro aproveitou para marcar sete minutos depois em bela troca de passes.

Pedro anotou mais um gol na temporada, mas Ayrton Lucas foi fundamental. Primeiro encontrando Arrascaeta nas costas do meio-campo do Fluminense, e depois ganhando de Alexsander um rebote dentro da área. O camisa 5 encontrava problemas com a improvisação na lateral-direita e foi trocado por Martinelli no setor depois dos 15 minutos. Passou a atuar na sua função de origem.

Quando parecia que tomaria de vez as rédeas do jogo diante de um time mais desgastado, o rubro-negro não conseguiu assumir o protagonismo com a bola. Viu o Tricolor quase empatar em chute cruzado de Alexsander, mas voltaria a aproveitar os espaços cedidos entre a defesa e o meio do Fluminense.

Em nova bela troca de passes pelo setor, Everton ''Cebolinha'' ampliou a vantagem do Flamengo ao arrematar forte após jogada de Pedro, Arrascaeta e De la Cruz. Fábio falhou. Com a vitória assegurada, a equipe de Tite passou a marcar dentro do próprio campo, encaixou contragolpes perigosos, e não sofreu defensivamente.

Fonte: Globo Esporte