Mente saudável: entenda o trabalho que ajudou Cebolinha a virar peça-chave no Flamengo

“Quanto mais você estiver bem mentalmente mais o corpo vai responder”.

A frase é de Everton Cebolinha em entrevista ao ge durante a pré-temporada do Flamengo nos Estados Unidos. O atacante vive seu melhor momento desde que chegou ao clube e entende que a fase atual é fruto de um trabalho extracampo de acompanhamento individual, incluindo a preparação mental com um profissional especializado.

O escolhido pelo atacante foi Lulinha Tavares, que exerce a função de preparador mental há 15 anos, percorrendo um caminho que, apesar de ser visto com certa desconfiança, atraiu nomes como Diego Ribas para a função. A vida de Cebolinha no Flamengo mudou com a chegada de Tite, que coincidiu com o início do acompanhamento especializado.

- Foi um passo muito importante. Foi uma peça-chave também da minha evolução, principalmente na parte mental. Eu procurei por isso. Eu já fazia acompanhamento com uma psicóloga (Lizandra, de Porto Alegre) e contratei o Lulinha para fazer um acompanhamento. Uma coisa está ligada à outra. Assim como a fisioterapia por fora (com o Neto) e a nutrição (com o Juliano). Tudo isso está interligado - disse Cebolinha, antes de continuar:

- Eu procurei isso porque via que aquilo que fazia no clube não era suficiente. Eu procurei evoluir também nesses pontos, e isso tem agregado muito. Hoje estou colhendo esses frutos que plantei. Eu sei da importância que é trabalhar a parte mental, principalmente em um clube como o Flamengo . A exigência é muito grande, você tem que estar sempre ganhando, e a gente sabe a dificuldade que é. Então, quanto mais você estiver bem mentalmente mais o corpo vai responder em campo - afirmou.

Everton Cebolinha em entrevista durante pré-temporada do Flamengo — Foto: Letícia Marques / ge

Responsável pelo trabalho com Cebolinha, Lulinha Tavares explica que se vê como "potencializador" de grandes nomes e investe no atendimento individualizado de atletas há cinco anos. Os anos de estrada fazem o preparador mental imaginar uma nova estrutura nos clubes no futuro.

- A preparação mental contribui para que os atletas tenham consciência de todos os profissionais que trabalham com eles. É preciso entender que não tem mais espaço para amador no futebol. Os recursos que hoje são disponibilizados para o esporte mostram que o futebol será muito jogado mentalmente e não apenas fisicamente. O nivelamento da parte mental com a parte física é necessário - comentou ao ge .

Cebolinha faz o acompanhamento há pouco mais de três meses. São sessões semanais de cerca de uma hora. De lá para cá, o atacante conquistou a titularidade e se tornou um dos homens de confiança de Tite. São 11 jogos consecutivos como titular. Para Lulinha, a fase é definida como "reconexão".

- O que define o Everton é reencontro. Ele reencontrou o Everton que o trouxe até o Flamengo . Ele voltou a sonhar, resgatou o sonho de menino. Ele quer protagonizar, recuperou a alegria de jogar. Não falávamos de titularidade ou não. Falávamos de ter alegria para jogar futebol. “Eu quero voltar a ser eu”, ele disse. Foi um resgate de autoestima, autoconfiança e autoimagem. Ele tem metas claras para um futuro muito próximo. O olho dele voltou a brilhar. Eu acho que foi uma reconexão mesmo.

Andreas Pereira também trabalhou a parte mental depois da Libertadores de 2021 — Foto: Julian Finney / GettyImages

Cebolinha não é o único elo de Lulinha com o Flamengo . O atacante conheceu o preparador mental após indicações de outros companheiros (e ex-companheiros) de clube que também fazem o acompanhamento.

Andreas Pereira, por exemplo, procurou o profissional após a falha na final da Libertadores de 2021. Pedro e Matheuzinho são alguns dos atuais clientes. Em 2013, Lulinha estava na delegação quando o clube conquistou a Copa do Brasil. Ele realizava trabalhos coletivos e individuais naquela campanha - Léo Moura e Renato Abreu foram alguns dos casos. Lulinha tem passagem pelo Fluminense, em 2009, e Palmeiras, em 2014, anos que os clubes brigaram para não cair.

Na gestão de Rodolfo Landim, o Flamengo consultou Lulinha para fazer parte da delegação. As partes chegaram a conversar, mas não houve um acordo - principalmente devido à agenda do preparador mental.

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Fonte: Globo Esporte